Pior do que está, pode ficar !
Que espetáculo mais deprimente é esse tal de horário eleitoral gratuito. Já me disseram que o que vem de graça, pode é avaliar bem se presta. Vixe, meu Deus, como usam mal esse instrumento comunicativo tão influenciador das massas que é a televisão. É perversidade ter que se submeter a tantas promessas. O povo, nem se fala; já amarga essa tal infelicidade de, ao invés de estar assistindo as inúteis novelas televisivas, ter que se aboletar no sofá da sala para se prender ao HEG (Horário Eleitoral Gratuito).
É um eu prometo para cá, fulano para lá. Parece mais uma rede de fuxicos, homens e mulheres respondendo aos alardes da imprensa, sobre quem isso ou quem aquilo. Ô coisinha triste. Triste mesmo. Mas como brasileiro é tão criativamente um ser que dribla as situações e as transformam com sua incrível capacidade, virou humor. O horário eleitoral tem um sentido tremendamente anti estresse. Os rostos, de mil e uma faces, personagens com suas prosódias e até prosopopéias, oratórias ensaiadas, um ridículo maquiado, muitas vezes, merecendo muito mais um lustre ‘perobado’ (óleo de peroba mesmo), do que propriamente maquiagem. Eles aparecem para pedir o seu, o meu, o nosso infausto voto. É muita humildade. Gente que até ontem tinha pouco, visivelmente para o povo todo ver, hoje aparece com os carrões de luxo, em suas mansões, e campanhas milionárias, pedindo o seu voto.
A maioria, nenhum projeto ‘inútil’ para mostrar, ou quanto mais útil, tem para expor do que fez em mandatos anteriores. Se propõem ao viciado carreirismo, imbecilizando as pessoas, mais do que já estão, com os ridículos jingles de campanha. Outra grande tortura. Mas de certa forma estão corretos, quando se apropriam do pior da música para colocar letras que as fazem dessas cancionites ainda piores do que são (e aí são criativos demais), para ludibriar com os seus tons repetidamente chatos, direcionando hipnoticamente o seu voto.
A cachaça é amiga de muitos políticos. Embebeda hoje, e amanhã também. Assim, eleitores bêbados e anestesiados pelo efeito da ‘mardita pinga’, seguem na cegueira coletiva, fazendo de muitos incompetentes da vida pública verdadeiros inimigos do povo. Um mal antirepublicano. Devemos extirpar das esferas do poder esses pesarosos. Homens narcisistas, psicopatas declarados, que não estão nem aí para o que o povo pensa ou necessita depois das eleições. O importante foi conseguir chegar, com uma massa ignóbil, manipulada e embevecida. Uma imbecilidade coletiva instalada.
Bom, nisso tudo tem os bons, acho que deve ter mesmo, em meio a esse palheiro. Em meio a essa grande vergonha que acabou se tornando a política brasileira, uma mera quase repetição, com versão piorada de uma memória coletiva (e vem o coletivo, mais uma vez), ainda fraca para suportar tanto barbarismo, de um primitivismo que enoja quem assiste com os olhos de quem busca algo novo nisso tudo. Um fio de esperança me faz sempre torcer por um futuro melhor, afinal sou brasa, brasileira com gosto e vontade de ver esta nação prosperar com mais justiça e igualdade entre as pessoas. Ainda somos um dos países de maior concentração de renda do mundo, diga-se um dos mais desiguais.
Os 900 mil votos que as pesquisas apontam para o Tiririca, o cearense que sai na frente com sua irreverência, demonstra fielmente para que lado a política brasileira está apontando. Mas ele errou no slogan: Vote em Tiririca, pior do que está não fica! Pode ser dito ou interpretado agora de forma diferente: pior do que ta já está. É uma realidade, que temos que encarar, mas sou otimista de que podemos mudar. Ainda há tempo.
Elizangela Santos
Jornalista MTB/ 1.159
JP Pós-Graduada em História e Sociologia
No comments:
Post a Comment