Nasci em 1977 em Crato e tenho o privilégio assim como tantos outros cratenses que vieram inclusive antes de mim, de usufruírem as belezas da exposição de minha amada cidade, sou como tantos, da época em que a festa era para todos, uma verdadeira festa popular, em que escolhíamos a barraca que comeríamos, nossos petiscos ou usufruiríamos da bebida que melhor nos agradassem, pelo simples fato de que a barraca de nossa preferência era aquela que reunia anualmente todos os amigos. Ir ao inferninho, era símbolo de promiscuidade, ora quanta bobagem, o inferninho era e ainda o é o grande espaço de encontro do povo cratense,povo este, marginalizado socialmente, mas de uma grande criatividade de enfrentar a gozar a vida ainda com a exploração. Cheguemos então ao Parque de exposições, paixões políticas a parte, coloquemos nossos argumentos sobre a mesa de debates, que por sinal andam muito calorosas....
Admitimos que a EXPOCRATO aos moldes do que é hoje, ficou de fato pequena para suportar o número de pessoas que vem visitar-nos ,no entanto, projetos estruturantes de requalificação urbana, estão as pilhas a disposição de quem se diz disposto a investir, mas as propostas se perdem no vazio surdo do vácuo.
Alega-se que o espaço atual, é incompatível para um investimento de requalificação e modernização para futuras instalações do parque de exposições, face a geografia acidentada do terreno, então nos perguntamos: Se não é compatível para um parque ,por que é compatível para o crescimento da URCA, acaso não é necessário se construírem mais e melhores prédios.
Existe uma área de capineira onde se pode avançar nas instalações e estacionamento de carros, afinal o capim pode ser cultivado em qualquer outra área inclusive em áreas como a do entorno do mirandão,e de tantos outros lugares, afinal, espaço para plantio de capim não é a justificativa, mas calma!, existem os SILOS justamente para isso, ou não pecuaristas!?
Volto a repetir, a EXPOCRATO está de fato, nas condições atuais, pequena para o tamanho do evento,reconheço, mas, é preciso levar em consideração sim valores subjetivos que residem nas mentes e nos corações de várias gerações de cratense, carirense, que viram a expocrato crescer e atingir seus 60 anos com uma grande vitalidade. Foi lá por exemplo que centenas de pessoas, beijaram, enamoram, choraram, cantaram, dançaram pela primeira vez, é preciso lembrar que não são apenas estábulos ,arenas, fiações que podem ser feitas e desfeitas ao sabor de qualquer construtoras.
Trata-se de algo muito maior, trata-se da história de um povo. Os valores sinestésicos estão intimamente ligados a cada espaço, a cada metro de chão daquele parque, um local do reencontro de amigos, de amantes, de famílias, com o mesmo cheiro e sabor do glorioso passado, passado esse, espinhado pela alcunha pejorativa de se ser simplesmente TRADICIONAL, as tradições são tão importantes, elas no ligam a história que nos ensinam no presente e que nos projetam para o futuro.
Não se pode admitir a tentativa de se apagar simplesmente de um povo sua cultura sua história como se fez em Jaguaribara-CE, ainda que fosse uma necessidade de eminente interesse publico, sem anteriormente, na ausência de lobbies se ouvir a população afetada.
Essa discussão não cessará, outros capítulos virão, no entanto, longe dos devaneios eloqüentes de se justificar bandeiras sem símbolo , escutemos o povo, pois dele o poder emana como diz a carta mater e não apenas das penas frias e incólumes de quem sentencia o emanar de seu prazer e vontade própria.
Prof. Samuel Duarte Siebra
Professor da Rede Estadual de Ensino
Presidente do C.A enfermagem - URCA
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