M O N G A
- O Terrível -
Na véspera da Festa da Padroeira a meninada da cidade comemorou a chegada do parque de diversões com muita alegria.
Vendo aquele comboio de caminhões passar, transportando em cima dele um amontoado de peças coloridas, ninguém resistiu. Todos nós corremos atrás para ver o desembarque e a montagem daquilo que iria alegrar nossos sonhos Disney por algumas noites.
Para ter o direito de participar de tudo isso, fazia-se necessário conseguirmos patrocínio junto aos nossos queridos pais. Na prática, esse tipo de acordo era mais complicado do que o Plano de Paz entre palestinos e judeus. Não era fácil cumpri-lo, pois tínhamos que ir banhados, arrumados, não brigar com o irmão, administrar uma mesada de apenas três cruzeiros (dinheiro da época) e, obrigatoriamente possível, trazer o troco. Ou seja, essa missão era impossível até mesmo para os ganhadores do Nobel da Paz e da Economia!
Negociações à parte, a festa nos encantava por vários bons motivos. A animação começava com a chegada e levantamento do Pau da Bandeira. Esse enorme tronco era arrancado da mata virgem e carregado para a Praça da Matriz nas costas de quase cem homens... Claro, todos eles movidos pela fé na Padroeira e pelo efeito de muita cachaça braba!
Outro destaque dos festejos era a novena que a gente era obrigado a assistir. No entanto achávamos bonito ver o coroinha balançando o turíbulo e lançando no ar aquela fumaça cheirosa de incenso. Era um status de criança desejado por muitos de nós. Já as intermináveis ladainhas, geralmente rezadas somente pelas mulheres e o padre, elas nos faziam dormir.
Terminada a reza, todo mundo estava liberado para viver aquele mundo de luzes, cores e alegria que era o parque de diversões.
As moças também não perdiam a chance que essa ocasião lhes proporcionavam. Para incrementarem suas investidas amorosas - os chamados flertes - elas costumavam utilizar-se das amplificadoras instaladas em vários pontos do parque. Através desse som ambiente, as autoras (geralmente ocultas), mandavam declarações para seus pretendentes:
- “Esta música é de um alguém para outro alguém com muito amor e carinho.”;
- “A você que está de verde ouça esta música que lhe dedico com muito amor e paixão. Quem lhe oferece está de azul!”.
- “Moreno da Rua do Seminário, sei que tu não gostas mais de mim, mas continuo te amando. Assina: Morena da Vila Alta!”.
Quem era quem? Impossível saber!
Mais detalhes importantíssimos desse evento:
Lá por volta das dez da noite, sempre sob a coordenação dos Partidos Azul e Encarnado, era a vez do leilão paroquial, todo ele repleto de comidas gostosas.
Cobertas com papéis coloridos e anunciadas por divertidos leiloeiros, as galinhas assadas, por exemplo, exalavam no ar um cheiro gastronômico inconfundível.
A oferta dos bens arrematados era outra prática muito interessante nesses leilões. Quem os comprava, geralmente procurava oferecê-los a um amigo, parente, personalidade ou autoridade local. Claro, o animador da festa aproveitava a situação para fazer muita gozação e brincadeira entre as partes.
Para a criançada, no entanto (nessa época não tinha televisão) o que mais nos encantava era o mundo dos brinquedos e das guloseimas. E ele estava ali à nossa espera com trenzinho, patinhas, carrossel, roda gigante, canoas, pipoca, filhós, bombons, roletes e caldo de cana; cachorros quentes, algodão doce, amendoim assado, gelo raspado com calda de morango, quebra-queixo e tudo mais.
Esse ano, para delírio nosso, havia uma atração diferente anunciada pelo famoso Parque de Diversões Maia. Na fachada de um dos estandes, montado bem ao lado do carrossel, a figura aterrorizante de um enorme gorila, com seus dentes, unhas, pêlos e expressão de muita ferocidade, passou a mexer com a nossa imaginação e, acima de tudo, com o nosso medo.
Era o terrível M O N G A!
Para nós, assistir ao espetáculo da mulher se transformando nesse monstro, consistia num grande desafio! Era um dilema de fácil compreensão: de um lado estava o medo; do outro, nossa incontida curiosidade.
Os comentários das pessoas que assistiam a essa metamorfose eram sinistros. Em 80% dos casos eles passavam a ser auto-explicativos, ou seja, bastava ver a carreira que muita gente empreendia, de dentro para fora da casa, na hora da transformação do bicho!
Não resistimos!
Nossa turminha resolveu dar uma de “macho” indo assistir ao show. Confesso que minha “coragem” estava, acima de tudo, arrependida e estampada em minha cara.
Finalmente cada um comprou seu ingresso. Lá dentro a iluminação concentrava-se apenas na jaula. Por trás dessa frágil gaiola, ficava uma linda moça. Ela, a bela, que iria transforma-se na fera, vestia apenas um biquíni num estilo meio samba-canção. Por precaução instintiva, procuramos ficar próximo aos adultos. Eu, particularmente, antes do início das cenas, estudei previamente o roteiro da saída. Naquele momento jurei para mim mesmo que não era questão de medo... Ah! Essas juras...
De repente a cortina foi fechada dando vez a uma música aterrorizante.
Era o início da sessão!
Ao ouvir a voz cavernosa (sinistra) do apresentador, muita gente desistiu ali mesmo de presenciar a cena da transformação. Adultos e crianças que permaneceram no recinto, procuraram se juntar numa atitude inconsciente de proteção mútua.
E a metamorfose começou!
O corpo delicado da inocente mocinha passou a ser desfocado, lentamente. O narrador fez questão de dar ênfase a esse detalhe, e isso nos deixou ainda mais apreensivos.
No momento seguinte observei que as unhas dos pés e das mãos do já quase bicho iam assumindo formas maiores e grotescas. Sem perder a cena e com os olhos cada vez mais arregalados, ainda lembro que, nesse momento, busquei segurança agarrando-me às mãos de alguém que nem conhecia!
O narrador, na sua humorada experiência, investia cada vez mais no nosso medo! O destaque seguinte que ele passou a dar, foi em relação aos pêlos e tamanho da criatura. Agigantada (acho que uns dois metros), ela já estava bem próxima de virar definitivamente o ameaçador MONGA!
Se alguém tivesse filmado as expressões e medido a pulsação da platéia naquele momento, o resultado iria mostrar rostos apavorados, corpos híspidos e “baticuns” dos corações a mil por hora...
Como tática da trama, derepente a música parou e transformação se completou!
... Naquele instante, por conta do medo, o silêncio imperou em todos nós. Perdemos também os comandos da fala. Nossas pestanas, braços e pernas, ficaram tesas. Estávamos estáticos diante da descomunalidade do animal!
Ficamos assim: fera e homens se olhando, olho no olho, por um minuto que mais parecia uma eternidade...
O narrador, investindo no nosso pavor, passou a descrever o brutal com mais sensacionalismo.
A princípio ele pediu para que ninguém tivesse medo, pois a jaula era suficientemente forte para aguentar os possíveis solavancos do bicho, caso ele viesse a ficar enfurecido.
Ninguém acreditou... Principalmente eu!
E a descrição macabra continuou!
Nesse ínterim, MONGA deu uma espécie de grunhido e começou a sacolejar as barras de ferro da porta da jaula. O grito da platéia foi mais alto do que a zoada do animal. Nesse exato momento mais uma leva de assistentes saiu correndo para fora da casa de espetáculo com medo do monstro.
Novamente o locutor entrou em cena pedindo, de uma forma “desesperada”, calma ao terrível macaco.
A certa altura não teve mais jeito!
Cada vez mais enraivecido, o gorila findou quebrando o cadeado da jaula e, enlouquecido, partiu para cima do público.
Nessa hora aconteceu de tudo na sala da assistência: as mulheres gritaram histericamente. Alguns homens, assumindo o medo e outras coisas mais, deram até gritinhos de pavor. De uma forma geral, quem permaneceu ali ficou acuado no fundo da saleta.
No nosso caso (éramos cinco pirralhos), aconteceu o previsível, porém de forma espetacular! Contrariando as leis da física, ainda hoje não sabemos explicar de que maneira conseguimos passar, todos de uma só vez, por aquela porta de saída com aproximadamente um metro de largura. Lá fora a debandada foi em leque, ou seja, cada um escapando para um lado diferente. Acho que, de tão rápidos, findamos superando os recordes olímpicos mundiais nas categorias de cem e duzentos metros de distância com barreiras, isto porque, em segundos, atravessamos toda a praça pulando por cima de tudo que era tabuleta de venda existente na nossa frente... Nem nossas sombras esperaram por nós. Mas o pior, aquilo que mais queríamos evitar, o temor maior, a humilhação, por assim dizer, contra nós, “cabras machos”, aconteceu de maneira implacável: a turma da vaia, que do lado de fora vivia à espera desses momentos, foi à loucura deliciando-se com o nosso vexame e caras de pavor. Minutos depois nos reencontramos (todos pálidos de susto) num ponto bem distante daquele tenebroso local.
Em casa custei a dormir. Apavorado, enfrentei altas temperaturas embaixo do lençol, suando feito tampa de panela, até ser vencido pelo sono. Acredito que com a turminha não deve ter sido nada diferente. Medo igual àquele jamais havíamos passado.
A festa acabou.
Aquele parque colorido seguiu viagem mundo afora, encantando e assustando novas crianças e adultos. Ainda hoje comentamos o episódio que, apesar de tudo, fez-nos criar um carinho especial por MONGA. Ele continua sendo uma lenda viva em nossas mentes. Vez por outra, ao ver aquele cenário montado nas festividades populares de muitas cidades, meu pensamento reinicia uma viagem rumo ao tempo da inocência e da felicidade. Até hoje faço absoluta questão de não saber como funciona o segredo dessa transformação. Não quero permitir a mim mesmo a perda dessa saudável inocência.
MONGA, para todos nós que passamos aquele sufoco, continua sendo um grande ídolo que, embora horrendo, não atormenta mais as nossas almas.
Com o tempo, aprendemos que, os verdadeiros monstros de nossas vidas estão hoje vivos nas peles dos nossos falsos líderes; nas vozes dos religiosos mercantis, no nosso desrespeito mútuo e, acima de tudo, na nossa falta de temor a Deus.
Vendo aquele comboio de caminhões passar, transportando em cima dele um amontoado de peças coloridas, ninguém resistiu. Todos nós corremos atrás para ver o desembarque e a montagem daquilo que iria alegrar nossos sonhos Disney por algumas noites.
Para ter o direito de participar de tudo isso, fazia-se necessário conseguirmos patrocínio junto aos nossos queridos pais. Na prática, esse tipo de acordo era mais complicado do que o Plano de Paz entre palestinos e judeus. Não era fácil cumpri-lo, pois tínhamos que ir banhados, arrumados, não brigar com o irmão, administrar uma mesada de apenas três cruzeiros (dinheiro da época) e, obrigatoriamente possível, trazer o troco. Ou seja, essa missão era impossível até mesmo para os ganhadores do Nobel da Paz e da Economia!
Negociações à parte, a festa nos encantava por vários bons motivos. A animação começava com a chegada e levantamento do Pau da Bandeira. Esse enorme tronco era arrancado da mata virgem e carregado para a Praça da Matriz nas costas de quase cem homens... Claro, todos eles movidos pela fé na Padroeira e pelo efeito de muita cachaça braba!
Outro destaque dos festejos era a novena que a gente era obrigado a assistir. No entanto achávamos bonito ver o coroinha balançando o turíbulo e lançando no ar aquela fumaça cheirosa de incenso. Era um status de criança desejado por muitos de nós. Já as intermináveis ladainhas, geralmente rezadas somente pelas mulheres e o padre, elas nos faziam dormir.
Terminada a reza, todo mundo estava liberado para viver aquele mundo de luzes, cores e alegria que era o parque de diversões.
As moças também não perdiam a chance que essa ocasião lhes proporcionavam. Para incrementarem suas investidas amorosas - os chamados flertes - elas costumavam utilizar-se das amplificadoras instaladas em vários pontos do parque. Através desse som ambiente, as autoras (geralmente ocultas), mandavam declarações para seus pretendentes:
- “Esta música é de um alguém para outro alguém com muito amor e carinho.”;
- “A você que está de verde ouça esta música que lhe dedico com muito amor e paixão. Quem lhe oferece está de azul!”.
- “Moreno da Rua do Seminário, sei que tu não gostas mais de mim, mas continuo te amando. Assina: Morena da Vila Alta!”.
Quem era quem? Impossível saber!
Mais detalhes importantíssimos desse evento:
Lá por volta das dez da noite, sempre sob a coordenação dos Partidos Azul e Encarnado, era a vez do leilão paroquial, todo ele repleto de comidas gostosas.
Cobertas com papéis coloridos e anunciadas por divertidos leiloeiros, as galinhas assadas, por exemplo, exalavam no ar um cheiro gastronômico inconfundível.
A oferta dos bens arrematados era outra prática muito interessante nesses leilões. Quem os comprava, geralmente procurava oferecê-los a um amigo, parente, personalidade ou autoridade local. Claro, o animador da festa aproveitava a situação para fazer muita gozação e brincadeira entre as partes.
Para a criançada, no entanto (nessa época não tinha televisão) o que mais nos encantava era o mundo dos brinquedos e das guloseimas. E ele estava ali à nossa espera com trenzinho, patinhas, carrossel, roda gigante, canoas, pipoca, filhós, bombons, roletes e caldo de cana; cachorros quentes, algodão doce, amendoim assado, gelo raspado com calda de morango, quebra-queixo e tudo mais.
Esse ano, para delírio nosso, havia uma atração diferente anunciada pelo famoso Parque de Diversões Maia. Na fachada de um dos estandes, montado bem ao lado do carrossel, a figura aterrorizante de um enorme gorila, com seus dentes, unhas, pêlos e expressão de muita ferocidade, passou a mexer com a nossa imaginação e, acima de tudo, com o nosso medo.
Era o terrível M O N G A!
Para nós, assistir ao espetáculo da mulher se transformando nesse monstro, consistia num grande desafio! Era um dilema de fácil compreensão: de um lado estava o medo; do outro, nossa incontida curiosidade.
Os comentários das pessoas que assistiam a essa metamorfose eram sinistros. Em 80% dos casos eles passavam a ser auto-explicativos, ou seja, bastava ver a carreira que muita gente empreendia, de dentro para fora da casa, na hora da transformação do bicho!
Não resistimos!
Nossa turminha resolveu dar uma de “macho” indo assistir ao show. Confesso que minha “coragem” estava, acima de tudo, arrependida e estampada em minha cara.
Finalmente cada um comprou seu ingresso. Lá dentro a iluminação concentrava-se apenas na jaula. Por trás dessa frágil gaiola, ficava uma linda moça. Ela, a bela, que iria transforma-se na fera, vestia apenas um biquíni num estilo meio samba-canção. Por precaução instintiva, procuramos ficar próximo aos adultos. Eu, particularmente, antes do início das cenas, estudei previamente o roteiro da saída. Naquele momento jurei para mim mesmo que não era questão de medo... Ah! Essas juras...
De repente a cortina foi fechada dando vez a uma música aterrorizante.
Era o início da sessão!
Ao ouvir a voz cavernosa (sinistra) do apresentador, muita gente desistiu ali mesmo de presenciar a cena da transformação. Adultos e crianças que permaneceram no recinto, procuraram se juntar numa atitude inconsciente de proteção mútua.
E a metamorfose começou!
O corpo delicado da inocente mocinha passou a ser desfocado, lentamente. O narrador fez questão de dar ênfase a esse detalhe, e isso nos deixou ainda mais apreensivos.
No momento seguinte observei que as unhas dos pés e das mãos do já quase bicho iam assumindo formas maiores e grotescas. Sem perder a cena e com os olhos cada vez mais arregalados, ainda lembro que, nesse momento, busquei segurança agarrando-me às mãos de alguém que nem conhecia!
O narrador, na sua humorada experiência, investia cada vez mais no nosso medo! O destaque seguinte que ele passou a dar, foi em relação aos pêlos e tamanho da criatura. Agigantada (acho que uns dois metros), ela já estava bem próxima de virar definitivamente o ameaçador MONGA!
Se alguém tivesse filmado as expressões e medido a pulsação da platéia naquele momento, o resultado iria mostrar rostos apavorados, corpos híspidos e “baticuns” dos corações a mil por hora...
Como tática da trama, derepente a música parou e transformação se completou!
... Naquele instante, por conta do medo, o silêncio imperou em todos nós. Perdemos também os comandos da fala. Nossas pestanas, braços e pernas, ficaram tesas. Estávamos estáticos diante da descomunalidade do animal!
Ficamos assim: fera e homens se olhando, olho no olho, por um minuto que mais parecia uma eternidade...
O narrador, investindo no nosso pavor, passou a descrever o brutal com mais sensacionalismo.
A princípio ele pediu para que ninguém tivesse medo, pois a jaula era suficientemente forte para aguentar os possíveis solavancos do bicho, caso ele viesse a ficar enfurecido.
Ninguém acreditou... Principalmente eu!
E a descrição macabra continuou!
Nesse ínterim, MONGA deu uma espécie de grunhido e começou a sacolejar as barras de ferro da porta da jaula. O grito da platéia foi mais alto do que a zoada do animal. Nesse exato momento mais uma leva de assistentes saiu correndo para fora da casa de espetáculo com medo do monstro.
Novamente o locutor entrou em cena pedindo, de uma forma “desesperada”, calma ao terrível macaco.
A certa altura não teve mais jeito!
Cada vez mais enraivecido, o gorila findou quebrando o cadeado da jaula e, enlouquecido, partiu para cima do público.
Nessa hora aconteceu de tudo na sala da assistência: as mulheres gritaram histericamente. Alguns homens, assumindo o medo e outras coisas mais, deram até gritinhos de pavor. De uma forma geral, quem permaneceu ali ficou acuado no fundo da saleta.
No nosso caso (éramos cinco pirralhos), aconteceu o previsível, porém de forma espetacular! Contrariando as leis da física, ainda hoje não sabemos explicar de que maneira conseguimos passar, todos de uma só vez, por aquela porta de saída com aproximadamente um metro de largura. Lá fora a debandada foi em leque, ou seja, cada um escapando para um lado diferente. Acho que, de tão rápidos, findamos superando os recordes olímpicos mundiais nas categorias de cem e duzentos metros de distância com barreiras, isto porque, em segundos, atravessamos toda a praça pulando por cima de tudo que era tabuleta de venda existente na nossa frente... Nem nossas sombras esperaram por nós. Mas o pior, aquilo que mais queríamos evitar, o temor maior, a humilhação, por assim dizer, contra nós, “cabras machos”, aconteceu de maneira implacável: a turma da vaia, que do lado de fora vivia à espera desses momentos, foi à loucura deliciando-se com o nosso vexame e caras de pavor. Minutos depois nos reencontramos (todos pálidos de susto) num ponto bem distante daquele tenebroso local.
Em casa custei a dormir. Apavorado, enfrentei altas temperaturas embaixo do lençol, suando feito tampa de panela, até ser vencido pelo sono. Acredito que com a turminha não deve ter sido nada diferente. Medo igual àquele jamais havíamos passado.
A festa acabou.
Aquele parque colorido seguiu viagem mundo afora, encantando e assustando novas crianças e adultos. Ainda hoje comentamos o episódio que, apesar de tudo, fez-nos criar um carinho especial por MONGA. Ele continua sendo uma lenda viva em nossas mentes. Vez por outra, ao ver aquele cenário montado nas festividades populares de muitas cidades, meu pensamento reinicia uma viagem rumo ao tempo da inocência e da felicidade. Até hoje faço absoluta questão de não saber como funciona o segredo dessa transformação. Não quero permitir a mim mesmo a perda dessa saudável inocência.
MONGA, para todos nós que passamos aquele sufoco, continua sendo um grande ídolo que, embora horrendo, não atormenta mais as nossas almas.
Com o tempo, aprendemos que, os verdadeiros monstros de nossas vidas estão hoje vivos nas peles dos nossos falsos líderes; nas vozes dos religiosos mercantis, no nosso desrespeito mútuo e, acima de tudo, na nossa falta de temor a Deus.
Caros leitores, uma salva de palmas para MONGA, ele merece!
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