Saturday, January 1, 2011

Homenagem a um grande amigo e escritor do Blog do Crato - Vicente Almeida


Existem pessoas que um dia a gente conhece, sente que há muito em comum, mas por força dos compromissos, dos inúmeros afazeres que a vida nos impõe, acabamos sem ter a oportunidade devida de nos aprofundarmos na amizade. Esse é o caso de um grande amigo que presto uma homenagem hoje. Vicente Almeida, mais conhecido por Almeidinha, cuja amizade vem dos tempos de meu pai. Os dois contabilistas, na década de 80 e início de 90, compartilhavam conhecimentos e amizade. Meu pai, Damião Sousa trabalhava na construtora LEIMO, de propriedade de Dr. Assis Leite, que ficava ali na R. Senador Pompeu. Era o chefe de setor pessoal ( foi inclusive nesse tempo que o Antonio Morais, nosso escritor e colaborador, era gerente do BIC, e meu pai também fez amizade com o Morais ). Era tudo ali pertinho, construtora Leimo, quase defronte existia o cartório de Geraldo Lobo, Aglézio de Brito, na outra esquina existia o banco BIC, e tínhamos ainda a famosa Farmácia Pasteur, na outra esquina.

O Almeida possuía um escritório de contabilidade muito renomado na região do cariri, sendo a primeira pessoa que se conhece a utilizar a informática nesse setor, na região. Sempre foi além do seu tempo. Usou computadores para o trabalho, quando estes não tinham ainda nem disco rígido; Usávamos disketes naquela época, e os antigos CP-300 da empresa Prologica.

Almeida tem uma filha a quem eu tenho a maior consideração também, porque tive o prazer de ser seu professor de piano: A nossa querida Poliana. Lembro-me de Poliana, uma mocinha sapeca, correndo nas dependências da SCAC - Sociedade de Cultura Artística do Crato. Ia quase todo dia, religiosamente estudar as peças nos pianos das salas do andar superior, e passava horas tocando os exercícios. Naquele tempo, eu tinha uns 18 alunos de piano ( 1986/87 ) e eram sempre divertidas as nossas aulas, porque a Poliana sempre foi uma pessoa muito alegre, muito extrovertida, muito atenta. Naquele tempo não existia tristeza. Olhando agora através da janela do tempo, era tudo como um sonho azul e rosa. Havia uma magia no ar, junto com a música, e os perfumes. O mundo era um lugar doce de se viver. Poliana casou-se e foi morar em São Paulo. Enquanto isso, Almeidinha continuava a trabalhar diuturnamente no seu escritório, que pelo pioneirismo e a sua competência era para o mundo da contabilidade, assim como Dr. Aglézio de Brito está para o mundo da advocacia. O tempo passou... Poliana teve filhos...Eu toquei no casamento da outra filha do Almeidinha. Uma grande honra para mim. Os computadores ganharam terabytes de memória...entramos na era internética, e ganhamos alguns cabelos brancos, mas perdemos alguns entes queridos, inclusive meu Pai.

O tempo, este vilão imperdoável, comum a todos, nunca permitiu que nos aprofundássemos muito em nossa amizade. Encontrávamo-nos ainda esporadicamente "Boa Tarde, Sr. Almeidinha!", "Boa tarde, Dihelson!"... até o dia em que para minha felicidade, vi uma postagem do Almeida no Blog do Sanharol e logo, uma no Blog do Crato. Seria o mesmo Vicente Almeida que eu conhecia há décadas ? A resposta foi: SIM. Ali estava um amigo "virtual" antes mesmo de existir internet. Almeida hoje escreve crônicas, questionamentos importantes à sociedade, traz mensagens de otimismo e como não poderia deixar de ser, conduz uma personalidade magnética.

Ontem, quer por coincidência ou por um destino programado ( como Almeida, eu também não acredito em coincidências ), nos encontramos como há muitas décadas não foi possível, no calçadão do Crato. De repente, iluminado ao sol causticante do mês de dezembro, surgia aquele homem baixinho, trajando um óculos tão característico e familiar que é a sua marca registrada, portando o sorriso de uma criança sapeca que nos dá a impressão de que ele nunca mudou as feições. E foi festa! Almeida sentou-se, e pudemos conversar longamente sobre a vida, sobre o poder da amizade, compartilhar experiências, e falar sobre as pessoas de quem gostamos. Ao final, como não poderia deixar de ser, continuei com aquela mesma sensação de 25 anos atrás, de que o homem tem tantos conhecimentos, que é preciso ainda conversarmos por muitos anos para que possamos trocar idéias e experiências.

Meu querido Almeidinha, foi um prazer imenso encontrá-lo naquela tarde no calçadão, ao lado de outro grande amigo, Wilson Bernardo, e tantos outros. Uma vida às vezes, não é suficiente para que possamos conhecer alguém em sua totalidade, mas bastam apenas 5 segundos para perceber quando uma pessoa é verdadeiramente, um grande ser humano.

Um grande abraço, meu velho e novo amigo!

Dihelson Mendonça

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