Saturday, December 31, 2011

Os olhos do Brasil, voltados para essa barbaridade. por Elmano Rodrigues Pinheiro




O jornal Correio Braziliense de hoje 31/12/2011 estampa no seu caderno Cidades, dois crimes que abalaram o povo brasileiro, e que infelizmente citam duas cidades da nossa região, Brejo Santo, e "Juazeiro do Norte", essa citada na publicação de ontem, mas deixando em dúvida, se não é o Juazeiro da Bahia. Quem assistiu ao noticiário das TVs, ainda se encontra perplexo e horrorizado com as imagens e os depoimentos, e a frieza dos autores do caso, envolvendo crianças.


Padre preso por pedofilia estaria abusando de crianças há um ano
Ariadne Sakkis
Publicação: 31/12/2011 08:00 Atualização: 31/12/2011 08:44

Padre Evangelista Figueiredo foi preso em casa, no Condomínio Del Rey

Nascido em Brejo Santo, no Ceará, Evangelista Moisés de Figueiredo é padre há 18 anos e atuava havia uma década na Igreja de São Francisco de Assis, na região de Tororó, no Jardim Botânico. Ontem, policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) o prenderam sob a acusação de ter abusado de seis crianças com idades entre 5 e 14 anos, por pelo menos um ano. Por volta das 6h, os agentes o flagraram em casa, no condomínio Estância Del Rey, deitado na cama ao lado de uma mulher nua, ex-auxiliar do pároco. A investigação durou três semanas. As vítimas, de origem pobre, são filhas de fiéis da igreja.

Há menos de um mês, uma mãe procurou a 30ª DP (São Sebastião) para registrar uma queixa contra o sacerdote de 49 anos por desconfiar de que Evangelista tivesse violentado sexualmente seus filhos. O caso foi repassado para a delegada-chefe da DPCA, Valéria Raquel Martirena, que iniciou as investigações. Outra menina da mesma região também teria sido alvo dos abusos por parte do padre. Os menores foram ouvidos por policiais especializados.

Chamou a atenção da polícia o fato de todos os relatos detalharem a mesma sequência de fatos e situações, dando consistência às acusações. Como o pároco tinha a confiança dos pais, espectadores das missas que ele conduzia, não era incomum que as vítimas ficassem sozinhas com Evangelista tanto nas casas onde moravam quanto na residência do padre.

De acordo com Martirena, esses seriam os locais em que os abusos eram cometidos. “Ele dizia às vítimas que ajudaria com tarefas escolares ou lhes daria dinheiro, entre R$ 20 e R$ 30, mas nunca cumpria a promessa. O acusado cometia vários tipos de abusos, desde apalpar as crianças até realizar práticas sexuais”, explica a delegada. O celular do suspeito continha um vídeo pornográfico, o mesmo mencionado no depoimento das vítimas. “Evangelista mostrava as cenas pornográficas às crianças antes de abusá-las. Todas as vítimas afirmam ter visto o vídeo”, completou o diretor-geral da Polícia Civil do DF, Onofre de Moraes. Os agentes confiscaram também um computador.

Na casa de Evangelista, foi encontrada uma arma cartucheira .36, mas ele nega ser o dono da espingarda, assim como refuta todas as acusações. A mera presença de um armamento de fogo é considerada pela polícia uma intimidação às vítimas. Além disso, o padre teria ameaçado as crianças ao dizer que se alguma delas relatasse o que acontecia entre quatro paredes, ele faria com que os pais perdessem o emprego. Agora, a DPCA encaminhará vítimas e familiares para a Vara da Infância e Juventude e para a Promotoria de Defesa da Infância e Juventude. Elas deverão receber orientação psicológica.

A polícia tem 10 dias para finalizar o inquérito e o acusado permanecerá preso ao longo de toda a investigação. Autoridades de segurança acreditam que com a divulgação do caso novas denúncias possam aparecer. Por enquanto, ele será indiciado por seis estupros de vulnerável, cuja pena varia de 8 a 15 anos de reclusão, e por porte ilegal de arma, crime pelo qual pode pegar entre 1 e 3 anos de detenção. Somadas as penas máximas, o padre Evangelista Moisés de Figueiredo pode pegar até 93 anos de cadeia. Ele está na carceragem do Departamento de Polícia Especializada e deve ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda na terça-feira.

Congregação
Evangelista foi ordenado em 1993 e pertence à Congregação de São Camilo de Lélis, da qual faz parte a igreja São Francisco de Assis, no Tororó, localizada na DF-140, próximo à saída para Unaí (MG). Antes de ser o sacerdote de lá, trabalhou por oito anos na Igreja São Camilo, na 303 Sul. De acordo com Onofre de Moraes, diretor-geral da Polícia Civil, Evangelista também teria tido problemas nesse templo, mas não há registros oficiais. O acusado atuou como pároco durante oito anos na Igreja São Camilo de Lélis, na 303/304 Sul, e teve breve passagem pela paróquia do Divino Espírito Santo, na 905 Norte.

A Arquidiocese de Brasília só se manifestará quando obtiver as informações do processo. Antes da execução do mandado de prisão, a assessoria jurídica da instituição não sabia sequer da existência das denúncias ou da investigação aberta contra o pároco. Um advogado tem acompanhado o clérigo, mas a permanência da Arquidiocese na defesa dele dependerá da análise dos fatos. O arcebispo de Brasília, dom Sérgio da Rocha, aguarda as informações da assessoria jurídica para discutir junto ao Tribunal Eclesiástico as atitudes cabíveis. Se as denúncias forem comprovadas, o padre Evangelista também responderá a procedimento canônico.

Colaborou Ricardo Taffner
Suspeito de outros crimes sexuais, pedreiro é tratado como maníaco

Saulo Araújo
Luiz Calcagno
Publicação: 31/12/2011 08:00 Atualização:

Francisco, o acusado: ''Foi um crime bárbaro, sim, que nem eu queria que acontecesse, mas aconteceu''

O pedreiro Francisco Cosme Leal da Silva, 39 anos, é suspeito de uma série de estupros de crianças no Distrito Federal. Ontem, a Polícia Civil recebeu pelo menos quatro denúncias de pais, assustados com os relatos dos filhos que o reconheceram como o autor de crimes sexuais praticados em 2010. Três das supostas vítimas, duas delas irmãs, todas com idades entre 9 e 10 anos, moram no Riacho Fundo, onde reside Francisco.

Ele foi preso na noite de quinta-feira, acusado de sequestrar, violentar e matar a menina Beatriz Silva do Nascimento, 9 anos, no domingo de Natal. O corpo dela foi encontrado quatro dias depois, numa região de mata fechada, ao lado de um córrego, no Setor de Chácaras Colônia Agrícola Sucupira, a 500 metros da casa do suspeito. Beatriz será sepultada hoje, às 11h, no Cemitério de Taguatinga.

Para os investigadores do caso, o pedreiro é considerado um maníaco sexual. O titular da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), Leandro Ritt, que comandou a equipe responsável pela prisão de Francisco, acredita que ele tenha praticado outros delitos dessa natureza. “Ele é um psicopata, um pedófilo que, certamente, deve ter deixado um rastro por onde passou. A experiência nos mostra que, com a exposição do caso na mídia, mais cidadãos devem entrar em contato conosco.”

Francisco guardava em casa documentos de uma menina de 12 anos. Ele alega tratar-se de sua filha, que reside com a avó paterna, em Sumaré (SP). Os policiais apuram a veracidade da informação. Foi justamente no município paulista que ele abusou sexualmente de uma criança (leia quadro). Identificado pelas autoridades do Estado, fugiu para Brasília antes de ser preso.

A Justiça de Araxá, em Minas Gerais, também tem dois mandados de prisão expedidos contra o pedreiro, por furto. A promotora de Justiça Maria José Miranda acredita que, se houvesse um sistema de cadastro unificado, com a identificação de todos os foragidos do país, o suposto estuprador poderia ter sido detido antes mesmo de entrar no DF. Ela também citou como causa da impunidade as leis brandas. “É necessário o endurecimento das penas. Hoje, um estuprador fica pouco tempo na cadeia.”

Agora, os policiais se debruçarão sobre o banco de desaparecidos do DF. A intenção é saber se outras vítimas sumiram pelas mãos dele. “Vamos mapear por onde ele andou, cruzar com os locais onde as pessoas desapareceram e saber se há relação”, explicou o delegado da DRS. A frieza do assassino impressionou até mesmo policiais experientes. Depois de violentá-la, ele usou a camiseta azul que vestia para enforcá-la. Após cobrir o corpo com pano e capim, queimou as suas vestes.

Para convencer Beatriz a acompanhá-la até o matagal, o pedreiro ofereceu a ela presentes, balas e chocolates. Imagens gravadas pelo sistema de câmeras de uma loja mostram Beatriz caminhando ao lado de Francisco, numa rua da QS 11, do Areal, em Taguatinga Sul, por volta das 11h30 do dia 25, próximo à casa dela. Beatriz ia para a padaria quando foi abordada. O vídeo revela que o pedreiro parece apressado. Os dois andaram por cerca de 7km até o matagal que serviu de cenário para o assassinato.

A gravação divulgada nos meio de comunicação contribuiu para a prisão do suspeito. Um morador da região telefonou para a polícia e informou o paradeiro de Francisco. Ele reconheceu o pedreiro depois de assistir às imagens. Agentes da DRS foram até o endereço fornecido e encontraram o suspeito, que confessou ser o autor do sequestro e do homicídio. Dentro da casa do pedreiro, havia uma mala cheia de roupas, indicativo de que o suspeito pretendia fugir.

À imprensa, Francisco não demonstrou arrependimento. “Foi um crime bárbaro, sim, que nem eu queria que acontecesse, mas aconteceu”, resumiu.

Psicopatia
O comportamento de Francisco se assemelha ao de outros acusados de violência sexual. Assim como os maníacos de Luziânia e do Novo Gama (leia Memória), o pedreiro era visto como uma pessoa pacata, sem vícios e trabalhadora. O perfil acima de qualquer suspeita faz com que a população não desconfie das intenções dos psicopatas sexuais. É o que explica o professor de psiquiatria da UnB Raphael Boechat. “Trata-se de um transtorno de personalidade associado à estrutura mental da pessoa. E é bastante complicado de se tratar, pois não admitem o problema”, alertou.

Uma proposta polêmica de castrar quimicamente pedófilos tramita no Senado Federal. O professor diz que é possível considerar que tal medida seja aplicada no Brasil, mas ressalta que o Estado deve oferecer alternativas antes de tornar legal o projeto. “É uma possibilidade, mas, antes de adotar algo extremo, o Estado deveria se estruturar para fornecer tratamento”, ponderou.

*Colaborou Mariana Laboissière

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