Monday, November 30, 2009

Padre Cícero e a exposição de arte LGBT - Quando só o meu direito importa


Esta semana, no “ROTA”, programa policial da TV Verde Vale de Juazeiro do Norte, foi noticiado um fato polêmico: a divulgação de uma fotografia em que a imagem de Padre Cícero Romão Batista aparece com batom e esmalte nas unhas. A fotografia apareceu no livreto de divulgação de uma exposição de arte LGBT, que estava ocorrendo no SESC em Barbalha.
Veja o vídeo:



Padre Cícero é uma figura religiosa do catolicismo caririense. Tido por santo porém ainda não canonizado, sua fama atrai romeiros e devotos de todo o país, que vêm a Juazeiro todos os anos em busca de proteção e em gratidão pelos milagres obtidos.
A polêmica envolvendo o desrespeito à imagem do santo está sendo amplamente debatida na região caririense, e a população tem se mostrado indignada com esta “manifestação artística” promovida pela GALOSC, entidade local do movimento LGBT.
A igreja católica manifestou-se contra o ocorrido, considerando um desrespeito ao sentimento religioso dos seus fiéis, mormente porque o ato foi feito por entidade que luta pelo respeito aos direitos de uma classe, ao mesmo tempo em que desrespeita o sentimento religioso e a própria imagem do Padre Cícero. A igreja não descarta a possibilidade de ação judicial em resposta.
Não é a primeira vez que algo assim ocorre. Recentemente, na Espanha, um calendário em que quadros de arte sacra conhecidos ganharam uma versão LGBT, com seus personagens representados por “drag queens”, travestis e transexuais, com roupas decoradas com preservativos e outros objetos, causaram revolta e críticas.
Diante de fatos assim, pergunta-se: quais são os limites éticos para a luta por direitos num regime democrático, em que os direitos de todos devem ser igualmente preservados? A resposta é muito simples e até clichê: meu direito termina onde o dos outros começa.
A atitude passa a ser ainda mais condenável e ilógica no momento em que utiliza em seu favor a imagem de um ser humano de opinião presumivelmente contrária, falecido, e que é reverenciado e respeitado pela religiosidade popular (objeto de culto), ignorando a ofensa causada no íntimo dos detentores desta, que nada tinham a ver com o assunto. Como se pode exigir respeito quando não se respeita em primeiro lugar? Agindo assim, o movimento GLBT local terminou por dar um tiro no próprio pé.
Entendo que tal movimento, como qualquer outro, é formado por indivíduos bons e maus, éticos e antiéticos, porém jamais idênticos: opinião, bom-senso, respeito, princípios e ética variam de indivíduo para indivíduo, não havendo total uniformidade. Certamente, portanto, nem todo mundo que é LGBT compactuaria com o que foi feito para fins de arte e divulgação, vez que há formas civilizadas e respeitosas de se fazer qualquer tipo de obra, compatíveis com a convivência harmônica dos indivíduos de uma democracia como sujeitos de direito e sujeitos ao direito.
Não sou católico romano, mas, deixando minha opinião sobre o ocorrido, devo dizer que considero um ato reprovável, infeliz, abusivo e de extremo mau gosto, totalmente desnecessário. Há muitas maneiras legítimas e belas de se fazer arte e defender ideias, mas creio que, no mar do infinito de opções, mexer com o sentimento religioso do próximo e com seus direitos não é a melhor.
Eu jamais me sentiria confortável em me valer da imagem de algum ser humano de forma desrespeitosa e contrária à sua opinião. O que eu ganharia com isso? Respeito se conquista, se merece. Havendo como eticamente ganhar e merecer respeito, como posso agir de forma contrária e ofensiva e esperar compreensão e acatamento alheios?
Sinceramente, não creio que todos os homossexuais compactuem com atos assim, como também o povo não compactua com todos os atos de seus representantes eleitos, como grupos discordam de vez em quando de suas lideranças, portanto, não devem ser maltratados ou desprezados pelos erros de quem os afirma representar mas age mal.
O homem, segundo a Bíblia, foi feito à imagem de Deus. Assim, sua dignidade merece ser preservada; bem como seus valores, suas crenças, seus sentimentos, seu íntimo, sua liberdade. O Estado de direito exige para garantir que tais direitos sejam igualmente assegurados a todos. No momento em que atentamos contra a dignidade de alguém, mostramos que não lhes valorizamos como seres humanos. E se ao mesmo tempo em que dizemos que lutamos por dignidade e direitos, calcamos aos pés os dos outros, lutamos por que mesmo?

Por: Avelar Junior


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