Nota do Editor: Eu vi esse rascunho escrito 3 vezes aqui no Blog, e imagino que o cesar Mousinho quis a sua publicação, mas por alguma razão ele não conseguiu. Estou dando "uma forcinha" e publicando o mesmo. ( Dihelson Mendonça ).
Há várias décadas a gravidez é cada vez mais fruto de planejamento, pelo que se trata quase sempre de um período muito desejado pelo casal. Atualmente a primeira gravidez surge depois da conclusão do percurso acadêmico consolidação profissional e financeira e estabilidade emocional. Mas esta idealização pode culminar numa indesejável depressão pós-parto. A depressão durante a gravidez tem recebido pouca atenção, pelo que é ainda uma realidade pouco conhecida. Por se tratar de um período em que os cuidados estão centrados na formação do filho, os sintomas depressivos são muitas vezes ignorados. Aquele momento tão sonhado/ preparado é aparentemente incompatível com esta perturbação. Para algumas mulheres, a vergonha acaba mesmo por comprometer o pedido de ajuda especializada. Pior do que isso: com receio de que o profissional possa prescrever-lhes medicação antidepressiva (em relação à qual há ainda muita controvérsia), muita mulheres esconde o problema. Estes medos prendem-se com a hipótese de os medicamentos poderem afetar o normal desenvolvimento do seu filho (a) e acabam por demorar a buscar a outras alternativas terapêuticas, como a Psicoterapia. Hoje sabemos que o impacto deste isolamento é muito mais abrangente do que se poderia pensar, já que não é só a saúde da mulher que é afetada pela ausência de resposta aos sintomas depressivos. A depressão durante a gravidez duplica o risco de parto prematuro e esse risco cresce em função da severidade dos sintomas.
A depressão pós-parto(DPP) é um importante problema de saúde pública, afetando tanto a saúde da mãe quanto o desenvolvimento de seu filho. A manifestação desse quadro acontece, na maioria dos casos, a partir das primeiras quatro semanas após o parto, alcançando habitualmente sua intensidade máxima nos seis primeiros meses. Os sintomas mais comuns são desânimo persistente, sentimentos de culpa, alterações do sono, idéias suicidas, temor de machucar o filho, diminuição do apetite e da libido, diminuição do nível de funcionamento mental e presença de idéias obsessivas ou supervalorizadas. Alguns sintomas físicos podem ser observados como alterações gastrintestinais, intestino preso ou solto, boca ressecada, dores de cabeça, insônia, alterações de apetite e perda do interesse por sexo. É uma doença incapacitante que só se resolve com uso de medicações antidepressivas e com acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Não há como saber se uma mulher terá ou não depressão pós-parto. Algumas mulheres merecem maior atenção, como as que já tiveram algum tipo de depressão, que na gravidez anterior apresentaram depressão pós-parto, que não desejavam a gravidez ou passaram por momentos difíceis durante a gestação e podem colocar a culpa nos bebês. Pré-Natal - Como sempre, o pré-natal é sinônimo de gravidez tranqüila. Saiba por quê. A prevenção da depressão pós-parto é possibilitar uma gravidez tranqüila e uma mãe segura. Para tanto, a mamãe precisa de um bom pré-natal onde possa tirar suas dúvidas, ter orientações e realmente ter a certeza que está tudo bem com ela e com seu bebe, apoio familiar, principalmente do marido e um planejamento para a gravidez e pós-parto evitando ansiedade, cansaço e sentimento de culpa e incapacidade. tratamento deve ser individualizado de acordo com a gravidade clínica.
A primeira opção é a prevenção. Isso é suficiente para a maior parte dos quadros psiquiátricos do pós-parto. Estudos recentes identificaram a existência de medidas pré e pós-parto eficaz na redução do número de mulheres "de maior risco". Após a identificação de tais subgrupos de mulheres, deve-se oferecer educação, psicoterapia de apoio e até medicação quando bem indicada e orientada. Qualquer tratamento deve envolver equipe multidisciplinar, com o obstetra, o psiquiatra e o psicólogo. O enfoque é sempre o biopsicossocial, como em todos os transtornos mentais. Pais e familiares devem também ser orientados.
Todas as medicações administradas às mães durante a lactação, podem ser excretadas no leite materno. A quantidade observada no leite materno, entretanto, é geralmente pequena e considerada de risco mínimo para o bebê. A exposição ao agente psicotrópico (medicação) também pode ser minimizada se a mãe ingerir o medicamento logo depois de completada a amamentação. Os psicofármacos (antidepressivos) tendem a se concentrar no leite materno obtido entre 7 e 10 horas após a sua ingestão. O leite obtido neste período deve ser descartado. Entre os medicamentos considerados mais seguros estão tanto os antidepressivos tricíclicos (mais antigos como anafranil, pamelor), quanto os inibidores seletivos da recaptura de serotonina (Prozac, Zoloft, Cipramil, etc).
"Calmantes", como Lorax, Valium, Lexotan não são indicados. Podem ocorrer sintomas de abstinência no bebê (agitação, insônia, tremores e até convulsões).
A relação risco-benefício sempre deve ser respeitada na escolha dos medicamentos. O uso de medicamentos deve ser reservado para as situações onde a exposição da mãe e do bebê à doença oferecem maiores riscos que a exposição à medicação. A prescrição deve ser feita por especialistas. Outro tratamento para depressão moderada ou grave do pós-parto a ser testado em breve na USP, pelo Dr. Marcolin (em parceria com a Pró-Mulher), será o de estimulação magnética transcraniana (EMT). Tal técnica, se eficaz, será muito benéfica, pois não tem efeitos colaterais. A estimulação magnética transcraniana (EMT) é uma técnica de estimulação cerebral não-invasiva, foi reintroduzida e desenvolvida para o diagnóstico de transtornos neurológicos, pois induz respostas motoras pela estimulação magnética do córtex motor diretamente. As causas da depressão estão na combinação de fatores filogenéticos, ambientais/históricos (acontecimentos ao longo da vida) e sócio-culturais. Os fatores históricos, também chamados de psicológicos, são de extrema relevância tanto no surgimento da depressão quanto na sua manutenção. Uma história de vida com muitas perdas afetivas, perdas financeiras ou incapacidade de alcançar os objetivos traçados pode criar e cria um “terreno fértil” para a depressão. É importante ressaltar que um estilo de vida que não possibilite experiências agradáveis, conquistas, vitórias pode não só desencadear como manter um quadro de depressão. Depressão é o nome atribuído a um conjunto de alterações comportamentais, emocionais e de pensamento, tais como, afastamento do convívio social, perda de interesse nas atividades profissionais, acadêmicas e lúdicas, perda do prazer nas relações interpessoais, sentimento de culpa ou autodepreciação, baixa auto-estima, desesperança, apetite e sono alterados, sensação de falta de energia e dificuldade de concentração. Tais alterações tornando-se crônicas trazem prejuízos significativos em várias áreas da vida de uma pessoa. Aquele que está deprimido vê o mundo de forma diferente, sente a realidade de forma diferente e manifesta suas emoções de uma forma diferente. Depressão não é frescura, de longe a considero a pior de todas as doenças do humor. Informa-se mais.
São Paulo 30/11/2009 –www.sosdrogasealcool.org
No comments:
Post a Comment