Monday, June 28, 2010

Reflexões da alma - Por-Francisco Fabiano


Crueldade

Deste muito, aspiro realizar comentários em torno da imensa riqueza que existe na mente humana, que são valiosos recursos para desenvolvermos a capacidade de pensar, escolher, de tomar decisões e para nos tornarmos cada vez mais conscientes e sociáveis em todas as circunstâncias da vida. Isto me inspirou a fazer modestas anotações, cujas páginas coloco no blog do Crato para apreciação. Farei comentários semanais sob diversas reflexões humanas como:Crueldade – Auto crueldade – Orgulho – Crítica – Ilusão - Medo – Egoísmo - Vícios – Solidão – Ansiedade – Segurança – Depressão – Inveja e outros temas.

Crueldade – Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar. A crueldade, como de morte, já se acha em quase todos os povos da antiguidade. Em Atenas, dava-se ao sentenciado à morte opções de escolha: estrangulamento, que era considerado por todos humilhante. O corte de cabeça, pelo cutelo, que era muito doloroso, e o envenenamento, que era o preferido entre os condenados.

Na Roma Antiga, em época anterior a Júlio Cesar, o enforcamento e a decapitação eram as sentenças mais generalizadas. Porém, ao homicida de pais e irmãos era aplicada uma pena invulgar: ser cozido vivo e depois atirado ao mar. A condenação dos incendiários eram as chamas da fogueira. Os hebreus preferiam o apedrejamento, ou a decapitação, pois atribuíam estar na cabeça a localização dos delitos. Na China, havia um processo de deixar cair gotas d’água na testa do condenado, sempre no mesmo lugar, até conduzi-lo à completa loucura. No Japão, os sentenciados à morte tinham a permissão dos juízes para rasgar o próprio ventre com sabre.

Não poderíamos descrever aqui, nestas rápidas reflexões, os atos terríveis de personalidades da história da humanidade, nem analisar sua natureza primitiva e rudimental, inata nas almas em seus primeiros passos de ascensão espiritual. Mas nomearemos algumas dessas criaturas que tiveram comportamentos degenerados: Nero, Napoleão, Calígula, Caracala, Gengis Khan, Ivã - o terrível, Tamerlão. Porém, não nos deteremos às atitudes de personalidades do passado ou do presente, nem nas das incontáveis condutas cruéis de homens que passaram anonimamente pela terra. Todavia, não poderíamos deixar de registrar o fanatismo e o autoritarismo da “Santa Inquisição” - também conhecida como “Santo Ofício”, criada em1233 pelo papa Gregório IX -, que entrou para a história como uma das mais brutais demonstrações de ferocidade e violência contra os direitos humanos.

Não saberemos avaliar com precisão quais os atos mais perversos e sanguinários: os realizados pelos executores ou os praticados pelos executados. Aliás, pessoas lutam e matam até hoje “em nome de Deus”, para justificar e proteger as suas crenças religiosas.

A atrocidade, o sadismo, a perversidade e a desumanidade são características provenientes de insensibilidade ou enrijecimento da psique humana, em processo inicial de desenvolvimento espiritual.

As faculdades do homem estão em estado latente, “como o princípio do perfume no germe da flor, que ainda não desabrochou”, assim, também, em essência somos todos uno com a Perfeição Divina que habita em nós.

Todo processo de aprendizagem resulta em uma expansão da consciência, o que nos possibilita, gradativamente, abandonar os gestos bárbaros. Quando a criatura integrar na sua mentalidade o senso moral, que nela reside em estado embrionário, converterá os atos agressivos em atitudes sensatas e humanas.

Um traço comum em toda a Natureza é a evolução. Evoluir é o grande objetivo da Vida, pois, quanto mais progredimos, mais resolveremos nossos problemas com harmonia e sensatez. A maioria dos indivíduos se comporta como se os problemas existissem por “si sós” e exige que o mundo exterior os resolva. Mas as dificuldades não existem fora, e sim dentro de nós mesmos. Nesse caso, quanto mais percebemos essa realidade, mais aprendemos como solucioná-los sem brutalidade.

Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar. Naturalmente, todos nós ficamos indignados com a rudeza ou a maldade, mas devemos entender que isso é um processo natural da humanidade em amadurecimento e crescimento espirituais.

Por detrás de todo ato de crueldade, sempre existe um pedido de socorro. Precisamos escutar esse apelo inarticulado e dissolver a violência com nossos gestos de amor.

Os atos e a vida do Cristo apresentam, sob muitos aspectos, sempre algo de novo a ser interpretado em seu significado mais profundo. A História da humanidade nunca registrou nem registrará fato tão cruel e violento na vida de um ser humano como aquele ocorrido há quase dois mil anos.

Os judeus tinham, nas redondezas de Jerusalém, uma colina que se destinava à execução dos condenados da época.

Era um terreno de acentuado declive, aspecto pesado e sóbrio, onde crucificavam os assassinos e ladrões. Os gregos deram-lhe o nome de Gólgota, do hebraico “gulgoleth” (“crânio”), os romanos chamavam de Calvário, do latim “calvarium” (“lugar de caveiras”). Esse sítio tinha uma formação rochosa que se assemelhava a uma caveira, além de nele se encontrarem, por todos os lados, crânios em decomposição, expostos ao tempo.

Nesse tétrico lugar, um ser extraordinário, que queria simplesmente despertar nos homens sua “dimensão esquecida”, ou ligar esse “elo perdido” ao Poder da Vida, foi crucificado penosamente.

“E quando chegaram a um lugar chamado de Caveira, ali o crucificaram, juntamente com dois malfeitores, um à direita e o outro à esquerda. Mesmo diante do sofrimento, Jesus dizia: Pai perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem.”

O grande número de pessoas ali presentes representava a violência humana; para elas não havia sequer um pingo de maldade em suas ações, e se ofenderiam, certamente, se fossem acusadas de perversas. Jesus, no entanto, as entendia em sua infância espiritual. Todos nós, na atualidade, preocupados em saber como lidar com a violência que explode de tempos em tempos no seio da sociedade terrena, devemos sempre fazer uma busca interior para compreender integralmente o significado majestoso dessa atitude de entendimento, perdão e amor que Jesus Cristo legou para toda a humanidade.

Francisco Fabiano
Massoterapeuta CRT8477 ( Pintura: de Paolo Bento- artista de Crato )

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