Saturday, February 26, 2011

Carnaval de Rua do Crato – UM VEXAME A MENOS - Por: Ed Alencar


Foi-se o tempo que o nosso carnaval de rua era sinônimo de beleza e tradição. Infelizmente isto acabou há muito tempo. É triste recordarmos e compararmos, se é que possamos comparar o ontem e o hoje do nosso carnaval. Em conversa com figuras importantes e saudosistas de nossa cidade, lembram eles, que o verdadeiro carnaval de rua que ficou na história foi nas décadas de 40 a 60, onde o cratense tinha orgulho de convidar amigos e receber turistas para viver o nosso carnaval, tanto de clubes como de rua. Dava gosto ver nas ruas do Crato, os Blocos, as Escolas de Samba bem organizadas, os Maracatus e os foliões solitários hilários que completavam a festa. São tempos idos que realmente ficaram na história e dessa história fizeram parte figuras inesquecíveis como os carnavalescos Zé Maia, Valdir Silva, Geraldo Maia e outros.

Naquele tempo, as Escolas de Samba se organizavam com antecedência. Faziam festas, bingos, havia uma dedicação desde o integrante ao presidente da escola. Para o radialista Mazim era tudo feito com amor, até as rádios Araripe e Educadora transmitiam o carnaval de rua e tinha também palanque para comissão julgadora que era criteriosa no julgamento dos quesitos das escolas em desfile. Tempo da crônica carnavalesca, mas hoje, ou há pouco tempo atrás, foi vergonhoso o que se viu nos desfiles de rua do Crato, se não tiver dinheiro da prefeitura., não tem carnaval. Tornou-se um ciclo vicioso dos dirigentes de Escolas de Samba, com raras exceções (se é que tem), correrem o chapéu ao órgão público por algumas merrecas. Onde passam 365 dias de braços cruzados à espera de um sim ou de um não, e se for sim, a falta de vergonha ganha avenida. Assinam um atestado da incompetência e falta de respeito com nossa tradição pelo que apresentam durante o desfile. São fantasias reaproveitadas de carnavais passados, algumas armações de ferro improvisadas de carros alegóricos que geralmente quebram antes do desfile. Meia dúzia de travestis como destaque que desfilam da 1ª a última escola, sasaricando na avenida sem samba no pé, além de trajes impróprios sendo aplaudidos por poucos e ridicularizados por muitos.

É um carnaval sem escrúpulo, sem credibilidade, pois nenhum empresário vai querer investir no que vê. E assim, é melhor não ter. O estado do nosso carnaval de rua chegou ao fundo do poço, igualzinho ao nosso canal do Rio Granjeiro que de mão em mão e por falta de planejamento e visão futura, virou buraco.

Quanto à suspensão da verba da prefeitura, isto não vem ao caso, é mais uma prova que; se as nossas Escolas de Samba fossem independentes e tivessem vida própria haveria desfile de carnaval. Já o sentimento alegado pela tragédia das chuvas, não são convincentes, muito mais sofreu São Paulo, Minas Gerais com cheias e mortes e lá haverá carnaval, e bem mais que todos, não superam a tragédia do Rio de Janeiro com mais de 1000 mortos e desaparecidos, e se não bastasse recentemente vários barracões e alegorias, foram destruídos pelo fogo e como exemplo maior deram a volta por cima e das cinzas ressurgiram com amor e respeito fortalecendo as responsabilidades de cada um pela sua tradição. Aqui não morreu ninguém, graças a Deus, mas morreu a nossa tradição e o respeito pelo que fomos ontem. Porque já não se faz carnaval de rua como antigamente.

Lamente se puder...

Por: Ed. Alencar
Ambientalista

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