Sunday, June 24, 2012

Rádio Araripe, a pioneira no interior cearense chega aos 60 – Por: Chico José – Repórter do jornal Correio da Paraíba


O Blog do Crato possui mais de 22.000 artigos. Uma verdadeira enciclopédia sobre a nossa cidade. No dia de hoje está instalado um sistema de fácil localização de artigos por autor, ou folhear por temas, por exemplo, crônicas. Quem quiser pode ler centenas de crônicas, ou notícias que já publicamos nos últimos 7 anos. Na entrada do Blog estão pequenos botões azuis que apontam para temas específicos. Basta clicar e acompanhar. Cumprindo nossa programação dedicada ao Crato, por ocasião da semana do município, mais um excelente texto:

O dia 28 de agosto de 2011 assinalou o transcurso do sexagésimo aniversário de instalação da Rádio Araripe do Crato, cujas transmissões começaram no dia 28 de agosto de 1951. Era mais um empreendimento de Assis Chateaubriand, magnata das comunicações e fundador dos Diários e Emissoras Associados do Brasil, à época o maior império jornalístico do país. Pioneira na radiodifusão no interior cearense, a Rádio Araripe entrou no ar um ano depois que Chateaubriand inaugurou em São Paulo a TV Tupi, primeira emissora de televisão da América Latina.

Empresário vitorioso no eixo Rio – São Paulo, quando o Rio de Janeiro era a capital federal, Chateaubriand não circunscreveu seus empreendimentos (jornais, revistas, rádios e tvs) às capitais. Seu grupo empresarial abrangeu as cidades mais importantes do país na primeira metade do Século XX. Com a cidade do Crato não foi diferente. O “velho capitão” natural do município paraibano de Umbuzeiro (na divisa da Paraíba com Pernambuco), também contemplou seu estado natal. Em Campina Grande ele implantou a Rádio, a TV Borborema e o jornal Diário da Borborema. Trabalhei também na rádio e no jornal do grupo Associado, na década de 1980.

A Rádio Araripe foi meu primeiro emprego na área da comunicação. Foi onde aprendi o beabá do radiojornalismo sob a batuta de Elói Teles de Morais, no já distante maio de 1974. Foram seis anos de grande aprendizado e inesquecíveis lições de vida. Era o tempo em que se produzia notícia mesmo. Tinha-se que correr atrás dela e transmiti-la aos milhares de ouvintes.

Não tive a felicidade de assistir à inauguração da velha Rádio Araripe, nome escolhido por Chateaubriand, como forma de homenagear nosso principal acidente geográfico – a Chapada do Araripe. Mas quem esteve presente a tão importante acontecimento, relata que o fundador dos “Associados” promoveu uma verdadeira festa de arromba, trazendo ao Crato importantes personalidades dos círculos políticos e empresariais do país. Integrando a comitiva, nada menos que o vice-presidente da República João Café Filho; o industrial paulista Olavo Fontoura, dono do laboratório de mesmo nome e produtor do tradicional biotônico; a Miss Brasil Teresinha Morango, que anos mais tarde se casaria com Armando Pitigliani, diretor da gravadora Odeon; e até uma representante da nobreza italiana.

O rádio dos anos 50 era completo. Parte da programação era ao vivo, inclusive as rádionovelas. Por isso, além dos estúdios, localizados de início à Rua Nelson Alencar, no coração da cidade, havia também auditório, dando para a Rua Bárbara de Alencar. Tinha inclusive cinema. Eram os anos dourados do rádio de saudosa memória.

Quando ingressei na Pioneira, em primeiro de maio de 1974, os estúdios, a administração e os transmissores já estavam na Rua São Francisco, esquina com Monsenhor Esmeraldo, no Bairro Pinto Madeira. Pela Araripe passaram grandes profissionais da radiofonia. Naquela primeira metade de 1974, a Araripe tinha apenas um radiojornal de longa duração – Correspondente Araripe, veiculado sempre às 13h00, redigido por Francisco José e Lindemberg de Aquino, uma das inteligências prodigiosas do jornalismo da época. Tive a oportunidade de editar na emissora associada um jornal matutino, intitulado “Jornal da Manhã”, que passou mais de 20 anos no ar.

Do meu tempo, além de Elói Teles, que era o gerente; recordo-me de Robledo Pontes (e seu vozeirão), como diretor-artístico; Lucimar Rodrigues Leite (Mazinho), programador musical, locutor e operador de áudio; Carlos Alberto Miranda, que depois se mudaria para o Recife; Gilberto Pinheiro, Aderbal Carvalho, Rui Lemos, Eli Aguiar e Roberto Silva, apresentadores; e os operadores de áudio José Borges Favela, Francisco Agostinho e Juscelino Leal. Éramos uma verdadeira família e dessa forma perseguíamos com obstinação o primeiro lugar na audiência. Tempos bons aqueles. A gente era feliz e não sabia.

Francisco José
( Colaborador do Blog do Crato )

(*) Natural do Crato e atualmente repórter do jornal Correio da Paraíba em Campina Grande.

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