Dilma Rousseff foi empossada neste sábado (1º) como presidente da República. Nos dois discursos que proferiu - no Congresso Nacional e no Parlatório do Palácio do Planalto - a nova presidente reafirmou o compromisso de combater a miséria e erradicar a pobreza. Falou também em mudanças no sistema de impostos e fez um aceno à oposição. Segundo ela, a luta "mais obstinada" do novo governo será "a erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos".
No primeiro discurso, que durou 40 minutos, Dilma reafirmou a defesa da liberdade de culto e de imprensa, disse que a corrupção "será combatida permanentemente" e que estende a mão aos partidos de oposição. "A partir deste momento, sou a presidente de todos os brasileiros", declarou. Dilma prometeu ainda melhorias nas áreas de saúde, educação e segurança. Para dar longevidade ao atual ciclo de crescimento, Dilma afirmou que " é preciso garantir a estabilidade, especialmente a estabilidade de preços, e seguir eliminando as travas que ainda inibem o dinamismo da nossa economia, facilitando a produção e estimulando a capacidade empreendedora de nosso povo".
Ela defendeu uma máquina administrativa mais eficiente e medidas para racionalizar o sistema tributário. "É, portanto, inadiável a implementação de um conjunto de medidas que modernize o sistema tributário, orientado pelo princípio da simplificação e da racionalidade. O uso intensivo da tecnologia da informação deve estar a serviço de um sistema de progressiva eficiência e elevado respeito ao contribuinte", afirmou. Dilma lembrou os tempos da juventude, quando combateu a ditadura militar e foi presa e torturada.
"Queria dizer a vocês que eu dediquei toda a minha vida à causa do Brasil. Entreguei, como muitos aqui presentes, minha juventude ao sonho de um país justo e democrático. Suportei as adversidades mais extremas infligidas a todos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco não tenho ressentimento ou rancor. Muitos da minha geração, que tombaram pelo caminho, não podem compartilhar a alegria deste momento. Divido com eles esta conquista, e rendo-lhes minha homenagem", disse.
No discurso, a presidente reafirmou seu compromisso com os valores democráticos. "Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. Quem, como eu e tantos outros da minha geração, lutamos contra o arbítrio, a censura e a ditadura, somos naturalmente amantes da mais plena democracia e da defesa intransigente dos direitos humanos". No discurso no Parlatório, Dilma agradeceu a "oportunidade que a história me deu de ser a primeira mulher a governar o Brasil". Ela também prestou homenagem ao ex-presidente Lula. "Conviver todos estes anos com o presidente Lula me deu a dimensão do governante justo e do líder apaixonado por seu país e por sua gente. A alegria que sinto pela minha posse como presidenta se mistura com a emoção da sua despedida".
Dilma oferece 'mãos estendidas' para opositores na campanha eleitoral. Ela fez pronunciamento à Nação no parlatório do Palácio do Planalto. 'Não se pode trocar um aperto de mão com os punhos fechados', disse. Em discurso para a multidão concentrada em frente ao Palácio do Planalto, do parlatório do palácio, a presidente Dilma Rousseff, afirmou que não se pode "trocar um aperto de mão de punhos fechados" e ofereceu as mãos "estendidas" para os que não foram aliados na campanha eleitoral.
"Eu governarei para todos os brasileiros e todas as brasileiras. Uma mulher, uma importante líder indiana, disse um dia que não se pode trocar um aperto de mão com os punhos fechados. Pois digo que minhas mãos estarão sempre estendida para todos, até para aqueles que não nos acompanharam neste processo eleitoral", declarou.
Ela pediu união e disse que aceitará as eventuais críticas. "Acredito e trabalharei para que sejamos todos unidos nas mudanças necessárias na saúde e na educação e sobretudo na luta para acabar com a pobreza. Buscarei apoio e respeitarei a crítica", declarou. Segundo a presidente eleita, ela pretende trabalhar para criar oportunidades para os jovens. "Meu sonho é o mesmo sonho de qualquer cidadão, o sonho de que uma mãe e um pai possam oferecer oportunidades melhores do que eles tiveram, Esse é o sonho que constrói o país, uma nação", disse.
Lula e Alencar
A presidente prestou homenagens ao antecessor Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice de Lula, José Alencar, que não compareceu à cerimônia de posse porque está internado em São Paulo, onde se recupera de cirurgia. "A alegria que sinto pela minha posse como presidenta se mistura pela emoção da sua despedida [de Lula]", afirmou. Sobre Alencar, disse que é um "exemplo de coragem e amor à vida "nos dá esse grande homem". "E que parceria Lula e José Alencar fizeram pelo nosso país e pelo nosso povo. Eu e Michel Temer nos sentimos responsáveis em seguir o caminho aberto por eles".
Do G1, em Brasília
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