A cidade toda sofreu, mas a concentração de chuva foi maior em 12 bairros da Zona Norte e no Centro. O Maracanã ficou ilhado e trouxe à tona uma pergunta: pode acontecer o mesmo na Copa de 2014 ou nas Olimpíadas?
Um ano depois das chuvas que provocaram mortes no Rio de Janeiro, a cidade voltou a enfrentar as consequências das águas de abril. Mas, desta vez, moradores de algumas áreas de risco foram avisados do perigo a tempo de se proteger. A cidade ficou debaixo d’água, e algumas pessoas também. Um homem enfrentou a correnteza até se agarrar às grades para não ser arrastado. Perto dali, uma pessoa acabou morrendo afogada. Às 21h30, o Rio de Janeiro estava em estado de alerta. Pouco depois, uma sirene deu o aviso. Moradores de áreas de risco, na Zona Norte, deveriam sair de casa e procurar lugar seguro. O sistema foi acionado, pela primeira vez, em 11 das 20 comunidades onde é feito o monitoramento das chuvas. Alan da Silva, morador do Morro da Formiga, decidiu ficar, como muitos. “A pessoa que ouvir a sirene deve sair de casa. Podia matar meus filhos, meu primo, minha tia, podia matar todo mundo”, disse.
A força da água era tanta que a única saída para os passageiros do ônibus foi o teto. Uma pedra de quase 600 quilos rolou do morro e interditou uma via que liga as zonas Norte e Oeste. A cidade inteira sofreu, mas a concentração de chuva foi maior em 12 bairros da Zona Norte e no Centro. Em quatro horas, choveu o esperado para 40 dias.
“Nós não tivemos a capacidade de prever, com a devida antecedência, o que se passou na cidade. Com isso, não pudemos avisar ao nosso cidadão para que saísse de casa ou para que voltasse para a casa mais cedo ou ficasse mais tempo no trabalho. E muita gente acabou sendo presa pelo incidente climático e pelas chuvas”, destacou o secretário municipal de Conservação do RJ, Carlos Roberto Osório. O Maracanã também ficou ilhado e trouxe à tona uma pergunta: pode acontecer o mesmo na Copa de 2014 ou nas Olimpíadas? A região toda sofre com enchentes há décadas. A prefeitura diz que a solução é uma obra grande que vai mexer com os cursos dos rios e instalar piscinões, mas ainda trabalha no projeto que vai receber dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “A partir do momento em que a gente tenha o projeto homologado pela Caixa Econômica e que a gente licite as obras, concluiremos em um prazo de 18 meses”, afirmou o secretário municipal de Obras do Rio de Janeiro, Alexandre Pinto. Durante a madrugada, a única alternativa para quem vive ou trabalha em um dos bairros mais afetados na cidade foi tentar conter a água. Só de manhã, foi possível ver o quanto foi destruído. Em uma rua, todas as casas e lojas ficaram inundadas. “Há 12 anos que eu estou aqui, há 12 enchentes. Todo ano, tem umazinha dessas”, declarou um homem. Depois da água, o carioca teve que enfrentar a lama para cruzar a cidade. Solitário, um morador tentava fazer a parte dele na esperança de que na próxima chuva as consequências sejam menores: “O que eu arrastei de tapete, que cobre metade de um ralo, de saco plástico, eu tenho certeza que a água vai fluir com mais veemência”.
A prefeitura do Rio de Janeiro informou que pretende instalar, em dois meses, um sistema capaz de prever chuvas como a desta segunda-feira (25) com dois dias de antecedência.
Fonte: G1
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