Saturday, February 2, 2013

Os dentes da cobiça - Por: Emerson Monteiro


Há inúmeras lendas que correm chão contando de Jesus e dos ensinos que semeou mundo afora. Uma delas, transmitida pelos dervixes, sábios do Oriente, fala de certa vez quando o Divino Mestre caminhava próximo a Jerusalém, seguido por pessoas ainda envoltas da cobiça, o interesse ganancioso pelas migalhas que caem das mesas dos senhores.

Essas pessoas insistiram para que lhes revelasse a palavra forte com que o Salvador levantara Lázaro da sepultura. Mas Jesus evitava falar nisso. Giravam os assuntos em planos diversos e, volta e meia, traziam à tona o mesmo tema, a Palavra que ressuscitava, dita nas oportunidades de reatar os laços das vidas que se foram nos planos da matéria.

O Mestre, no entanto, conduzia falas do jeito de ensinar a libertar para sempre e não só durante alguns passageiros anos os quais logo adiante se esfumam no correr das eras.

Os santos passos e a conversação seguiam sem, contudo, quererem atender aos mais ambiciosos que alimentavam o desejo da palavra santa, de trazer de novo os que a morte produzisse. De tanto insistirem, Jesus resolveu permitir que soubessem do termo que traz de volta os que morreram.

Calados durante o tempo restante da caminhada, andaram suficiente a que, no primeiro pretexto, escapassem noutra direção.

Na noite daquele dia, dormiram sono solto. Cedo da manhã seguinte, organizaram bagagens, traçaram o roteiro e seguiram viagem. Antes de esquentar o sol, trocavam opiniões quanto ao segredo que haviam recebido. Quais previstos pelo assunto trazido, avistaram uns restos de ossos espalhados nas areias ali perto. Viram, então, a ocasião indicada para experimentar o poder da fórmula obtida com tanto empenho na véspera.

O primeiro deles chegou junto dos restos do animal desaparecido e proferiu com força a Palavra maravilhosa.

Aos poucos, os ossos retomaram à estrutura original do bicho, que recebeu carne, peles, garras e o restante das partes que o compunham, naquilo reanimando fera agressiva e perigosa, que surpreendeu o grupo e devorou a todos, lição exemplar.  

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