Monday, January 3, 2011

MOMENTO PARA UMA CRÔNICA - Por: Claude Bloc


O fascínio pelas palavras
- Claude Bloc -


No decorrer desses últimos anos, tenho (re)descoberto, não só um novo amor pelos livros, mas também por palavras. Falei em redescobrir porque as palavras sempre me fascinaram e também me fascina o poder que elas exercem. Não me refiro apenas a palavras soltas, mas mais concretamente ao uso delas na linguagem que utilizamos. Observar, por exemplo, como as palavras rolam em sua/minha boca e sente quando você/eu quer/o dizê-las. Como uma frase pode soar poética enquanto fere como faca.

Eu tenho um verdadeiro fascínio por palavras, sobretudo as incomuns e seus significados interessantes. Tenho também o hábito de colecionar coisas que me surpreendem e encantam. Bem antigamente eu escrevia meus diários e exercitava neles uma linguagem polida. Lapidava meus pobres sonetos de adolescente deslumbrada pela métrica e pelos sons repetitivos da rima. Isso para mim era causa de descobertas fantásticas que se completavam com a ajuda de um dicionário. Rimas tinham ritmo, sonoridade e soavam para mim como música, pois transportavam meus sonhos mais delicados. Eu me sentia desafiada a “ter um caso” com palavras e saia de fininho de volta à vida em circulação, curtindo as palavras novas, buscando nelas seus mais diversos sentidos.

Hoje eu prefiro muito mais ouvi-las como num disparate. Insensato talvez. Ouvir falar bobagem até; nonsense usados na vida cotidiana como, por exemplo, outra pessoa dizendo "eu sei" – o que se sabe da vida? Ou... o que você sabe de mim? Sei que nos dias de hoje usamos uma linguagem simplificada quando falamos e por isso, talvez estejamos perdendo a oportunidade de usar palavras expressivas ao sermos sucintos demais e espirituosos de menos.

Não é que eu pense que devamos ser tão sutis ou pomposos como se costumava ser antigamente, na maneira de falar... nem acredito que possamos trazer de volta o tempo em que não éramos tão dependentes abreviações como no caso das mensagens de texto na internet e dos e-mails. Mas eu bem que gostaria de poder trazer de volta a arte de escrever, usando palavras que hoje estão perdidas e que precisariam voltar a viver.

Claude Bloc

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