Wednesday, February 24, 2010

MUSCULAÇÃO SEM CONFUSÃO Por: Pancrácio Esmeraldo


O termo musculação está muito desgastado, pois frequentemente é confundido com fisiculturismo. Muitos praticantes deste, movidos por intenso narcisismo visam tão somente à beleza corporal, não importando os meios para atingir o fim. Muito frequentemente fazem uso de esteróides anabolizantes sob o risco de graves efeitos colaterais. Costumo dizer que são indivíduos com grande massa muscular da cintura pra cima, pouca massa muscular da cintura pra baixo e pouca massa cinzenta do pescoço pra cima. É a própria “geração sibite”, um pássaro de peito grande para pernas extremamente finas. Que não ousem perguntarem as mulheres se gostam desse tipo físico. Por conta do desprestigio gerado pela confusão, o termo deve ser definitivamente banido.

Os especialistas, os livros, as revistas, nos congressos, o termo vigente é EXERCÍCIOS RESISTIDOS. Desde os anos trezentos antes do filósofo Cristo, outro filósofo e cientista, Aristóteles, dizia que “nas ciências da ginástica deve-se encontrar o exercício mais adequado para a biologia de cada indivíduo.”

Entretanto, hoje se sabe que alguns tipos de exercícios se destacam por inúmeros aspectos vantajosos, enquanto outros, não têm nenhum compromisso com a saúde, que os digam a maratona, o iron man e outros do tipo. Dentre os exercícios mais recomendados está a musculação. Entende-se por musculação a prática de exercícios contra uma resistência imposta pelos pesos nos aparelhos. Não diga para uma mãe que recomenda musculação para o seu filho menor, pois certamente, ela não fará bom juízo de você. Se disser que ele vai fazer exercícios resistidos, com critérios e objetivos definidos, ela lhe achará o máximo.

Poderia uma criança fazer esse tipo de exercício?

Os exercícios de explosão, os de grande intensidade e curta duração, bem como os de força dinâmica, como os resistidos, buscam a energia para as suas execuções, principalmente no metabolismo que não requer oxigênio: o metabolismo anaeróbio. Ocorre que as crianças têm um baixo potencial anaeróbio, porque simplesmente ainda não desenvolveram sua massa muscular e consequentemente a força. O surgimento desta depende basicamente dos hormônios sexuais, androgênios e estrogênios. A “explosão” hormonal ocorre na pré e adolescência. Portanto, não se pode “tirar água de pedra”, exigir força de quem ainda não tem condições de desenvolve-la. Tratando-se do organismo humano, não é possível estabelecer uma data exata para que isso aconteça, mas na maioria, na faixa de 14 a 16 anos.

Fala-se também, num prejuízo do crescimento provocado pela pressão da carga sobre as lâminas epifisárias, responsáveis pelo crescimento, mas isso carece de comprovação científica. Entretanto, vale à pena salientar, que com cargas leves, respeitando a fisiologia da criança, não há nenhuma contraindicação para a prática desses exercícios.

O exercício é bom para qualquer faixa etária e até mesmo para o idoso, que tem a oportunidade de manter a força e consequentemente a sua qualidade de vida. Muitos trabalhos sérios mostram, inclusive, sua alta eficiência como causador de emagrecimento. Séries com muito peso (cerca de 85% de uma repetição máxima), poucas repetições, (8 a 10) e intervaladas, (cerca de 3 minutos), tem se mostrado mais eficiente que exercícios prolongados na perda de massa gorda. Isso ocorre por que há grande queima de gordura nesses pequenos intervalos e em algumas horas do pósexercício. Para o hipertenso, tem uma vantagem a mais: permite que a pressão arterial que se eleva nos exercícios, sofra quedas nesses pequenos intervalos, alem do efeito hipotensor agudo.

Para os obesos e os de sobrepeso, são excelentes, já que os livram de conduzirem seus próprios pesos e das lesões ortopédicas provocadas principalmente pelas lesões provocadas pelas sobrecargas articulares. Para os idosos, são fabulosos: reduzem consideravelmente a perda de massa muscular, mantendo a força, sua independência, autoestima e qualidade de vida. Induzem, também, a uma adesão muito maior ao exercício, pelo maior conforto nas suas execuções e por livrarem os praticantes da monotonia dos aeróbios prolongados.

Não se pode esquecer também de salientar que esses exercícios são largamente utilizados na reabilitação cardíaca e em muitas cardiopatias, inclusive na insuficiência cardíaca. Finalmente, não obstante a todas essas vantagens dos exercícios resistidos, não se esqueçam de que uma boa orientação é fundamental, as academias estão repletas de pseudoprofessores.

Por: Pancrácio Esmeraldo
Originalmente postada em 24/02/2010


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