A CRIAÇÃO DO HOMEM - Por: Pancrácio Esmeraldo

No primeiro dia o homem queria saber a sua origem. Quem era ele? De onde veio?
Seria parente daquele macaco tão feio, mas que andava em pé como ele?
Não encontrou uma explicação.
No segundo, foi despertado pelo sonoro cantar dos pássaros. Quem lhes teria
Ensinado a cantar? Viu o quanto era bela a natureza: os rios, os mares,
as florestas e as flores. As flores...como são belas as flores.....
Como se não bastasse tanta beleza ainda são perfumadas. Com tanta perfeição, quem as criou?
No terceiro, viu a beleza do por do sol, refletindo a sua luz vermelha como fogo, deitando-se sobre o mar. O sol foi embora e trouxe a noite. Um céu lindo, cheio de estrelas cintilantes e uma lua cheia, de luz prateada que se espalhava sobre a terra. Como era belo o firmamento! Quem o teria criado?
No quarto dia, percebeu que a natureza tão bela, por vezes se mostrava tão
assustadora com suas tempestades, terremotos, maremotos e vulcões a
verterem chamas sobre a terra.Ficou com medo.
Sentiu o frio intenso que lhe fazia tremer todo o corpo e o calor causticante que lhe derretia em suor. Sofreu.
No quinto, viu que os seus pares se matavam por motivos torpes. Viu a
guerra, a fome e a miséria. Viu as pestes e as epidemias. Ficou com mais medo ainda.
No sexto, percebeu o quanto era fugaz a sua passagem nessa terra. Uma terra
com tantos milhões de anos e a sua vida se resumia a tão poucos. Sentiu-se
injustiçado. Era duro admitir que tudo se acabaria com a morte. Se ao menos
tivesse outra vida em algum ponto daquele céu maravilhoso que contemplara?
Estava carente, com medo, inseguro e impotente.
No sétimo dia, o homem não agüentou mais: criou deus.

Por: Pancrácio Esmeraldo