Thursday, October 29, 2009

Governo Federal faz homenagem à Beata Maria de Araújo - por Armando Rafael




Uma placa de bronze em homenagem à beata Maria de Araújo será aposta nesta sexta-feira, dia 30, no prédio da ECT - Empresa dos Correios e Telégrafos, localizada na Rua da Conceição, centro de Juazeiro do Norte. Naquele prédio, no século XIX e início do século XX, existia uma humilde casa de taipa, na qual nasceu – em 23 de maio de 1863 – Maria Magdalena do Espírito Santo Araújo, que passaria à história como a Beata Maria de Araújo.
Ela foi protagonista do episódio que ficou conhecido como “Milagre da Hóstia”, ocorrido a partir de 1º de março de 1889 e que, à época, foi condenado pelo Bispo do Ceará, Dom Joaquim José Vieira, como sendo “prodígios vãos e supersticiosos”.
Por conta disso, a Beata Maria de Araújo sofreu imensa discriminação (ainda hoje sofre) por parte de segmentos do clero cearense, que alegava sua condição de ser mulher, negra e analfabeta.
Mas, com o passar do tempo, Maria de Araújo foi tema do 2º Simpósio Internacional realizado pela Universidade Regional do Cariri (em 1989) e é figura central de vários livros (ex: "Maria de Araújo, a beata de Juazeiro”, monografia de mestrado da psicóloga Maria do Carmo Pagan Forti; “Maria de Araújo, a beata do milagre de Juazeiro”, do professor universitário e historiador Daniel Walker; “A Mulher sem Túmulo”, romance da escritora Nilze Costa e Silva; “As Beatas do Padre Cícero” monografia de pós-graduação da antropóloga brasiliense, Renata Marinha Paz, dentre outros).
A Beata Maria de Araújo faleceu em 1914, durante o cerco que a Polícia Militar do Ceará fazia a Juazeiro do Norte, vítima – segundo depoimentos de pessoas que a conheceram – de câncer de mama, o qual durante meses trouxe grandes dores à protagonista do episódio em que a hóstia teria virado sangue em 1889, ano do golpe militar (o primeiro de uma série que viria a ocorrer no Brasil) que implantou a República em nosso país.
Em pronunciamento feito no Congresso Nacional, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) sintetizou a participação da Beata Maria de Araújo na história de Juazeiro do Norte:
“Em Juazeiro, a partir do dia 1o. de março de 1889, um ano após a terrível seca, durante 47 dias, um acontecimento extraordinário iria repetir-se. O Padre Cícero ao dar a comunhão na boca da Beata Maria de Araújo, uma humilde camponesa, descendente de caboclos da região, vê a hóstia consagrada transformar-se em sangue. Para o povo do sertão, marcado por tantas misérias e dores, o filho de Deus se lembrara dos miseráveis e dera um sinal de um novo tempo. O padre Cícero era agora, para o povo, o verdadeiro mensageiro de Deus e a beata Maria de Araújo uma santa. Começam as romarias para Juazeiro, o lugar sagrado, a "terra sem Mal" de Badzé, o "País de São Saruê" dos cantadores, a "Nova Jerusalém" bíblica”.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

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