Por quê? Pra que? Quando? Como? Estas permeiam o cotidiano de inúmeras crianças cuja faixa etária não me recordo (que me perdoem as professoras de pediatria). Uma fase do desenvolvimento das adoráveis criaturas, marcada pela curiosidade e uma etapa de retomada da criatividade infantil dos pais, detentores de grande imaginação, necessária para solução de questionamentos socráticos. É certo que há dúvidas tradicionais que desafiam a passagem do tempo e alojam-se, indubitavelmente, nos cérebros dos pequenos, e por tão frequente aparição, cursam no subconsciente de pais, respostas já formuladas em épocas remotas, altera-se apenas o modo de quem as conta.
"De onde vêm os bebês?" Tradicionalíssima! Não é privilégio de poucos depararem-se com esta, que para os que não desejam prolongar o assunto, colocam logo uma cegonha, um neonato enrolado em uma frauda ao bico do pássaro e um lugar de localização ignorada e dão por encerrado o papo. "Porque o céu é azul?" Tem-se que admitir que esta se apresenta com restritas possibilidades de respostas, confesso que eu, uma criança que já superou esta fase da vida, tenho apenas idéias vagas sobre o fato, algo relacionado aos gases, posição do sol e nada mais que isso. Inobstante, falar da criação do mundo como uma gravura sem o realce das cores primarias e colocar uma caixa de lápis de cor nas mãos do Criador pode ser uma alternativa passível de aceitação aos que vivenciam os desenhos animados.
Há situações também que adultos dão-se mal por mérito próprio. Não inventar estórias enquanto as dúvidas dos pequenos permanecem em quietude é garantia de não envolver-ser em situações embaraçosas. E uma dessas foi a motivadora desta singela crônica apresentada ao caro leitor, cuja paciência também está sendo posta à prova.
Eu visitava uma das residências do papai Noel, localizada aqui em minha adorável Juazeiro do Norte, uma casa de beleza e requinte digna de elogios. Cozinha montada com relíquias da evolução tecnológica: fogão à lenha e uma geladeira que foi lançamento no século que passou. Na sala de jantar louças e talheres postos à mesa davam um ar verossímil ao local. E uma bela árvore de natal, inerente, é claro. Em todos os vãos algo belo aos olhos dos visitantes, em sua maioria crianças acompanhadas por maiores juridicamente.
Um dos maiores, inquieto pelo silêncio do jovenzinho que o acompanhava ocupava-se a discorrer acerca de cada compartimento que eles adentravam
- Olha querido, aqui o papai Noel descansa depois de um longo dia de trabalho e também conversa com os duendes.
- Nossa!
O pequeno exclama.
-Veja, aqui neste quarto, junto a mamãe Noel, ele desfruta desta grande e confortável cama com boas noites de sono, exceto no natal, claro.
- Muito grande pai!
- Este outro quarto com estas duas camas pequenas e estes brinquedos no chão é dos filhos do papai Noel.
E o garoto:
- An? E papai Noel tem filhos?
Imagino que não. Mas pergunto:
Como sair dessa na casa do Noel?
Por Daniel Coriolano
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