MORADORES DO SEMIÁRIDO vivem numa região que oferece inúmeras possibilidades de desenvolvimento, desde que adotados programas e manejos adequados às especificidades ambientais, sociais, culturais e econômicas das comunidades. O semiárido brasileiro requer uma educação contextualizada como forma de conquistar o desenvolvimento local
Crato. Foi realizado neste último fim de semana, neste município, o Encontro de Educação Contextualizada do Semiárido Nordestino, um processo de formação para professores, que teve como objetivo aproximar as atividades pedagógicas desenvolvidas nas escolas às discussões sobre a proposta de convivência com o semiárido. O encontro, coordenado pela Cáritas da Diocese do Crato, buscou contribuir significativamente na afirmação da identidade das pessoas da região do Cariri, segundo destacou o coordenador Alex Sampaio, explicando que a proposta foi a valorização da cultura regional como instrumento de inclusão social. Neste contexto, segundo Alex, o encontro, que teve abertura na última sexta-feira e prosseguiu até ontem, pretendeu chamar a atenção para o processo de libertação das pessoas por meio da valorização da vida, do seu lugar e de sua cultura.
Dentro desse contexto, durante os debates foram denunciadas falhas no sistema educacional, a começar pelo município do Crato que, segundo Alex, em nome da nucleação, processo de fechamento de escolas para o fortalecimento de outras, encerrou as atividades em três escolas na zona rural do Crato. Falhas como esta, impostas pelo Ministério da Educação e Cultura, serão levadas ao conhecimento das Secretarias de Educação com o objetivo de corrigi-las, conforme destacou ele.
Os conflitos e as angústias vivenciadas, bem como a situação de miséria e pobreza em que vivem as pessoas do semiárido, diante de tantas riquezas naturais que se encontram na região, foram levantados pelos palestrantes. "Investir maciçamente nesta região, com políticas definidas e integradas com parcerias e projetos da sociedade civil, é fundamental para modificar esta realidade, que compromete o presente e o futuro de milhões de crianças e adolescentes", afirmou Alex.
Durante a programação, os participantes defenderam a escola pública, gratuita e de qualidade no semiárido e no Brasil, integridade dos direitos dos atores e atrizes do processo educacional, gestão democrática, garantindo a plena participação dos vários setores, equidade na distribuição de renda e no acesso do conhecimento cultural, científico, moral, ético e tecnológico em todos os níveis da educação, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade na construção do conhecimento, formação contextualizada e integral de educadores e educadoras abrangendo os aspectos socioculturais, político e ambientais do semiárido, sustentabilidade ambiental, social, econômica e cultural como pilares dos processos e projetos educacionais.
O encontro contou com a Assessoria da Rede de Educação para o Semiárido Brasileiro (Resab), espaço paritário, formado pela sociedade civil e poderes públicos com a finalidade de pautar a educação contextualizada com os gestores municipais, universidades e as coordenadorias de educação dos Estados do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo. Participam 30 jovens de seis municípios da Diocese do Crato.
Desafio permanente
Para o coordenador da Cáritas Diocesana, Alex Sampaio, "educar as crianças e adolescentes do semiárido cearense de forma contextualizada, respeitando as vivências regionais é um desafio constante para professores e estudantes". Entre as dificuldades enfrentadas nas escolas, segundo ele, tem-se a falta de investimento na formação continuada de professores e gestores do ensino, adaptação dos currículos das escolas da região e renovação dos materiais didáticos trabalhados, além dos esforços permanentes destinados ao combate ao trabalho infantil, financiamento e fiscalização do transporte escolar e merenda escolar na zona rural.
Mais informações
Cáritas Diocesana
Rua Teófilo Siqueira, 631
Crato - Cariri
Telefone (88) 5321.1011
ANTÔNIO VICELMO
Repórter do Jornal Diário do Nordeste
Colaborador do Blog do Crato e Jornal Chapada do Araripe
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