ZÉ CLEMENTINO
Por Zé Nilton
Um dos sites mais respeitados sobre MPB – o Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira – deixa a gente querendo saber mais sobre nosso ilustre vizinho, ali de Várzea Alegre, o compositor José Clementino do Nascimento Sobrinho, ou como todo bom artista que não tem medo de cair na boca do povo, e de ver seu nome pichado no muro da popularidade, assume-se como Zé Clementino, assim como Francisco Buarque de Hollanda igualmente se assume como Chico Buarque.
Pois bem, quase não se fala do valor desse menestrel da terra do arroz, responsável pela volta à sonoridade de um dos maiores artistas da música brasileira de todos os tempos, o insubstituível Luiz Gonzaga.
O grande Zé Clementino nasceu no sítio Juzeirinho, distrito de Canindezinho, no município de Várzea Alegre, no dia 02 de fevereiro de 1936.
Morou em Crato quando trabalhou na agência local do INSS. Por aqui o compositor sem dúvida desenvolveu sua maestria na arte de letrista e compositor nos encontros com o (do banco) Hildelito Parente e o folclorista Correínha.
Uma vez, lá pelos meus 16 anos, contínuo de “A Cratense”, de Euclides Francelino de Lima, estive frente a frente com Zé Clementino, quando este fazia um jovem experimentar uma sanfona de 120 baixos. Estava acompanhado do Sr. Hélio Barros, irmão de dona Neném Barros, esposa do Sr. Euclides. Nunca me passou pela cabeça ter atendido o homem que mais tarde praticamente reabilitou para a vida artística o excelente Luiz Gonzaga.
Mais de 200 músicas gravadas, eis o acervo de Zé Clementino. Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Trio Nordestino (de quem era amigo de Lindolfo), Zé Nilton, o forrozeiro... e muitos novatos da MPB gravaram suas músicas.
Lembro-me do Padre Vieira, outro ilustre varzealegrense, dizer da simpatia e da singularidade musical de Zé Clementino. A música “o jumento nosso irmão” concretizou o sonho do padre mestre em criar a confraria do jumento. Grandes autoridades foram agraciadas com títulos do “CLUBE MUNDIAL DOS JUMENTOS – PRIMA COCHEIRA IGUATUVINA”, criado pelo magnífico Pe. Antonio Vieira. Um diploma em latim subscrevia a status do agraciado numa sequencia que ia de asinus minor, a asinus medius chegando a asinus máximo. Dizia o texto do diploma:
“Ego, Pater Antonius Vieira, Primus et Maximus Fundator et Praesidens Clubis Jumentorum, admitto, ut Frater in Cocheira Nostra Iguatuvina, Jumentum... (o nome do agraciado) post accuratum examem suas qualitates asininas et jumentinas. Etiam concedo jus universale et aeternum pascendi, ornejandi, excoiceandi, atque vacandi per totum territorum brasiliense, sine bronca aliorum animalium. Datum et passatum, ad perpetuam rei memoriam, in nostra iguatuvina civitate, anno MCMLXVI”.
Sábios e loucos esses varzealegrenses de hoje e de sempre.
Nesta quinta feira vamos homenagear o grande compositor brasileiro Zé Clementino, apresentado pelo seu conterrâneo, o folclorista e diretor de um dos blogues mais visitados do Cariri, o Blog do Sanharol, afiliado do Blog do Crato, o Antonio Alves de Morais, ao mesmo tempo em que ouviremos um pouquinho de seus grandes sucessos, na sequencia:
Estou roendo sim, de Zé Clementino, com Trio Nordestino
Eu sou do banco, de Zé Clementino e Hildelito Parente, com Dominguinhos.
Não deixo não, de Zé Clementino, com Trio Nordestino.
O jumento nosso irmão, de Zé Clementino e Luiz Gonzaga, com Luis Gonzaga.
Capim Novo, de Zé Clementino, com Luiz Gonzaga
Chinelo de Rosinha, de Zé Clementino, com Trio Nordestino.
Contrastes de Várzea Alegre, de Zé e Paulo Clementino, com Luiz Gonzaga.
Fazenda corisco, de Zé Clementino, com Dominguinhos.
Xote Dos Cabeludos, de Zé Clementino, com Luiz Gonzaga.
Mais uma dose pros cabeludo, de Zé Clementino, com Zé Nilton
Contrastes de Várzea Alegre, de Zé Clementino, Luiz Gonzaga.
Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas de 14 às 15 horas
Apoio Cultural: CCBN.