Acordei, neste ensolarado domingo, tentando fazer uma junção entre o passado e o presente. E veio-me à lembrança Lord Cochrane ( desenho à esquerda), almirante da Marinha Real Britânica, nobre escocês e herói nacional do Reino Unido. Considerado “O maior herói naval da Escócia”, Lord Cochrane tem um busto de bronze na sua terra natal, destinado a lembrar de sua epopeia nas guerras contra Napoleão Bonaparte, que o apelidou de “Loup de Mer” (lôbo do mar).
Visionário, Lord Thomas Alexander Cochrane (este seu nome completo) atuou na América Latina e passou à história do Chile, Argentina, Brasil e Venezuela. Neste último país, Lorde Cochrane auxiliou Simon Bolivar na Independência venezuelana. Em 1817, prestou serviços aos generais Bernardo O’Higgins e San Martin e às forças independentistas chileno-argentinas, como comandante de esquadra.
Em 1823, Cochrane já estava no Brasil. Convidado pelo imperador dom Pedro I, Cochrane iniciou seus trabalhos para consolidar a independência do Brasil, após o Decreto Imperial de 21 de março de 1823, que lhe conferiu a patente - única na história naval brasileira - de “Primeiro-Almirante”. Sua missão: debelarar pequenos focos de resistência à independência do Brasil. Desnecessário dizer que se houve bem na missão que lhe foi confiada.
Registra a história que em 1824, Lorde Cochrane também contribuiu para sufocar a Confederação do Equador (à esquerda a bandeira da Confederação) , movimento republicano nascido em Pernambuco, com grande repercussão no Ceará. O bloqueio da cidade de Recife foi feito por Lorde Cochrane.
Ele foi impiedoso nos seguidos bombardeios à capital pernambucana, deixando a população civil sem gêneros alimentícios, sem remédios e sem munição. Após a capitulação de Pernambuco, Lord Cochrane passou-se ao Ceará, onde foi igualmente vitorioso.
O historiador J.de Figueiredo Filho, no 1º volume da sua História do Cariri, – na página 10 – reproduz um texto de relatório do Lorde Cochrane, no qual elogia os índios Cariris, seus aliados na luta contra os insurgentes da Confederação do Equador. A conferir.
“Os chefes indianos (ou seja, os caciques dos Cariris), assim com a gente que desses dependia, foram de grande préstimo na restauração da ordem, combinando robustez corporal superior com atividade, energia, docilidade e força de aturar que nunca falhava – formando, com efeito, os melhores padrões da raça que eu vira na América Latina”.
“Os chefes indianos (ou seja, os caciques dos Cariris), assim com a gente que desses dependia, foram de grande préstimo na restauração da ordem, combinando robustez corporal superior com atividade, energia, docilidade e força de aturar que nunca falhava – formando, com efeito, os melhores padrões da raça que eu vira na América Latina”.
Taí um depoimento insuspeito, a provar a superioridade dos índios Cariris em relação à população autóctone da América do Sul, ou seja, aos aruaques, aymarás, mapuche, guaranis, tupis, dentre outros, todos velhos conhecidos de Cochrane.
No livro “1822”, o segundo da trilogia escrito por Laurentino Gomes, consta – na página 173 – o seguinte: "Em uma visita oficial a Abadia de Westminster, em Londres, o ex-presidente José Sarney, aproximou-se da tumba de 1860, e sem que os acompanhantes percebessem, pisou sobre a lápide de Lord Cochrane e sussurrou: “Corsário”.
Consta que o lorde inglês saqueou a cidade de São Luís do Maranhão, quando lá esteve em combate aos portugueses. Interessante, que o clã Sarney, atual donatário do Maranhão desde 1965, é hoje acusado de saquear – não só São Luís – mas todo o Estado. Quem sabe, no futuro – não muito distante – alguém pisará sobre a tumba de José Sarney e sussurrará: “Corsário”...
O tamanho do poder do atual senador José Sarney – líder-mor da “base de sustentação dos governos do PT” – é imenso! Basta lembrar a “Operação Boi Barrica”, da Polícia Federal. Trata-se de investigação sobre Fernando Sarney, suspeito de fazer caixa dois na campanha de Roseana Sarney na disputa pelo governo do Maranhão em 2006. Antes das eleições, ele teria sacado 2 milhões de reais em dinheiro vivo. O desembargador Dácio Vieira (amigo de fé e irmão camarada do velho Sarney) proibiu o jornal “O Estado de S. Paulo” – em 31 de julho de 2009 – de publicar reportagens sobre esta Operação. Em 10 de novembro de 2009, o Supremo Tribunal Federal negou o pedido do jornal contra a proibição. E veja que estamos num Estado de Direito democrático, que pressupõe imprensa livre...
PS – Em tempo: Laurentino Gomes está concluindo o terceiro livro da sua já clássica trilogia. Terá o título de “1889” e mostrará a farsa que foi a “Proclamação da República”, ou seja, o golpe militar de 15 de novembro daquele ano, o primeiro de uma longa série que viria a marcar “os novos tempos republicanos”.
“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”...
“Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”...
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael
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