A Polícia Civil do Acre apreendeu 223 kg de maconha em um seringal da reserva extrativista Chico Mendes, na zona rural de Rio Branco. A droga estava em várias fases de produção --sendo 80 kg já prontos para o consumo. A reserva Chico Mendes engloba sete municípios do Estado, entre eles Xapuri, cidade natal do líder ambientalista, assassinado em 1988. Também foram encontrados e incinerados no local 15 mil pés da erva.A filha de Chico Mendes, Elenira Mendes, disse que a apreensão da maconha no local é "lamentável e mancha a memória das pessoas que lutaram para constituir a reserva". Na operação, foram detidos dois lavradores e um adolescente, enteado de um deles. A maconha, produzida na propriedade da família há um ano, servia ao consumo da periferia de Rio Branco. A polícia ainda investiga quem eram os intermediários que compravam a maconha para revendê-la.
Os policiais chegaram à fazenda após quatro dias de expedição por dentro da floresta. Os integrantes do grupo percorreram estradas, navegaram e nadaram por rios e córregos e caminharam por nove horas em trilhas até chegar ao seringal Macapá, de plantio.
Segundo a polícia, estão sendo investigados outros focos de plantio de maconha dentro da área extrativista. O chefe da reserva, Sebastião Santos da Silva, disse que sabia da existência de rotas de passagem usadas pelo narcotráfico dentro da reserva, mas afirmou que foi uma surpresa a descoberta da produção dentro da área.
Ele contou que um recadastramento realizado nas propriedades em agosto do ano passado não detectou ilegalidades. Segundo Silva, é possível que a produção de maconha tenha se disseminado por terras vizinhas de onde houve a prisão e que serão feitas reuniões com a polícia para mapear novas situações irregulares.
RODRIGO VIZEU
da Agência Folha
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