Estamos vivendo um momento de muita violência :urbana, doméstica, escolar, etc. E na maioria das vezes esta violência só acontece, porque os homens já não exercitam o bom senso, o controle emocional, o respeito pela vida.
O pássaro e a guerra
Nesta fábula dos Legas (do Zaire), um pássaro explica-nos como são absurdas as guerras dos homens.
Ai se os homens lhe dessem ouvidos…
Kansisi é um pássaro branco com as asas negras e faz o ninho nos bananais em redor das aldeias. Testemunha da vida quotidiana das pessoas, sabe muita coisa sobre o comportamento dos homens.
Por isso, um dia, o seu amigo Monkonia, pássaro que frequenta pouco estes sítios, veio colocar-lhe um problema que há muito o apoquentava:
— Porque é que os homens fazem a guerra?
Kansisi deu uma gargalhada. Mas o amigo voltou a insistir:
— Os homens dizem que são inteligentes e racionais; como é que não conseguem, então, estar de acordo? Não há ninguém que cometa tantas asneiras como eles.
— Por diversos motivos — respondeu Kansisi. — A avidez, a inveja, a vingança levam-‑nos a pegar em armas uns contra os outros. Guerreiam-se até por coisas banais, sem pensar nas consequências. Anda comigo, que eu mostro-te um exemplo concreto.
Voaram juntos até à aldeia vizinha. Monkonia poisou numa folha de bananeira, de onde podia observar tudo o que acontecia.
Era meio-dia, e o sol queimava. A aldeia estava deserta, parecia adormecida. Só uma criança pequena brincava no meio do pó, junto de alguns potes de barro ainda frescos, a secar ao sol antes de serem cozidos no forno.
Kansisi poisou num desses potes. A criança viu-o e correu para o espantar com um pau. O pássaro voou para mais longe e a criança acabou por bater no pote, que rolou no chão, com uma pequena mossa. Ao ouvir o barulho, a dona dos potes saiu cá para fora e deu duas valentes chapadas na criança. Ouvindo a criança a chorar, a mãe agarrou num ramo de árvore e deu com ele na mulher, que gritou por socorro. O marido dela saiu de casa com uma faca, e a mãe da criança fugiu chamando pelo marido. Ouvindo esta barulheira toda, mais homens e mulheres saíram de casa gritando e brandindo bastões, sachos e facas. Voavam insultos e ameaças de todos os lados. Dez minutos mais tarde, a aldeia estava em pé de guerra: o clã da dona dos potes contra o clã da outra mulher. Ninguém fazia ideia do motivo que causara esta situação e nem queria saber nem pensar nas consequências do conflito. A briga durou o tempo suficiente para provocar danos irreparáveis; houve mesmo mortos e feridos.
Entretanto, Kansisi, regressando para junto do amigo, contemplava com satisfação o desenvolvimento da peleja.
— Aí tens! — disse ao amigo. — É assim que nascem as guerras entre os homens. A conclusão podes tirá-la tu mesmo!
Ela está bem expressa em dois provérbios dos Lega:
O pássaro Kansisi provoca a guerra, mas fica em paz pousado na sua folha.
O estulto entra na rixa sem medir as causas nem os efeitos.
Nesta fábula dos Legas (do Zaire), um pássaro explica-nos como são absurdas as guerras dos homens.
Ai se os homens lhe dessem ouvidos…
Kansisi é um pássaro branco com as asas negras e faz o ninho nos bananais em redor das aldeias. Testemunha da vida quotidiana das pessoas, sabe muita coisa sobre o comportamento dos homens.
Por isso, um dia, o seu amigo Monkonia, pássaro que frequenta pouco estes sítios, veio colocar-lhe um problema que há muito o apoquentava:
— Porque é que os homens fazem a guerra?
Kansisi deu uma gargalhada. Mas o amigo voltou a insistir:
— Os homens dizem que são inteligentes e racionais; como é que não conseguem, então, estar de acordo? Não há ninguém que cometa tantas asneiras como eles.
— Por diversos motivos — respondeu Kansisi. — A avidez, a inveja, a vingança levam-‑nos a pegar em armas uns contra os outros. Guerreiam-se até por coisas banais, sem pensar nas consequências. Anda comigo, que eu mostro-te um exemplo concreto.
Voaram juntos até à aldeia vizinha. Monkonia poisou numa folha de bananeira, de onde podia observar tudo o que acontecia.
Era meio-dia, e o sol queimava. A aldeia estava deserta, parecia adormecida. Só uma criança pequena brincava no meio do pó, junto de alguns potes de barro ainda frescos, a secar ao sol antes de serem cozidos no forno.
Kansisi poisou num desses potes. A criança viu-o e correu para o espantar com um pau. O pássaro voou para mais longe e a criança acabou por bater no pote, que rolou no chão, com uma pequena mossa. Ao ouvir o barulho, a dona dos potes saiu cá para fora e deu duas valentes chapadas na criança. Ouvindo a criança a chorar, a mãe agarrou num ramo de árvore e deu com ele na mulher, que gritou por socorro. O marido dela saiu de casa com uma faca, e a mãe da criança fugiu chamando pelo marido. Ouvindo esta barulheira toda, mais homens e mulheres saíram de casa gritando e brandindo bastões, sachos e facas. Voavam insultos e ameaças de todos os lados. Dez minutos mais tarde, a aldeia estava em pé de guerra: o clã da dona dos potes contra o clã da outra mulher. Ninguém fazia ideia do motivo que causara esta situação e nem queria saber nem pensar nas consequências do conflito. A briga durou o tempo suficiente para provocar danos irreparáveis; houve mesmo mortos e feridos.
Entretanto, Kansisi, regressando para junto do amigo, contemplava com satisfação o desenvolvimento da peleja.
— Aí tens! — disse ao amigo. — É assim que nascem as guerras entre os homens. A conclusão podes tirá-la tu mesmo!
Ela está bem expressa em dois provérbios dos Lega:
O pássaro Kansisi provoca a guerra, mas fica em paz pousado na sua folha.
O estulto entra na rixa sem medir as causas nem os efeitos.
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