Lembro-me que evento tão movimentado era a feira do Crato! No domingo à noite, os feirantes já colocavam sacos de feijão, na frente da calçada da casa onde eu morava, para a feira do dia seguinte. A economia do Crato dependia em grande parte dos produtos agrícolas. Os pequenos feirantes tiravam o sustento de suas famílias do resultado dessa feira semanal. Os proprietários das casas comerciais, graças ao aumento do fluxo de pessoas que vinham ao Crato, também se beneficiavam com a feira.
Era uma grande feira que se estendia por várias ruas do centro da cidade, pois naquela época não existia supermercados, só pequenas mercearias. Hoje a situação da feira é outra. Atualmente, embora tenha mudado de local, ainda serve de sustento para algumas poucas famílias e ponto de encontro dos moradores da zona rural. Além do mais, alguns produtos somente são encontrados na feira, como potes de barro, tamboretes, candeeiros e outras pequenas coisas.
No trecho da Rua Dr. João Pessoa onde eu morava, a minha euforia de criança era grande ao ver, já no domingo à noite, aqueles sacos de feijão empilhados sobre a minha calçada, pois sabia que com primos e primas íamos brincar em cima deles. A criatividade era grande, brincar de se esconder, ficar sentados enquanto uma prima nos contava histórias e muitas outras brincadeiras divertidas.
No outro quarteirão para lá da Praça Juarez Távora, chegando ao início da Rua Dr. João Pessoa, era a feira de barro. Era lá nesse trecho, que moravam minhas primas, que fizeram parte da minha infância. Na casa delas, muitos feirantes guardavam suas panelas de barros empilhadas no quintal para venderem na próxima feira. A mãe delas, por ser muito solidária, tinha a boa vontade de emprestar o quintal para os vendedores. Eu, na minha peraltice de criança, certa vez resolvi subir num pé de seriguela existente no quintal da casa das minhas primas, para logo em seguida cair, quebrando todas as panelas de barro que forravam o chão abaixo da árvore. Fiquei por alguns segundos sem fala, deixando todos nervosos e alvoroçados. Passado o susto maior, a gargalhada foi geral, porque eu na minha dificuldade de falar, a primeira coisa que disse foi: “Estou sem fala!” Depois desse sufoco, eu tive de ir para casa contar o que aconteceu ao meu pai e minha mãe, que além da preocupação com minha queda, tiveram que arcar com o prejuízo pagando aos pequenos comerciantes.
Na segunda-feira, logo ao amanhecer o dia, já se ouvia o barulho do pessoal arrumando as barracas para o início da feira. Ficava me distraindo vendo na parede do quarto, através da réstia do sol, pessoas se movimentando na rua. Imaginava estar assistindo um filme, devido às formas serem tão perfeitas. Era hora de me levantar para ir à aula e cumprir minhas tarefas de estudante. Quando voltasse, tinha a tarde toda, para me debruçar na janela da frente da casa e observar os transeuntes, porém antes tinha que fazer os deveres de casa.
A feira era o ponto de encontro do pessoal do campo que, além de fazer suas compras, aproveitavam para conversar. O dia era de animação para todos. Quando anoitecia os feirantes cansados, mas felizes desmontavam as barracas, varriam o local e deixavam em ordem. Tudo recomeçaria na próxima semana.
Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
Era uma grande feira que se estendia por várias ruas do centro da cidade, pois naquela época não existia supermercados, só pequenas mercearias. Hoje a situação da feira é outra. Atualmente, embora tenha mudado de local, ainda serve de sustento para algumas poucas famílias e ponto de encontro dos moradores da zona rural. Além do mais, alguns produtos somente são encontrados na feira, como potes de barro, tamboretes, candeeiros e outras pequenas coisas.
No trecho da Rua Dr. João Pessoa onde eu morava, a minha euforia de criança era grande ao ver, já no domingo à noite, aqueles sacos de feijão empilhados sobre a minha calçada, pois sabia que com primos e primas íamos brincar em cima deles. A criatividade era grande, brincar de se esconder, ficar sentados enquanto uma prima nos contava histórias e muitas outras brincadeiras divertidas.
No outro quarteirão para lá da Praça Juarez Távora, chegando ao início da Rua Dr. João Pessoa, era a feira de barro. Era lá nesse trecho, que moravam minhas primas, que fizeram parte da minha infância. Na casa delas, muitos feirantes guardavam suas panelas de barros empilhadas no quintal para venderem na próxima feira. A mãe delas, por ser muito solidária, tinha a boa vontade de emprestar o quintal para os vendedores. Eu, na minha peraltice de criança, certa vez resolvi subir num pé de seriguela existente no quintal da casa das minhas primas, para logo em seguida cair, quebrando todas as panelas de barro que forravam o chão abaixo da árvore. Fiquei por alguns segundos sem fala, deixando todos nervosos e alvoroçados. Passado o susto maior, a gargalhada foi geral, porque eu na minha dificuldade de falar, a primeira coisa que disse foi: “Estou sem fala!” Depois desse sufoco, eu tive de ir para casa contar o que aconteceu ao meu pai e minha mãe, que além da preocupação com minha queda, tiveram que arcar com o prejuízo pagando aos pequenos comerciantes.
Na segunda-feira, logo ao amanhecer o dia, já se ouvia o barulho do pessoal arrumando as barracas para o início da feira. Ficava me distraindo vendo na parede do quarto, através da réstia do sol, pessoas se movimentando na rua. Imaginava estar assistindo um filme, devido às formas serem tão perfeitas. Era hora de me levantar para ir à aula e cumprir minhas tarefas de estudante. Quando voltasse, tinha a tarde toda, para me debruçar na janela da frente da casa e observar os transeuntes, porém antes tinha que fazer os deveres de casa.
A feira era o ponto de encontro do pessoal do campo que, além de fazer suas compras, aproveitavam para conversar. O dia era de animação para todos. Quando anoitecia os feirantes cansados, mas felizes desmontavam as barracas, varriam o local e deixavam em ordem. Tudo recomeçaria na próxima semana.
Por Magali de Figueiredo Esmeraldo
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