Saturday, November 27, 2010

Carta aberta a Pedrinho Esmeraldo – por Armando Rafael

Meu caro Pedrinho:

Nos últimos meses, por sucessivas vezes, atendi tempestivamente a seus pedidos para postar artigos de sua autoria neste Blog do Crato. Como você não possuía cadastro para postar diretamente no Blog, eu servia de ponte nessa tarefa, o que sempre fiz com presteza e boa vontade.

A sua última postagem – sobre a depredação que vem ocorrendo na Escola Maria Amélia Esmeraldo – motivou reações contundentes (e aqui uso o adjetivo “contundente” definido no dicionário de Aurélio: “Que contunde, fere, agressivo demais”) vindas em forma dos comentários de alguns familiares ao seu escrito. É lamentável que a coisa tenha desandado para ataques pessoais. É pena que, desgostoso com o fato, você tenha decidido não mais postar seus escritos.

Entendo e acato sua decisão. Tanto que, pessoalmente, cheguei a lhe aconselhar a fazer uma pausa temporária na publicação de seus escritos, para não acirrar os ânimos. Sou conhecedor de que aqueles comentários publicados trouxeram-lhe mágoas, e, talvez, até ressentimentos. O que é perfeitamente natural.

Mas, permitam-me lembrar-lhe alguns fatos.
Sei, e compreendo, que a sua indignação com a destruição da Escola Maria Amélia decorre do seu espírito de cratensidade. Como você bem explica: Não me calo porque sou cratense! Ou seja, é uma coisa que está no seu sangue. É herança da ancestralidade que corre nas suas veias. E a ancestralidade, como aprendemos na Antropologia: “é nossa via de identidade histórica, sem ela, não sabemos o que somos e nunca saberemos o que queremos ser”. Eu ainda acrescentaria: com a nossa ancestralidade nos encontramos e damos sentido a nossa vida...

Então, para dar continuidade a essas tradições familiares (e nunca é demais recordar o importante papel que teve – e tem – sua família na história política, social e econômica de Crato) creio que vale a pena relevar alguma incompreensão, injustiça ou até dissabor, partidas de pessoas que lhe são próximas pelo vínculo de sangue. Família, no meu entendimento, é mais ônus do que bônus. É o preço que pagamos para bem conviver com ela.
E por fim, permita-me aconselhar-lhe a não guardar ressentimentos desse episódio que já é passado. Ressentimento, como a própria palavra define, é sentir novamente; sentir até infinitamente, para alguns... É sofrer inutilmente. Trata-se de um sentimento que deve ser jogado fora, pois ele nada agrega, nada constrói...Só destrói...

Por tudo isso Pedrinho, dê tempo ao tempo. O tempo tudo cura e tudo faz esquecer. Cabeça erguida. Mão no coração. Olhos voltados para o futuro. Como diz a Sagrada Escritura: O tempo é o Senhor da Razão...
Armando

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