Samuka, que não foi ao baile, e Blandino, o "promoteur"
Em 1986, quando o Bar de Abidoral cerrou suas portas, depois de um curto, mas intenso período de noites sequiosas e do mais puro(?) hedonismo juvenil, Blandino Lobo abriu aquele que seria o espaço sucessor enquanto novo point da rapaziada: o Lagoinha Bar, localizada no caminho entre Crato e Ponta da Serra. No Lagoinha Bar havia uma novidade: um dancing, onde a galera rodopiava, pulava e suava aos cântaros ao som de velhos sucessos e hits da época, dentre eles Nos Barracos da Cidade, um embalado reggae de Gilberto Gil. A onda do momento era dançar solto, fazendo as folgadas roupas, os longos cabelos e as indefectíveis miçangas balançarem num espetáculo à parte.
O lugar era distante, cerca de cinco quilômetro do centro do Crato, agravado ainda pela inexistência de transporte coletivo, nem convencional nem alternativo. O jeito era se valer da providencial carona, o que tornava a clientela do bar mais do que selecionada. A especialidade do Lagoinha Bar era um baião-de-dois com carne assada ou galinha caipira. Blandino sempre foi muito generoso no tamanho das porções e do preço. E o baião-de-dois era feito com arroz integral.
Em outubro de 1986, depois do bar estar consolidado como o mais frequentado espaço da moçada, Blandino resolveu fazer uma festa. Na verdade, um baile à fantasia. Estava-se vivendo o apogeu do rock brasileiro, com várias e interessantes bandas ocupando as paradas de sucesso e as mais altas posições do rancking dos maiores vendedores de discos da música brasileira. Titãs, Blitz, Paralamas, Barão Vermelho, Capital Inicial, Ira, Legião Urbana, Camisa de Vênus, Os Inocentes, Engenheiros, Espírito da Coisa, Magazine, Inimigos do Rei, Biquini Cavadão, Lobão e os Ronaldos, Kid Abelha e outras dezenas ou centenas de bandas faziam a trilha sonora daqueles alegres anos oitenta. Portanto, no embalo do “roque tupiniquim”, Blandino decidiu fazer o baile Rock à Fantasia, o primeiro de uma série de três.
Fui convidado para dividir com Blandino a produção executiva da festa. Chamamos Marcos Leonel e Júnior Balu para selecionar e gravar a trilha sonora. O artista plástico e decorador Edelson Diniz fez a ambientação, de inspiração trash. Salatiel gravou a propaganda que foi veiculada nas emissoras de rádio da região. O lema da festa era “neste baile o limite não tem artrite”, por sugestão de Marcos Leonel. Foi um mês de trabalho pesado, incluindo a confecção artesanal de uma máscara que fazia a vez do bilhete de ingresso. Fizemos mais de mil máscaras-ingressos.
Em 26 de novembro daquele ano bom de 1986, um sábado de lua cheia, precisamente às vinte e duas horas, Salatiel, na função de mestre de cerimônia, deu o baile por aberto ao som de... ópera. Por intermináveis trinta minutos, a música que rolava foi somente erudita, com o público que chegava se impacientando quase às raias da exasperação. Completado o tempo preliminar dessa esquisita abertura, Marcos Leonel e Júnior Balu detonaram o rock Let’s Dance, sucesso de David Bowie, ainda fresquinho na época. Foi o início de uma longa noite de muita curtição. A festa só acabou quando os primeiros raios do sol acalmaram os renitentes foliões.
Por Carlos Rafael
O lugar era distante, cerca de cinco quilômetro do centro do Crato, agravado ainda pela inexistência de transporte coletivo, nem convencional nem alternativo. O jeito era se valer da providencial carona, o que tornava a clientela do bar mais do que selecionada. A especialidade do Lagoinha Bar era um baião-de-dois com carne assada ou galinha caipira. Blandino sempre foi muito generoso no tamanho das porções e do preço. E o baião-de-dois era feito com arroz integral.
Em outubro de 1986, depois do bar estar consolidado como o mais frequentado espaço da moçada, Blandino resolveu fazer uma festa. Na verdade, um baile à fantasia. Estava-se vivendo o apogeu do rock brasileiro, com várias e interessantes bandas ocupando as paradas de sucesso e as mais altas posições do rancking dos maiores vendedores de discos da música brasileira. Titãs, Blitz, Paralamas, Barão Vermelho, Capital Inicial, Ira, Legião Urbana, Camisa de Vênus, Os Inocentes, Engenheiros, Espírito da Coisa, Magazine, Inimigos do Rei, Biquini Cavadão, Lobão e os Ronaldos, Kid Abelha e outras dezenas ou centenas de bandas faziam a trilha sonora daqueles alegres anos oitenta. Portanto, no embalo do “roque tupiniquim”, Blandino decidiu fazer o baile Rock à Fantasia, o primeiro de uma série de três.
Fui convidado para dividir com Blandino a produção executiva da festa. Chamamos Marcos Leonel e Júnior Balu para selecionar e gravar a trilha sonora. O artista plástico e decorador Edelson Diniz fez a ambientação, de inspiração trash. Salatiel gravou a propaganda que foi veiculada nas emissoras de rádio da região. O lema da festa era “neste baile o limite não tem artrite”, por sugestão de Marcos Leonel. Foi um mês de trabalho pesado, incluindo a confecção artesanal de uma máscara que fazia a vez do bilhete de ingresso. Fizemos mais de mil máscaras-ingressos.
Em 26 de novembro daquele ano bom de 1986, um sábado de lua cheia, precisamente às vinte e duas horas, Salatiel, na função de mestre de cerimônia, deu o baile por aberto ao som de... ópera. Por intermináveis trinta minutos, a música que rolava foi somente erudita, com o público que chegava se impacientando quase às raias da exasperação. Completado o tempo preliminar dessa esquisita abertura, Marcos Leonel e Júnior Balu detonaram o rock Let’s Dance, sucesso de David Bowie, ainda fresquinho na época. Foi o início de uma longa noite de muita curtição. A festa só acabou quando os primeiros raios do sol acalmaram os renitentes foliões.
Por Carlos Rafael
No comments:
Post a Comment