Término do Campeonato Cearense de Futebol de 2011. Ocupavam derradeiras colocações o Limoeiro, já rebaixado e sem apelação, pela contagem dos pontos, o Quixadá e o Crato, estes dois a medir forças, questão de poucos pontos. Na penúltima rodada, o Crato fora a Horizonte e, em noite memorável, com um gol de Marquinhos Portugal, vencera o Fortaleza, afastando-o de vez do quadrangular final que decidiria a competição. O Quixadá encontrara, em seu penúltimo jogo, na quarta-feira anterior, o Icasa, no Romeirão, em Juazeiro do Norte, abiscoitando, na oportunidade, três pontos inestimáveis, pelo placar mínimo, feito importante que lhe manteve as esperanças de preservação na série A. O Crato, com isso, ficara entregue aos recursos próprios de vencer a disputa de seu derradeiro jogo contra o mesmo Quixadá, domingo, no Estádio Mirandão, na Princesa do Cariri.
O espetáculo, assim posto, configurava tarde coletiva de tudo ou nada, no futebol interiorano. Reunião de suados esforços para sobreviver à degola e descer de nível nos times do Estado, de acesso difícil ano após ano; dois que descem, dois que sobem; série abaixo, série acima. Bom, no domingo, depois do meio dia, o tempo escureceu nas bandas do nascente e caíram chuvas fortes por mais de uma hora. Adiante, perto do jogo, o sol abriria sua claridade e o público chegou ao estádio a fim de torcer pelas hostes cratenses.
Os que compareceram, em número mediano e entusiasmado, de certeza, depositariam no armário das lembranças momentos inesquecíveis, a principiar pelas emoções ardorosas de um primeiro tempo do Quixadá resolvido, a todo custo, conservar o empate, resultado que, sobremodo, lhe favoreceria. Ao Crato Esporte unicamente interessava vencer, indo, por isso, à frente em sequência de tentativas concatenadas, infrutíferas, igualmente, no decorrer dos quarenta e cinco minutos iniciais. As equipes retornariam ao segundo tempo, Crato mostrando a boa aplicação de ataque e Quixadá bem posto em seu campo, a estratégia desenvolvida na primeira etapa, visando conservar o zero a zero com as unhas e os dentes.
Torcedores cratenses aguardavam as delícias de romper o furor dos nervos tensos. Gritos. Impaciência. Movimentações incontroladas. Energias efusivas que se derramariam aos borbotões no primeiro gol. O autor, aquele que também pusera de joelhos o lendário Fortaleza há poucos dias. Marquinhos Portugal entrara minuto antes e dos pés dele, aos três minutos, explodiram os pulos e a algazarra delirante, no estádio, em contagiante alegria. Destravavam-se os desejos acumulados o campeonato inteiro A sensação outra vez viria à tona, acrescentada, aos 18 minutos, quando Carlos Alberto recebeu acertado passe e concretizou o segundo gol, a reforçar nos presentes certezas positivas da vitória final.
O esquadrão do Quixadá sentiria o impacto dos dois tentos, desesperando-se em assaltos impetuosos à meta contrária, o que havia esquecido durante toda a partida, vítima das acomodações do empate favorável. Nisto, abalava a retaguarda cratense e concretizaria um gol preocupante aos 41 minutos, do atleta Lopes.
Esses instantes pareceram eternos. Abismados nas fixações de outras vantagens de placar que sumiram pelo ralo, em partidas nefastas, os cratenses receberam com apreensão o tento quixadaense, nuvens tais só desfeitas aos acordes estonteantes das comemorações do terceiro gol, em tacada à distância do atacante Djalma, guerreiro reconhecido nas várias ocasiões em que marcara com propriedade a favor do Crato. Nesse passo, os esplendores cresceram no riso cúmplice dos que comungaram a manutenção do Azulão da Princesa entre as esquadras da primeira divisão do Campeonato Cearense rumo à nova temporada.
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