Saturday, September 24, 2011

Fontes do Cariri - Emerson Monteiro

Houve um tempo em que existiam bem mais fontes no sul do Ceará, quando a vazão das águas nas encostas da Serra do Araripe imperava qual maravilha das maravilhas, cantada em verso e prosa. As ordens mudaram, no entanto. Notam estudiosos as sérias perdas no potencial aquífero, devido o desmatamento ainda hoje sem controle suficiente, apesar dos esforços despendidos pelos órgãos responsáveis. Pessoa por demais dedicada a coibir tais abusos, o professor Jackson Antero, que ora atravessa sérias dificuldades na saúde. Marcou presença substancial nesse empenho conservacionista das matas caririenses, o que testemunho em preito de gratidão por tudo o que realizou à frente do IBAMA com esse valioso e incansável objetivo.

Nos dias dagora, segundo estatísticas recentes, apenas 0,9% das águas do Planeta dispõem da qualidade mínima de utilização pelas pessoas humanas. Rareadas a cada ano, vertentes naturais do líquido ganharam dimensões de bem raro, precioso, porquanto a água potável é insubstituível na sobrevivência dos seres vivos.

Lembro do livro Terra dos homens, em Antoine de Saint Exupéry narra episódio que reflete a importância das fontes de água nas civilizações. Ele, piloto do correio aéreo, resolvera cumprir promessa feita a amigo seu, chefe de uma tribo do deserto no norte da África, de trazê-lo para conhecer a França.

Em Paris, numa praça, diante de fonte natural generosa observou a insistência do visitante de querer ali permanecer horas indefinidas, na admiração daquelas águas espontâneas a jorrar sem fim. Convidou a seguirem o passeio, quando ouviu do homem que estava disposto a esperar até ver o término daquele manancial de tanta beleza. Extasiara-se, pois, ao assistir às facilidades daquele valor inestimável, que no deserto encontrava apenas em fundos poços dos oásis longínquos.

Assim quem possui muito demora disso reconhecer a singularidade. E também recordo provérbio popular que afirma, dia de muito é véspera de pouco; dia de tudo é véspera de nada. Que tamanho descuido jamais aconteça conosco, de destruir as riquezas naturais, e que lições corretas cheguem logo, através de práticas favoráveis no respeito à Natureza.


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