Pedestres se veem obrigados a transitar na pista porque as calçadas são tomadas por barracas. A ocupação é feita tanto por comerciantes ambulantes quanto pelos donos de lojas, que estendem seu espaço para a via pública - FOTO: ANTONIO VICELMO - Apesar das blitzes da Prefeitura e mercadorias apreendidas, muitos camelôs insistem em trabalhar na rua .Ambulantes ocupam o espaço dos pedestres e carros em Juazeiro. Crato espera que centro comercial saia do papel.
Juazeiro do Norte. Embora a geração de empregos tenha aumentado nos últimos anos, graças ao crescimento da economia, ainda existem centenas de pessoas desempregadas que utilizam o comércio informal como único meio de sobrevivência. Atualmente, Juazeiro do Norte enfrenta um grave problema social. Os corredores comerciais da cidade foram invadidos por camelôs e vendedores ambulantes clandestinos, que comercializam óculos, remédios, alimentos, sapatos, roupas, eletrônicos, imagens de santos, entre outras mercadorias.
O prefeito Manoel Santana reconhece que a cidade tem crescido, mas não o suficiente para gerar os empregos necessários para a população e para aqueles que migram para a cidade. Muitos têm optado pelo emprego informal (sem carteira assinada ou formalização do negócio), fator que não é positivo, pois estes trabalhadores ficam sem a garantia dos direitos trabalhistas e a cidade, em que pese os esforços da administração pública, encontra-se prejudicada sob todos os aspectos.
"É um problema social delicado, porém precisa ser encarado de frente", diz o prefeito, explicando que o problema já foi mais grave. "Aos poucos, estamos enfrentando o desafio. Começamos com a retirada da feira de frutas e verduras da rua São Paulo, em frente ao mercado. Agora, por solicitação do Ministério Público, foi dado um prazo para a saída dos camelôs do centro", garante o prefeito.
Manoel Santana defende a ideia de desenvolver projetos como centro populares de compra, com regularização dos ambulantes e criação de infraestrutura necessária, como banheiro, lanchonetes e incentivo à participação no programa do Microempreendedor Individual.
Justificativas
Há quem defenda que o trabalho informal é a única forma de sobrevivência. Portanto, é melhor na rua trabalhando do que na rua roubando, justifica o vendedor de catolé José Alves da Silva, lembrando que o pouco dinheiro que apura (cerca de R$ 30,00 por dia) dá para o sustento da família.
A mesma história é repetida por outros ambulantes. Mas, por outro lado, pedestres e motoristas são prejudicados, já que os informais ocupam as calçadas e até o espaço dos veículos no centro de Juazeiro. Isso prejudica a circulação de pessoas e aumenta o risco de acidentes. Na época de romarias, a situação se torna incontrolável. Até os locais considerados sagrados pelos romeiros são ocupados por vendedores ambulantes.
O comerciante Maximiano Ximenes analisa que, com a retirada dos vendedores da rua São Paulo, o fluxo de pessoas aumentou. No entanto, alguns comerciantes chegam a reclamar da pouca movimentação no local onde funcionava a feira. O mercado informal, segundo eles, atraía fregueses para seus estabelecimentos comerciais.
Com a concepção de que o comércio clandestino é um mal necessário, alguns comerciantes autorizam a presença dos vendedores ambulantes na porta de suas lojas. Outros estendem o espaço da loja até a calçada. Mas há quem interprete este tipo de comércio como uma concorrência desleal com aqueles que pagam impostos e obrigações sociais dos empregados.
"O trabalho de pessoas honestas é prejudicado pela ação daqueles que vendem produtos falsificados, pirateados e de procedência duvidosa, tornando extremamente difícil a separação do joio e do trigo", questiona um comerciante, pedindo para não ser identificado.
Retirada
Ao contrário de Juazeiro, Crato está conseguindo resolver o problema. Com o apoio da Câmara de Dirigentes Lojistas e da Associação Comercial e Empresarial do Crato, além da promessa de construção de um Centro Comercial Popular, o prefeito Samuel Araripe conseguiu tirar todas as bancas das calçadas. Restaram apenas aqueles vendedores que utilizam carros-de-mão para o transporte de mercadorias e os que ainda insistem em ocupar as portas das lojas.
No entanto, o camelódromo localizado na rua Santos Dumont, no centro da cidade, se tornou um problema social e um ponto de resistência deste tipo de comércio informal. Um amontoado de bancas disputam um pequeno espaço dentro da área. É complicado para o consumidor até mesmo circular no local, num ambiente claustrofóbico e apinhado. As bancas são instaladas no local na base do "salve-se quem puder". O risco de incêndio é iminente, já que ali funcionam lanchonetes ao lado de barracas com confecções.
Promessa
A promessa da prefeitura de construir um Centro Comercial para abrigar os ambulantes ainda não foi cumprida. O prefeito Samuel Araripe fez a doação do terreno, organizou uma Associação dos Pequenos Comerciantes. Mas os futuros locatários, conforme o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Crato, Duda Alencar, não conseguiram reunir a documentação necessária para a liberação do empréstimo por parte do Banco do Nordeste (BNB).
Antônio Vicelmo
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Colaborador do Blog do Crato e Chapada do Araripe OnLine
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