Chocou a sociedade cearense o cruel assassinato da pequena Alanis pelas características do crime e do acusado, que agiu livremente e sendo foragido da Justiça. O caso da pequena Alanis chama a atenção para como andam desprotegidas a nossa sociedade e as nossas crianças, pois nem mais os locais sagrados são respeitados e os criminosos parecem ter a certeza de que não há punição nem na Terra e nem no céu. Estamos a refletir a que ponto chegamos em matéria de violência urbana, pois se um acusado foragido de Justiça consegue essa façanha e quase ficaria impune - se não fosse a repercussão na imprensa do caso - já que é público e notório que a maioria dos crimes contra a vida nem suspeitos há nos inquéritos policiais, em que locais poderemos nos reunir com nossos familiares e amigos em segurança?
Os presídios são verdadeiros chiqueiros e os presos ali reclusos vivem em estado desumano, mas estes sabiam disto e assumiram o risco ao irem à margem da lei. Não há registro de preso recuperado em alguma dessas unidades prisionais, pelo contrário, os índices de reincidências são alarmantes e é preciso fazer algo urgentemente. A lei é branda para os criminosos e eles não têm mais medo de punição, o que abre o debate para o que fazer com a escalada da violência urbana, já que comprovadamente a repressão policial não é capaz de ser onipresente no Estado. A vida perdeu o valor e os jovens de futuro brilhante enveredaram para o consumo das drogas e hoje são somente criminosos sem qualquer futuro.
Nós da Comissão dos Direitos Humanos da OAB-CE vamos trabalhar para mudar esse quadro dramático e assustador da violência no Ceará, inclusive sugerindo mudanças na lei para liberação de presos reincidentes. Estamos acompanhando o caso da pequena Alanis e seremos intransigentes na cobrança de punição exemplar e da garantia de que esse reiterado acusado não fuja novamente para repetir tamanha barbárie.
Fernando Ferrer
Conselheiro Estadual e Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-CE
Fonte: Jornal "O Povo"
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