O terceiro dia do cerco de forças policiais e militares a traficantes no Complexo do Alemão foi marcado por intenso tiroteio e promessas de invasão. Pela manhã, a polícia deu um ultimato para que os traficantes se entregassem antes que as forças policiais ocupassem o Alemão. O efetivo continua de prontidão para a entrada na comunidade.
Pouco depois das 17h, uma casa na Estrada do Itararé pegou fogo, após ser atingida por tiros disparados por traficantes, que reagiram a investidas da polícia. A casa fica a poucos metros de onde está instalado o comando-geral das tropas, no principal acesso ao Complexo do Alemão. Às 18h15 a estrada foi fechada pela Polícia Militar - somente policiais têm autorização para circular na área. Por volta das 20h, os disparos recomeçaram, e perto das 22h houve nova troca tiros. O clima é tenso na região. No entorno, há intensa a movimentação de carros da polícia e do Exército.
O coordenador executivo da ONG AfroReggae, José Júnior, subiu neste sábado a favela da Grota, onde está concentrada parte dos criminosos que deflagraram a onda de ataques no Rio, para tentar negociar a rendição deles. Ao descer do morro, Júnior disse que alguns traficantes gostariam de se entregar à polícia, mas que não são todos.
Muitos traficantes se refugiaram no Alemão, comunidade tida como bunker do tráfico depois do cerco da polícia à Vila Cruzeiro, comunidade vizinha, na última quinta-feira (25). "Alguns querem se entregar, outros não. Mas aquela famosa marra, eu não vi. Recomendei que se entregassem para evitar mais violência e um banho de sangue", relatou José Júnior.
José Júnior confirmou que o clima no morro está tenso, mas disse acreditar que o confronto "que todos estavam esperando não vai acontecer".
Na tentativa de atuar como mediador da situação, o coordenador da ONG informou que conversou com várias pessoas do morro e se disse preocupado com a vida de moradores, policiais e traficantes. "Não quero que ninguém morra, até porque tem muito ex-traficante fazendo um bom trabalho no AfroReggae".
"Ir e vir"
Em meio ao agravamento da tensão no Complexo do Alemão, na noite deste sábado, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, divulgou uma nota na qual esclarece que o objetivo da operação é "garantir o ir e vir das pessoas" e reafirma o "compromisso de pacificar todas as comunidades onde houver o domínio do poder paralelo". "A população deseja e vai se libertar, porque não vamos recuar na nossa política de segurança."
Na nota, Cabral afirma que as operações em curso no Rio de Janeiro, desenvolvidas pelos policiais, pela Polícia Federal e pelas tropas militares, são essenciais para garantir o ir e vir das pessoas. "É um direito básico, que é o nosso dever. O momento é de retomada de territórios, de afirmação da ordem e do Estado de Direito Democrático."
*Com Agência Estado e Agência Brasil
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