Monumento à libertação dos escravos - Redenção, Ceará
A província do Ceará foi a primeira do Brasil a abolir a escravidão da raça negra. Este episódio histórico, que ainda hoje nos enche de orgulho, levou José do Patrocínio, durante uma conferência, em favor da abolição, a denominar o Ceará de "Terra da Luz, Berço da Liberdade ". Como Terra da Luz ficou sendo conhecido o Ceará.
Isto prova que parcela da sociedade brasileira de então também entendia que a escravidão se constituía numa gritante injustiça. No Cariri cearense, consoante tradição, os escravos – na sua maioria – não sofriam a opressão e impiedade, como gemiam seus irmãos de raça nos cativeiros de outras províncias. Talvez por não existir aqui uma elite econômica ( como ocorria em Pernambuco, Bahia, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, dentre outros ). Na região do Cariri, os escravos (existiam as excessões, é claro) eram quase "gente da família". Esses negros compartilhavam - com humildade e submissão - os acontecimentos alegres e tristes dos seus senhores.
Mesmo assim no último quartel do século XIX já se registravam no Ceará campanhas contra a escravidão. Não tiveram os cearenses igual a paciência e prudência do Imperador Dom Pedro II e da Princesa Isabel...
Sociedades anti-escravistas foram surgindo com a adesão de pessoas de todas as categorias sociais da província. Uma delas, a Sociedade Perseverança e Porvir tinha entre seus membros Antônio Soares Teixeira Júnior, Francisco Araújo, Antônio Martins, Manoel Albano Filho, José Amaral, José Teodorico da Costa, Antônio Cruz Saldanha, Alfredo Salgado, Joaquim José de Oliveira e José Barros da Silva. Em 1880 foi fundada a Sociedade Libertadora Cearense com 225 sócios. Nessa sociedade militavam João Cordeiro, Frederico Borges, Antônio Bezerra, Almino Tavares Afonso, Isaac Amaral e o cratense José Marrocos, que mais tarde ganharia notoriedade por defender o Padre Cícero no episódio que se convencionou chamar "Milagre da Hóstia".
Em janeiro de 1881, o jangadeiro Francisco José do Nascimento afirmou que no porto do Ceará não embarcariam mais escravos. Por esse gesto passou à história como o "Dragão do Mar". Essa determinação foi cumprida. Em agosto daquele ano os jangadeiros impediram o embarque, no vapor Espírito Santo, de duas escravas, apesar da presença do Chefe de Polícia, Dr. Torquato Viana, que tentava coagir os humildes homens do mar a obedecer à lei. O fato é que no tumulto "polícia versus jangadeiros", o abolicionista José Carlos Silva Jataí desapareceu com as duas negras, livrando-as do embarque.
Em 1882 surgiu a mais influente sociedade, o Centro Abolicionista 25 de dezembro, que entre seus membros contava com o conhecido historiador cearense Barão de Studart. A partir daí a campanha abolicionista foi num crescendo. No dia 1º de janeiro de 1883, Acarape foi o primeiro município cearense a libertar seus escravos. Por isso o município mudou de nome e passou a chamar-se Redenção. Finalmente no dia 25 de março de 1884 foi abolida a escravidão em toda a província do Ceará. O número de negros libertos, naquela data, totalizou 35.508.
Isto prova que parcela da sociedade brasileira de então também entendia que a escravidão se constituía numa gritante injustiça. No Cariri cearense, consoante tradição, os escravos – na sua maioria – não sofriam a opressão e impiedade, como gemiam seus irmãos de raça nos cativeiros de outras províncias. Talvez por não existir aqui uma elite econômica ( como ocorria em Pernambuco, Bahia, Minas, Rio de Janeiro, São Paulo, dentre outros ). Na região do Cariri, os escravos (existiam as excessões, é claro) eram quase "gente da família". Esses negros compartilhavam - com humildade e submissão - os acontecimentos alegres e tristes dos seus senhores.
Mesmo assim no último quartel do século XIX já se registravam no Ceará campanhas contra a escravidão. Não tiveram os cearenses igual a paciência e prudência do Imperador Dom Pedro II e da Princesa Isabel...
Sociedades anti-escravistas foram surgindo com a adesão de pessoas de todas as categorias sociais da província. Uma delas, a Sociedade Perseverança e Porvir tinha entre seus membros Antônio Soares Teixeira Júnior, Francisco Araújo, Antônio Martins, Manoel Albano Filho, José Amaral, José Teodorico da Costa, Antônio Cruz Saldanha, Alfredo Salgado, Joaquim José de Oliveira e José Barros da Silva. Em 1880 foi fundada a Sociedade Libertadora Cearense com 225 sócios. Nessa sociedade militavam João Cordeiro, Frederico Borges, Antônio Bezerra, Almino Tavares Afonso, Isaac Amaral e o cratense José Marrocos, que mais tarde ganharia notoriedade por defender o Padre Cícero no episódio que se convencionou chamar "Milagre da Hóstia".
Em janeiro de 1881, o jangadeiro Francisco José do Nascimento afirmou que no porto do Ceará não embarcariam mais escravos. Por esse gesto passou à história como o "Dragão do Mar". Essa determinação foi cumprida. Em agosto daquele ano os jangadeiros impediram o embarque, no vapor Espírito Santo, de duas escravas, apesar da presença do Chefe de Polícia, Dr. Torquato Viana, que tentava coagir os humildes homens do mar a obedecer à lei. O fato é que no tumulto "polícia versus jangadeiros", o abolicionista José Carlos Silva Jataí desapareceu com as duas negras, livrando-as do embarque.
Em 1882 surgiu a mais influente sociedade, o Centro Abolicionista 25 de dezembro, que entre seus membros contava com o conhecido historiador cearense Barão de Studart. A partir daí a campanha abolicionista foi num crescendo. No dia 1º de janeiro de 1883, Acarape foi o primeiro município cearense a libertar seus escravos. Por isso o município mudou de nome e passou a chamar-se Redenção. Finalmente no dia 25 de março de 1884 foi abolida a escravidão em toda a província do Ceará. O número de negros libertos, naquela data, totalizou 35.508.
Isso quatro anos e dois meses antes da Lei Áurea, aprovada a duras penas pelo Parlamento do Império, depois de intensas negociações da Princesa Regente Isabel. Ela tomou essa decisão final em nome de Dom Pedro II e no seu próprio, como legítima representante do povo brasileiro.
A Princesa Isabel afirmou, dias depois de ter assinado a Lei áurea, ter pressentindo que a libertação da raça negra poderia representar a queda da Monarquia.
O tempo provou que ela tinha razão...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael
A Princesa Isabel afirmou, dias depois de ter assinado a Lei áurea, ter pressentindo que a libertação da raça negra poderia representar a queda da Monarquia.
O tempo provou que ela tinha razão...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael
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