Tuesday, October 27, 2009

DOS BASTIDORES DAS ELEIÇÕES 2008. PORQUE O PV. - Por: Valdetário Siebra

Nota do Editor - O Ilustre Dr.Valdetário Siebra revela fatos desconhecidos do grande público sobre os bastidores da eleição do Crato de 2008, num artigo contundente, que vale a pena ler e debater!

Em 2008 eu já não tinha a menor dúvida sobre o caráter do Amadeu. A máscara dele ruira. Aquele discursinho não me pegaria mais, e ele sabia disso. A missão dele em 2008 foi muito delicada, para não me reportar ao cheiro da mesma. A trama que ele nega de pés juntos foi traçada em Fortaleza pela trupe da DS. As peças do quebra-cabeça se encaixam tão bem que fica impossível negar os fatos. Vamos primeiro ao cenário político do ano passado.

Nós petistas sabíamos que nas capitais as nossas chances de fazer prefeito só existiam no primeiro turno da eleição. Fortaleza não era exceção. A DS também sabia que se não vencesse a disputa logo no primeiro turno a vaca iria pro brejo. Desse modo eles trataram de fazer o maior leque possível de apoio à reeleição da prefeita. Quando da conversa com o PV ficou acertado, entre outros acordos, que o PT do Crato não teria candidatura própria bem como apoiaria o PV local. Fechado esse acordo o soldado da DS com praça no Crato foi chamado por seus superiores e recebeu a missão de derrubar aqui a tese da candidatura própria. Ele sabia que era uma missão quase impossível, até porque, pra dificultar a tarefa, o André Barreto teria que se vestir de vermelho. O Amadeu sabendo que não me convenceria a desistir da tese da candidatura própria e sabendo que eu era a pessoa mais interessada nesta tese, achou por bem usar munição pesada para cumprir sua difícil tarefa. Sabia também que sozinho era impossível vencer, daí ter que convocar seus subalternos, alimentar-lhes alguns sonhos e vencer a batalha, não importando a que preço.

Em fevereiro de 2008 o PT do Crato realizou um encontro municipal nas dependências do Instituto Cultural do Cariri (ICC). No encontro eu fui escolhido, por aclamação, pré-candidato do PT a prefeito do Crato. É verdade que outros companheiros também colocaram os seus nomes para avaliação da platéia. No intervalo do encontro, o Amadeu chegou pra mim e propôs que fizéssemos um acordo. A proposta era que saíssemos do encontro com o meu nome escolhido para ser o candidato a prefeito, desde que eu aceitasse apoiar outro partido caso o nosso nome não apresentasse, quando estivéssemos mais próximo do pleito, viabilidade eleitoral. Aceitei a proposta da DS na condição de que todos nós saíssemos do encontro com o compromisso de divulgar o nosso nome. Assim sai pré-candidato. No sábado seguinte, o Amadeu foi dar uma entrevista no noticiário do Vicelmo. Ao final da entrevista, o Amadeu foi indagado sobre como andava o PT em relação ao pleito municipal que se aproximava. Esta era uma boa oportunidade dele dizer que o Partido já escolhera um pré-candidato, Dr. Valdetário, que estávamos unidos em
torno deste nome e tal e tale tal. Nada disso ele fez. Não citou o meu nome, não citou o nome do PT e se lambuzou com elogios para o André Barreto e o PV, deixando muito claro que o PT naquele ano, diferentemente dos anteriores, não teria candidatura própria.

Fiquei muito decepcionado com esta atitude do Amadeu. Aliás, foi este gesto que definitivamente me convenceu de que ele estava rendido aos caprichos e interesses do grupo da capital. Neste mesmo sábado houve uma reunião do Diretório Municipal do PT Crato, eu estava muito furioso com atitude do Amadeu e resolvi não participar da referida reunião. Nesta mesma tarde recebo um telefonema do companheiro Inácio me convidando para a reunião que já estava começando. Falei pro Inácio sobre a entrevista do Amadeu e disse que estava muito puto com o mesmo, disse ainda que não iria pra reunião uma vez que achava mais prudente evitar o contato com ele. Neste momento da conversa o Inácio passa o telefone para o Amadeu e ele, como se nada tivesse feito de errado, diz: “E aí companheiro, tudo bem?” no que eu respondi: “Tudo bem uma ova, cara! Tu faz o que faz e ainda vem me perguntar se ta tudo bem?!” Ele, sinicamente, me perguntou: “O que foi que eu fiz?” Aí eu falei sobre a entrevista, reclamei dele não falado no nosso nome, de não ter citado o PT e de ter inundado de florzinhas o palanque do André Barreto, foi então que ele, sem a menor sensatez, saiu com esta outra “pérola”:”Desculpe aí companheiro, EU ME ESQUECI”. Pode uma pessoa viver esquecendo tudo?

A sondagem inicial que ele fazia era me perguntando se daqueles pré-candidatos que se apresentavam, qual era o que dava pra gente conversar. Eu sempre dizia que apenas o do PV, mas na condição de vice na nossa chapa, nunca com ele na cabeça. Percebendo que seria difícil me dobrar, ele partiu para métodos de guerrilha. Juntou-se com alguns dos comandados e armou a tacada. A artilharia foi pesada. Juntou-se à Mara prometendo-lhe a eleição para a Câmara, esta logo tratou de inventar estórias sobre minha pessoa. A pior delas foi de que eu não poderia ser mais o candidato a prefeito porque eu estava com um processo na justiça por erro médico. Foi logo assim, tentando destruir o nosso projeto político e aniquilar minha vida profissional. Depois, aos prantos ela disse está arrependida e que lamentava pelo comentário infeliz. Mas aí ela já tinha ajudado a fazer a lambança e fora paga com a moeda prometida: uma vaga na Câmara. Em outra frente, o Amadeu inventou que eu estava interessado em ser o vice do Roque. Até aquele momento eu nunca tinha conversado com o deputado Roque. O meu projeto maior era manter unido o palanque que elegeu o governador Cid. Sempre disse que um terceiro palanque seria aumentar as chances de reeleição do Samuel. Fizemos inclusive faixas com esses dizeres. Mas de nada valeu. A dupla armada na defesa dos seus interesses mentiu descaradamente para os nossos filiados. Diziam que o PT não tinha voto. Que o André estava melhor posicionado nas pesquisas. Que agora que o PT ganhou a Presidência da República e tem participação importante no governo do estado a gente teria que melhor avaliar a possibilidade de candidatura própria. Um verdadeiro festival de mentiras. Algumas delas francamente contraditórias. Eu dizia das
nossas chances. Falava de uma pesquisa que apontava que 68% da população do Cariri diziam votar no candidato do Lula e que este era o nosso momento. Alertei várias vezes que a gente não tinha nada a ganhar com o apoio ao candidato do PV. Disse que era um erro a gente fortalecer lideranças que não guardavam semelhanças com as nossas lutas. Falei da nossa luta maior em 2010. Alertei que o PV não apoiaria a PT em 2010. Nada disso foi ouvido. O importante era o
Amadeu conseguir realizar sua obra e conseguir manter-se no INCRA. O resto (leia-se PT) que se exploda.

Todos os meus argumentos hoje estão sendo comprovados. Eu sempre estive melhor colocado nas pesquisas que o André. A prova disso é que quando fui candidato em 2004, numa eleição muito mais concorrida, a primeira pesquisa do IBOPE apontava um empate técnico entre eu, Roque e Samuel, respectivamente com 13, 17 e 19% das intenções de voto; um empate técnico no segundo pelotão, agrupamento este do qual saiu o prefeito. Já o André, numa eleição muito menos disputada, saiu com 10% das intenções; e embora o Amadeu negue, o resultado eleitoral foi decepcionante. Foi comparável a uma corrida entre somente dois competidores, sendo que um deles foi tão lerdo que consegui chegar em terceiro lugar.

Confirmando a tese de que as chances do PT vencer nas capitais só existiam no primeiro turno, o nosso Partido foi para o segundo turno em 7 capitais e não venceu em nenhuma. E pra confirmar o que eu alertava sobre o comportamento do PV em 2010, eles conseguiram levar a Marina Silva pro lado deles e estão prometendo lançá-la candidata em 2010, uma tática que cai como uma luva a vestir os interesses tucanos. Seja sincero, você acha que se o André fosse eleito em 2008 ele estaria apoiando o Lula (o que ele nunca fez) agora em 2010? Só se engana quem gosta... ou quem tem interesses inconfessáveis. A gente tem que livrar o PT dos riscos do presente e do futuro.

Confirmando a tese de que a gente tinha chance sim de vencer a eleição de 2008, o nosso candidato, José Leite, de Barbalha havia 20 anos que morava fora do município, começou a campanha com apenas 6% das intenções de voto e conseguiu vencer o pleito. Ironicamente, o maior apoiador da candidatura do PSDB aqui no Crato, na eleição passada, chama-se Raimundo Amadeu de Freitas, que com sua estratégia “paraguaia” conseguiu levar o Samuel pra prefeitura e o PT pro brejo. Você quer que isso se repita?

Este é o verdadeiro Amadeu que vem comandando o PT do Crato nas últimas décadas. E vem conseguindo se perpetuar no poder porque conseguiu preservar da sua juventude o dom artístico de encenar e iludir as pessoas que ficam ao seu entorno.

PS: Existem outras tantas “confidências” sobre o Amadeu, mas é que o texto já está muito longo e tornando-se cansativo. Estou próximo do final; mas gostaria de me alongar um pouquinho apenas para dizer que não escrevo estas “memórias” com a finalidade de falar do Amadeu; mas com o único intuito de mostrar aos petistas do Crato um pouco do Amadeu que muitos desconhecem.

Por: Valdetário Siebra

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