Fica vez mais patente que nenhuma ditadura consegue controlar, e calar, a internet. A web se consolida como o último reduto dos que lutam contra a opressão e falta de liberdade de expressão.O paraíso de dez entre dez vermelhinhos é na realidade o cemitério da democracia no caribe. A cubana Yoani Sánchez está se tornando um símbolo mundial da liberdade de expressão na internet. Proibida de ser lida em seu próprio país, de viajar para receber diversos prêmios internacionais, vigiada dia e noite, e agora sequestrada e espancada por agentes da policia política, ela continua contando em seu blog como é a vida real em Cuba — que os meios de comunicação estatais, sovieticamente controlados, escondem.
Yoani é perseguida porque revela a realidade do cotidiano cubano, desmente mitos da propaganda oficial com fatos e fotos, ironiza e debocha dos dinossauros no poder, é intolerável para qualquer ditadura. Pior, quanto mais famosa fica, mais difícil calá-la e encarcerá-la, por medo do clamor internacional. No clássico estilo oficial, é acusada de ser inimiga da revolução a soldo da CIA e do Império, embora viva modestamente e sequer tenha internet em casa, privilégio dos fiéis ao partido. Tem que fazer os seus posts de lan houses, que são proibidas aos cubanos, disfarçada de turista.
Os anticastristas fanáticos de Miami, que se nivelam em estupidez aos castristas da ilha, na tentativa de monopolizar a oposição ao regime, plantaram que Yoani fez um acordo com o governo e é usada para mostrar que há liberdade de expressão em Cuba. É ridículo: ela não pode nem ser lida na ilha.
Os velhos revolucionários nunca imaginaram enfrentar inimigo tão poderoso, a serviço do Império, por supuesto: blogs, twitters, sites, celulares, e-mails, satélites, que estão mostrando os desastres de 50 anos de revolução. Tudo que o governo cubano não tolera. Mas é um caminho que não tem mais volta, que nem armas, nem slogans e nem bravatas poderão conter.
Corajosa, logo depois da agressão, Yoani postou fotos de diversos agentes da repressão que vigiam seu apartamento e seus passos. Os arapongas foram flagrados no susto, alguns fugindo, outros cobrindo o rosto como bandidos presos, em flagrantes históricos de uma ditadura. A caça, armada de celular, passou a caçadora. Os secretas foram expostos, suas fotos circulam pela ilha, Yoani pergunta o que eles vão dizer a suas famílias.
Fonte: O GLOBO
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