O domingo de Carnaval no Festival Jazz & Blues convidou a uma integração entre os públicos dos dois universos musicais, com uma mesma sessão de shows reunindo o gaitista norte-americano Rick Estrin e o pianista e carioca Claudio Dauelsberg. Coube ao compositor e arranjador, que trabalhou ao longo da semana nas oficinas para jovens músicos promovidas pelo festival em Guaramiranga, a tarefa de abrir os trabalhos, ao lado de dois outros mestres que atuaram nas oficinas: o baixista quixadaense Adriano Giffoni e o baterista carioca Caíto Marcondes.
E a interação entre os músicos, reforçada pela convivência ao longo da semana, ficou clara para a plateia, que soube retribuir com aplausos à altura de um dos melhores shows do festival até aqui. Mesmo com ênfase no piano, o cuidado com a musicalidade, compreendida como prática de conjunto, foi o destaque da apresentação, diversificada e rica entre o jazz, o choro, o samba e a balada, como na autoral “Infância”, de Dauelsberg – com mais tempo para improvisação de todos os instrumentistas e participação especial do flautista Heriberto Porto, outro oficineiro, uma exceção em um show de temas percorridos de forma breve e intensa.
Tocando em pé, animado e descontraído, Dauelsberg mostrou suas virtudes de pianista revisitando o Pixinguinha de “1x0” e “Ingênuo” e lembrou Dave Brubeck nas construções de tempos quebrados, entre repetições e síncopes, de “Canto dos hebreus”, em estreita afinação com o baixo de Giffoni e a performance de Caíto na bateria. Também mostrou uma abordagem suave, mas diferenciada, de “Chovendo na roseira” e assistiu Marcondes carregar “Insensatez” do erudito para os ecos do samba.
E quem esperava pelo lado mais jazz do festival pôde conferir um dos pontos altos do evento até o momento: a versão de Dauelsberg e companhia para “Confirmation”, de Charlie Parker. “Ele dividiu o século em dois e criou o bebop, um dos maioers desafios para quem improvisa, porque obriga a pensar muito rápido”, contextualizou o pianista, para em seguida demonstrar, na prática, a sedução e os desafios do ritmo, com o baixo de Giffoni ainda mais hipnótico na condução que no improviso.
Com passagem pela autoral “Ventos do sul”, homenagem aos ritmos como a milonga e o chamamé, Claudio encerrou seu show com outro clássico do jazz: “Spain”, de Chick Corea. “Foi um grande incentivador da minha carreira”, revelou, agradecendo ainda a convivência com colegas professores e com os alunos, nas oficinas ao longo da semana. Dauelsberg teve ainda de voltar para o bis, com a riqueza rítmica de “Incompatibilidade de gênios” – “o hino dos alunos nesse festival”. Claudio Dauelsberg, Adriano Giffoni e Caíto Marcondes mostraram, no palco, grandes lições.
Dalwton Moura é jornalista e crítico musical
Publicado no Jornal O Povo Online
Foto de Chico Gadelha
E a interação entre os músicos, reforçada pela convivência ao longo da semana, ficou clara para a plateia, que soube retribuir com aplausos à altura de um dos melhores shows do festival até aqui. Mesmo com ênfase no piano, o cuidado com a musicalidade, compreendida como prática de conjunto, foi o destaque da apresentação, diversificada e rica entre o jazz, o choro, o samba e a balada, como na autoral “Infância”, de Dauelsberg – com mais tempo para improvisação de todos os instrumentistas e participação especial do flautista Heriberto Porto, outro oficineiro, uma exceção em um show de temas percorridos de forma breve e intensa.
Tocando em pé, animado e descontraído, Dauelsberg mostrou suas virtudes de pianista revisitando o Pixinguinha de “1x0” e “Ingênuo” e lembrou Dave Brubeck nas construções de tempos quebrados, entre repetições e síncopes, de “Canto dos hebreus”, em estreita afinação com o baixo de Giffoni e a performance de Caíto na bateria. Também mostrou uma abordagem suave, mas diferenciada, de “Chovendo na roseira” e assistiu Marcondes carregar “Insensatez” do erudito para os ecos do samba.
E quem esperava pelo lado mais jazz do festival pôde conferir um dos pontos altos do evento até o momento: a versão de Dauelsberg e companhia para “Confirmation”, de Charlie Parker. “Ele dividiu o século em dois e criou o bebop, um dos maioers desafios para quem improvisa, porque obriga a pensar muito rápido”, contextualizou o pianista, para em seguida demonstrar, na prática, a sedução e os desafios do ritmo, com o baixo de Giffoni ainda mais hipnótico na condução que no improviso.
Com passagem pela autoral “Ventos do sul”, homenagem aos ritmos como a milonga e o chamamé, Claudio encerrou seu show com outro clássico do jazz: “Spain”, de Chick Corea. “Foi um grande incentivador da minha carreira”, revelou, agradecendo ainda a convivência com colegas professores e com os alunos, nas oficinas ao longo da semana. Dauelsberg teve ainda de voltar para o bis, com a riqueza rítmica de “Incompatibilidade de gênios” – “o hino dos alunos nesse festival”. Claudio Dauelsberg, Adriano Giffoni e Caíto Marcondes mostraram, no palco, grandes lições.
Dalwton Moura é jornalista e crítico musical
Publicado no Jornal O Povo Online
Foto de Chico Gadelha
Postado por Beto Fernandes
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