"O homem e a hora são um só
Quando Deus faz a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita."
Fernando Pessoa.
Um, o seu outro lado; outro, o inverso de si mesmo. A integração absoluta do objeto no sujeito que perfaz do todo a face única, indivisível. O tudo e o nada numa unidade essencial e pura, uma unidade que mergulha o mistério do ser, reunindo a um só instante o tempo que resta e o bloco das consistências infinitas que um dia principiaram a ser, nas marcas de formas trabalhadas no confronto do dois em só uno e pronto, atritar persistente de esferas a rolar no abismo da eternidade, ao sabor do destino.
Predissessem limites e reflexos vazios contornariam a fronteira das marés, nos continentes dos mares, nos rios, linhas imaginárias de traços inevitáveis, porém vagos e inúteis, meras ficções de lábios rotos e gargantas secas entre terra e água. Pontos soltos a desenhar os céus com traços invisíveis, estridentes sonhos da inexistência, somas vultosas subtraídas e esquecidas em porões escuros de naus malassombradas, desaparecidas na bruma dos segredos.
Isso de perguntar da filosofia, nas questões reflexivas de alta profundidade, quer-se crer adiamento dos encontros definitivos com a sorte das estradas desertas, nas cinzentas, frias e ausentes madrugadas de prenhes de respostas contundentes, pois estas foram ali postas, dadas em graves acentos de bocas escancaradas e momentos de furor. Ninguém alegue, pois, desconhecimento da lei depois das pistas avermelhadas de fogo e sangue prescritas nas alvoradas, tramas do reluzir das pedras. À ponta da língua do pensamento vêm e vão golfadas de sinais da solução do enigma, nas perguntas da vida. Desconfiados de que sabem a derradeira expressão da história futura, bichos arrastam os ossos ressequidos em caudas poeirentas pelo do deserto da existência, reluzentes lagartos de vaidade agressivas preocupações, quais teimosos animais de carga feridos nas vistas diante das claridades da luz.
Alimárias encandeadas, percorrem as trilhas toscas, aprofundadas no pisar das gerações, e andam aos tombos, formigas cambaleantes soltas no vento feitas folhas de árvores fantasmagóricas, sacrossantas miragens da adoração das tribos impacientes de antigamente. Pavios acesos e olhos apagados, o tropel das massas invade o território santo em blocos repetitivos, ao som dos trovões monumentais que quase ecoam sem final, às paredes metálicas de cordilheiras de fumaça.
Nas tripas enoveladas das entranhas, assim, dos tenebrosos monstros entontecidos ao zumbir do enxame feroz de insetos arcaicos atiçados de propósito pelas presas nas teias do pensamento, a dúvida de dentro seriam as dúvidas de fora, valor exclusivo das espécies individuais. Embaixo e no alto. Fora e dentro. Túnica sem costura. Essência de coisa em si e sujeito próprio de todos criador. Pomo particular e pronto.
Por: Emerson Monteiro
Quando Deus faz a história é feita.
O mais é carne, cujo pó
A terra espreita."
Fernando Pessoa.
Um, o seu outro lado; outro, o inverso de si mesmo. A integração absoluta do objeto no sujeito que perfaz do todo a face única, indivisível. O tudo e o nada numa unidade essencial e pura, uma unidade que mergulha o mistério do ser, reunindo a um só instante o tempo que resta e o bloco das consistências infinitas que um dia principiaram a ser, nas marcas de formas trabalhadas no confronto do dois em só uno e pronto, atritar persistente de esferas a rolar no abismo da eternidade, ao sabor do destino.
Predissessem limites e reflexos vazios contornariam a fronteira das marés, nos continentes dos mares, nos rios, linhas imaginárias de traços inevitáveis, porém vagos e inúteis, meras ficções de lábios rotos e gargantas secas entre terra e água. Pontos soltos a desenhar os céus com traços invisíveis, estridentes sonhos da inexistência, somas vultosas subtraídas e esquecidas em porões escuros de naus malassombradas, desaparecidas na bruma dos segredos.
Isso de perguntar da filosofia, nas questões reflexivas de alta profundidade, quer-se crer adiamento dos encontros definitivos com a sorte das estradas desertas, nas cinzentas, frias e ausentes madrugadas de prenhes de respostas contundentes, pois estas foram ali postas, dadas em graves acentos de bocas escancaradas e momentos de furor. Ninguém alegue, pois, desconhecimento da lei depois das pistas avermelhadas de fogo e sangue prescritas nas alvoradas, tramas do reluzir das pedras. À ponta da língua do pensamento vêm e vão golfadas de sinais da solução do enigma, nas perguntas da vida. Desconfiados de que sabem a derradeira expressão da história futura, bichos arrastam os ossos ressequidos em caudas poeirentas pelo do deserto da existência, reluzentes lagartos de vaidade agressivas preocupações, quais teimosos animais de carga feridos nas vistas diante das claridades da luz.
Alimárias encandeadas, percorrem as trilhas toscas, aprofundadas no pisar das gerações, e andam aos tombos, formigas cambaleantes soltas no vento feitas folhas de árvores fantasmagóricas, sacrossantas miragens da adoração das tribos impacientes de antigamente. Pavios acesos e olhos apagados, o tropel das massas invade o território santo em blocos repetitivos, ao som dos trovões monumentais que quase ecoam sem final, às paredes metálicas de cordilheiras de fumaça.
Nas tripas enoveladas das entranhas, assim, dos tenebrosos monstros entontecidos ao zumbir do enxame feroz de insetos arcaicos atiçados de propósito pelas presas nas teias do pensamento, a dúvida de dentro seriam as dúvidas de fora, valor exclusivo das espécies individuais. Embaixo e no alto. Fora e dentro. Túnica sem costura. Essência de coisa em si e sujeito próprio de todos criador. Pomo particular e pronto.
Por: Emerson Monteiro
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