Entre o que vemos e o que queremos acreditar. Por: Antonio Sávio.

“Nunta anpes nesfte paífs” poderíamos observar uma crise moral tão hedionda como a qual presenciamos agora. As estruturas de todo a cultura do país está sendo abalada pelo efeito de mais de quarenta anos de contaminação por meio de conta-gotas, e agora, finalmente começa a dar resultado. Uma vez que a imprensa, a educação, as artes, o meio político, intelectual e tudo mais que se possa imaginar foi paulatinamente contaminado pela estratégia gramsciana¹ as ações que democraticamente seriam possíveis tornam-se aparentemente utópicas.



A viabilidade de uma estratégia de reação pressupõe-se a existência de setores não aliados e/ou, se possível, uma oposição. A troca de afetos entre PSDB e PT que, antes era discreta ou oculta agora dá as caras com a prostração dos tucanos ante o Deu maior. Há quem diga que em política isso seja normal, pois, negociar é necessário. Do mesmo modo há quem diga que negociar toda e qualquer coisa com quem quer que seja é suicídio político e perda de identidade. Entre as principais provas disso estão os casos que pululam no governo Dilma e que a, suposta oposição jamais fala. Muito pelo contrário. Se a papisa fala, todos dizem o quê mesmo? Amém! Façamos uma pequena lista:

· Site do MINC ensina a blogar anonimamente para fazer militância mais agressiva (http://www.cultura.gov.br/site/2008/09/26/blogando-anonimamente/);



* · Em documento, PT recusa ‘faxina’ de Dilma e pede reforma contra corrupção;



* · Em documento, PT propõe a extinção do Senado;



* · Ministério do Esporte mantém convênio com Sindicato de Cartolas;



* · Mil Secretários de Educação passam quatro dias em Resort na Bahia.







A lista poderia se estender por mil páginas com ou sem repetição de alguns dos casos mencionados, porém, o que torna absurdo não é a possibilidade de governo X ou Y ser corrupto, mas, sobretudo a capacidade de não surgir nenhuma manifestação. Nesta mesma semana em que se despedem os doutos Secretários de Educação de um Resort em Mata de São João, pagos com dinheiro público para promover o Brasil aos piores índices de educação do mundo (nossa nota “já” está em quatro ponto alguma coisa no Ensino Básico).



É interessante observar que na mesma proporção que inexiste uma oposição de fato, uma vez que temos algo como um imago, meramente pró-forma, aumentam a propaganda irrestrita com efeitos contraditórios que muitas vezes comumente nos negamos a enxergar. Na mesma Bienal do Livro que as manchetes mostram a “presidenta” dizendo querer reduzir os impostos sobre os livros vemos estudantes pedindo investimento em educação para reforma de campus universitários e centros de pesquisa. Fala aí Pavlov² não pela boca dos políticos, mas por suas atitudes. A mágica das teorias científicas, políticas ou filosóficas estão aí sintetizadas, na capacidade de atormentar o mundo mesmo depois de morto.



O cérebro que votou 13 se recusa acreditar no que está vendo. Para todos os efeitos a realidade está errada e os discursos e teorias estão indo muito bem. Essa perda de senso de realidade se aprofunda com o declínio da educação e da cultura vão juntos, dançando num compasso perfeitamente simétrico numa ciranda demoníaca.



Notas: 1. Antonio Gramsci, fundador do partido comunista italiano, e Georg Lukacs, são notadamente os precursores do marxismo cultural. Ambos perceberam através de contatos mútuos uma coluna central para a questão: o problema é que a cultura ocidental não habilitava as práticas revolucionárias comunistas. A tática a partir de então seria atacar os pilares da cultura ocidental, para torná-la apta a receber um regime como o soviético.

2. Ivan Pavlov demonstra claramente que a estimulação contraditória pode ser capaz de solapar as defesas psicológicas se feita repetitivamente. Não precisa dizer que a estratégia de governos comunistas prescinde da mesma.