Saturday, October 23, 2010

Para Refletir - Carlos Rafael


NE - O membro do Blog do Crato, Prof. Carlos Rafael postou um comentário muito pertinente, na coluna do Prof. Armando desta semana. Um comentário que vem em ressonância a muitos de nós neste final de campanha política, e que provavelmente muita gente compartilha dos mesmos sentimentos e sensações vividas pelo Carlos. Achei tão interessante, que para dar maior visibilidade, o trago aqui para o refrigério das almas que já se acham enjoadas ( ou como ele diz "Enojadas" da campanha política ): ( D. Mendonça ).

"Nestes dias de contendas eleitorais, emerge, com intensidade e força, manifestações cotidianas do debate ideológico entre a direita e a esquerda. Confesso que ando meio enjoado (às vezes mesmo enojado) do baixo nível de alguns debates que se sucedem, a começar pelos proferidos por políticos profissionais que se postam no front da guerra eleitoral, a defenderem seus interesses corporativos e fisiológicos. Na retaguarda, então, é um verdadeiro “deus-nos-acuda”, onde o calor do momento parece cozinhar a sensatez dos oponentes, interferindo até em longas e aparentes sólidas amizades. Foi a deixa para não deixar que a política me aborreça. Por isso, confesso, estou irreversivelmente cansado disso tudo. E aborrecido também. Cansado e aborrecido de ter que ouvir piadinhas sobre a colossal vitória do partido A contra o partido B. Cansado e aborrecido de ter que desviar dos renitentes militantes (ou cabos eleitorais) que todos os dias, manhãs e noites, se postam na porta da Universidade onde trabalho e distribuem propaganda do outro candidato. Cansado e aborrecido de ser confundido como eleitor do outro candidato, talvez simplesmente por que sou professor universitário e como tal pareço ter um rótulo na testa. Cansado de, quando digo que não sou partidário de tal candidatura, ter que ouvir aquela costumeira indagação de “não-acredito-no-que-estou-ouvindo-professor”.

No início desta campanha já tinha decidido me manter discreto, evitando estéreis, desagradáveis e desgastantes polêmicas. Agora, ao final, decidi radicalizar a posição: doravante tentarei fugir de política como o cão foge da cruz. Sei que depois do dia 31, data da eleição do segundo turno presidencial, e passada a euforia dos que se considerarão vitoriosos, tudo voltará a ser como dantes no quartel de Abrantes. Os ânimos serenarão e o assunto eleição deixará de ser a ordem do dia. Para mim não bastará, pois a estrovenga continuará girando, só que acima dos pescoços. Só me interessarei doravante por Política (assim, com “p” maiúsculo). Deixarei a política (assim, com “p” minúsculo) para aqueles que gostam deste maniqueísta e pobre debate que separa as pessoas por rótulos ideológicos ou opção eleitoral."

Carlos Rafael

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