Para o bispo Fernando Panico, o que se pode fazer é apenas ter paciência. O processo é lento e demorado - ANTÔNIO VICELMO - O bispo da Diocese do Crato, dom Fernando Panico, voltou da Itália sem nenhuma novidade sobre o Padre Cícero.
Crato. "Tenham paciência". Esta foi a única declaração do bispo da Diocese de Crato, dom Fernando Panico, sobre o processo de reabilitação do Padre Cícero que tramita na Congregação para Doutrina da Fé, a mais antiga das nove congregações da Cúria Romana. Dom Fernando chegou, no final de semana, da Itália, seu país de origem, onde participou do encontro de sacerdotes de todo o mundo realizado em Roma de 9 a 11 deste mês, que marcou o encerramento do Ano Sacerdotal.
Em setembro do ano passado, quando da visita "ad limina apostolorum" dos bispos do Nordeste ao Vaticano, o papa Bento XVI, segundo dom Fernando, prometeu mandar acelerar a análise do processo de reabilitação. A cada visita de dom Fernando ao Vaticano, cria-se uma expectativa em torno do processo de reabilitação que foi entregue, na Congregação para a Doutrina da Fé, no dia 31 de maio de 2006. São nove volumes de documentos, cartas e relatos preparados por uma comissão de mestres e doutores em Teologia, Sociologia e Filosofia e estudiosos do tema. O dossiê levado ao Vaticano no ano passado e o processo de reabilitação tem o apoio de 254 bispos brasileiros, que assinaram o documento pedindo a consagração oficial pela Santa Sé.
"Não é ainda um pedido de beatificação ou canonização", explica o bispo diocesano. Trata-se de um pedido de "anistia". Padre Cícero foi destituído de ordens pela Igreja Católica depois que, ainda em vida, virou santo popular e milagreiro. A comissão de cearenses que acompanhou dom Fernando, entre os quais o então governador Lúcio Alcântara e o arcebispo de Fortaleza, dom José Antônio Aparecido Tosi Marques, voltou de Roma na certeza de que o estudo do processo era demorado. Ao pedir paciência, dom Fernando repete a mesma declaração que vem sendo feita há quatro anos: "o processo é demorado, o Vaticano não aceita pressões. Não há prazo para a análise do Vaticano e a Igreja Católica no Brasil quer prudência, tanto para não atrapalhar o andamento do processo quanto para não criar expectativa na legião de devotos", explica o bispo.
O principal documento entregue na Congregação Para Doutrina da Fé, solicitando a reabilitação do Padre Cícero, foi uma carta, assinada por dom Fernando e publicada pelo Diário do Nordeste, que acompanhou a comissão, que diz: "As nossas Romarias são um baluarte da fé dos pobres, filhos queridos da Igreja Católica, cuja devoção contém e freia, por assim dizer, o avanço das seitas evangélicas na nossa região". O bispo do Crato acrescenta que "após décadas de silêncio e indiferença para com os romeiros, entendemos que a evangelização não pode desconhecer, ou ignorar, a realidade que nos faz Igreja pelo acolhimento fraterno, no amor de Cristo".
A carta de dom Fernando ainda diz: "Por isto, somos gratos aos irmãos peregrinos que nos educam a viver a dimensão romeira da fé, caminhando conosco na estrada de Jesus, em busca da Pátria, em companhia da Virgem Maria e de outros amigos de Deus, como, por exemplo, o Padre Cícero Romão Baptista, já canonizado no coração do povo".
Ao apresentar o testemunho dos seus irmãos de episcopado como conhecedores do fenômeno das romarias à Juazeiro do Norte, dom Fernando destaca que "os nossos Pastores não só reconhecem nelas os frutos pastorais, mas também se unem ao meu pedido que seja concedida a reabilitação canônica".
Gratidão
"Somos gratos aos irmãos peregrinos que nos educam a viver a dimensão romeira da fé"
Dom Fernando Panico
Bispo da Diocese do Crato
MAIS INFORMAÇÕES:
CúRIA DIOCESANA
Rua Teófilo Siqueira, 631
(88) 3521.1110
Fax: (88) 3523.7819
Antônio Vicelmo
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Colaborador do Blog do Crato
No comments:
Post a Comment