Outro dia, falando ao telefone com o artista plástico George Macário, eu sugeri de forma entusiasmada um site de internet, onde também se comenta muito sobre o Crato. Respondendo em tom irônico, ele acabou me mostrando toda uma realidade numa frase simples, que já foi abordada em diversas crônicas por nossos contemporâneos e resume tudo:
"Conheço aquele site! Não é daquele povo que olha o Crato pelo retrovisor ?"
Isso me deixou dias e dias refletindo sobre tão acertada colocação. Realmente existe; Uma grande parcela da sociedade cratense, que ao invés de olhar para o presente e para o futuro, olha para o passado. Alguns, imbuídos de um saudosismo exacerbado, vivem DO passado e NO PASSADO.
No meu entendimento, esse tradicionalismo exagerado não vai nos levar a parte alguma. Relembrar vez por outra... venerar os ícones de outrora é uma coisa. Agora viver olhando todo o tempo para o nosso Crato procurando lembranças e eventos de 30, 40, 50 anos atrás, como se eles fossem se repetir a qualquer momento, é outra coisa. E vai ser muito difícil superar essa ressaca pós porre de soberba e de orgulho que muitos nutrem pelas glórias da cidade.
Crato hoje vive uma realidade muito diferente daquela dos nossos avós que foram morar no sul do país, décadas atrás. Uma realidade complexa em que se discute sobretudo, a sua vocação desenvolvimentista, já que perdemos a hegemonia da região para a vizinha cidade de Juazeiro do Norte, que diga-se de passagem, tem seus méritos, trabalho, e é um fenômeno único na história recente do Brasil; Uma cidade que em uma década cresceu mais que todas as outras. Como se diz por aqui, Juazeiro não cresce... se agiganta a cada dia, pelo comércio impulsionado pela fé numa lenda urbana, que tem dado muito certo.
Por isso, precisamos discutir mais do que nunca, as grandes vocações da nossa cidade: Se queremos para o Crato uma cidade dormitório, ou se queremos por outro lado, progresso, fábricas, e até indústrias poluentes que com certeza, irão destruir o nosso patrimônio ecológico. Precisamos viabilizar talvez o desenvolvimento sustentável; Discutir a expansão da cidade e vários outros aspectos que devem vir também à pauta.
Falando francamente, meus amigos, já perdemos tempo demais olhando para o nosso próprio umbigo; Nosso orgulho besta de eterna cidade "Princesa do Cariri". - Grande coisa - ... Se queremos que o Crato encontre a sua vocação perante a nova realidade que desponta, de região metropolitana do Cariri, precisamos fazer como disse o George Macário, e parar de olhar o Crato pelo retrovisor do saudosismo e do orgulho.
Não renegaremos nossos valores. De forma alguma. O que passou é belo, e será sempre uma referência, um marco. Mas não podemos viver NO passado e muito menos das glórias e feitos DO passado. Afinal de contas, como dizem sempre as pessoas sensatas, a quem tanto admiro,
"A vida mesmo, é só daqui pra frente..."
Dihelson Mendonça
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