Um dos personagens mais marcantes da história do nordeste sem dúvidas foi o cearense de Ipu, Delmiro Gouveia; abaixo trazemos um dos capítulos impressionantes da vida desse grande visionário e espetacular empreendedor.
Partimos de seu retorno da Europa, quando em Recife se apaixonou perdidamente pela bela Eulina.
Dali, Delmiro Gouveia realiza o sonho de ter Eulina e manda um cabra seqüestra-la em Recife e traze-la para Pedra. Naquela época foi acolhido pelas famílias Torres e Luna, a primeira, do lendário Barão de Água Branca, cuja viúva veria a ser em
Estabelecido comercialmente, retoma o negócio de peles e couros e viria novamente a se tornar um dos maiores empresários do nordeste; naquela época a localidade de Pedra recebia cerca de
Vislumbrando o potencial do Velho Chico e de Paulo Afonso, Gouveia em 1909, trouxe ao Brasil a missão Moore, americana; além de realizar contatos com as empresas Bromberg, do Rio de Janeiro, e W.R. Brand & Company, de Londres; ali encomendava projetos de eletrificação via rio São Francisco. Depois de ver o insucesso de sensibilizar o governador de Pernambuco, Gal. Dantas Barreto, para a empreitada da eletrificação de boa parte do estado e da região, acabaria redeuzindo o seu projeto inicial e mesmo assim, sendo o pioneiro na construção de usinas hidroelétricas, através da usina Angiquinho em 1913, com turbinas e geradores alemães e suíços, instalada num dos saltos da cachoeira de Paulo Afonso. A usina foi fundamental para o empreendimento de Delmiro Gouveia e os irmãos Rossbach, a Fábrica da Pedra; Cia. Agro Fabril Mercantil; unidade industrial que produzia linhas para costura, renda e bordados, da marca “Estrela”.
A fantástica Usina de Angiquinho, sonho e realidade de Delmiro Gouveia
Delmiro Gouveia viria a modificar inteiramente o cenário da antiga Pedra que logo se transformaria em uma próspera comunidade de mais de 250 casa e uma população de cerca de 5 mil pessoas. Já no primeiro ano de seu funcionamento, com uma produção entre 1.500 e 2.000 carretéis/dia, a unidade fabril chegou a empregar cerca de 800 operários, entre homens e mulheres, chegando a trabalhar três turnos diários. Já em 1916 Delmiro Gouveia começava a exportar para países da América Latina, ali a Companhia Agrofabril empregava 3.500 pessoas. Naquela época “se dizia que grande homem no sertão não havia quatro, só três: Lampião, na valentia; Padre Cícero, na grandeza de coração; e Delmiro, no trabalho”.
Delmiro Gouveia viria a ser o responsável por outras inusitadas inovações da modernidade para a outrora pequena vila da Pedra. O automóvel, que possuia cinco; o telégrafo, a máquina de gelo, o carrossel, a tipografia, bandas de música e até o cinema estariam entre as novidades do Midas do sertão.
A Companhia Agrofabril contruiu uma vila operária, a primeira do nordeste, onde Delmiro impunha normas e regras rígidas para seus moradores. Os cuidados e rigor para com a postura e o comportamento de todos muitas vezes era fiscalizado pelo próprio Gouveia. A disciplina, a higiene, o rigor com os horários, até o fato de cuspir no chão era motivo para que o transgressor fosse multado. O estudo dos meninos e meninas era acompanhado severamente, caso faltassem, os pais eram advertidos. Tamanho rigor acabou trazendo para seus funcionários o pânico com a simples presença do coronel da Pedra. Com referência a esse rigor vamos encontrar na obra de Mario de Andrade o curioso trecho: “Macunaíma (...) pensou em morar na cidade da Pedra com o enérgico Delmiro Gouveia, porém lhe faltou ânimo. Para viver lá, assim como tinha vivido era impossível”.
Por: Manoel Severo
cariricangaco.blogspot.com
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