Como cratense, que, pelo menos duas vezes por ano visita sua cidade natal, tenho acessado como faço praticamente todos os dias, as notícias e os comentários postados no BlogdoCrato. Reputo este espaço como uma iniciativa fantástica, por proporcionar a quem está distante de sua terra, saber o que está acontecendo de bom no seu torrão. Se ele está progredindo, se está se projetando neste ou naquele aspecto específico da atividade humana.
No final de maio, passei um fim de semana com meus familiares e ouvi algumas queixas. Principalmente voltadas para o desemprego que atormenta muitos jovens. Inclusive os egressos da nossa Universidade Regional do Cariri. Uma ponderável parcela se queixa que, termina um curso de graduação e é forçada a disputar espaço no mercado de trabalho fora do Crato. Fortaleza é a opção de muita gente. Outros vão atrás de oportunidades fora do Ceará.
Com mais de 100 mil habitantes, o Crato, em que pese a vizinha Juazeiro ter o dobro dessa população, precisa urgente e imperiosamente, pensar, (e agir) na geração de emprego e renda. O que os nossos vizinhos juazeirenses estão dando é um inequívoco exemplo de capacidade. Atrair empreendimentos e oferecer empregos. O próprio Crato, conforme pude testemunhar, é um grande mercado consumidor deles.
Mas a fórmula não se resume à atração pura e simples, mediante a cessão de terreno e isenção tributária, para que esse ou aquele grupo empresarial se instale no Crato. São importantes, capacitação e qualificação profissionais. Muitos jovens que anseiam por uma colocação nem sempre estão preparados para sua inserção num mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo.
Quanto à polêmica em torno da mudança de local do tradicional Parque de Exposições do Crato, já ouvia falar desse assunto muito antes de me transferir para Campina Grande, onde me graduei, ingressei no Serviço Público e exerço atividade jornalística, iniciada, por sinal, aí na terrinha. O que deve ser levado em consideração, no meu modesto entendimento, é: “onde será construído um novo Parque?”. Será que a zona urbana do Crato não conta com espaço adequado a um empreendimento desse porte, sem a necessidade de levá-lo para o “palmeiral? Afinal trata-se de uma área a ser preservada.
Ali encontramos raro exemplar dos babaçuais que por dezenas de anos enfeitaram nosso pé de serra, proporcionando ganho às catadoras e quebradeiras, tempero para o feijão de muitos pobres; e matéria-prima para nosso incipiente parque industrial da segunda metade dos anos 1950 para 1960. Lembremos da Indústria de Óleo de Coco Babaçu, da família Borges; e da Colusa (Correia Luna S/A). A primeira nas proximidades do antigo DAER (hoje DERT); e a segunda no chamado Distrito Industrial do Muriti. Ambas extraíam óleo da amêndoa do babaçu, produziam sabão e vendiam a torta resultante da extração como ração para o rebanho bovino.
Em Campina Grande, para citar um exemplo, o Parque do Povo foi construído em pleno centro da cidade, para abrigar o que hoje se chama de “O Maior São João do Mundo”. Tudo muito cômodo por ser no centro. Mas ocorre que nem todo mundo pode ir caminhando até lá. A maioria se desloca de ônibus. E como toda grande festa, a do São João campinense, já exige espaço maior, compatível com o tamanho da cidade e do próprio evento festivo.
O Parque de Exposições de Animais de Campina, pertencente à Secretaria Estadual de Agricultura, fica localizado numa área às margens da BR 104-Sul, na saída para Caruaru, distante alguns quilômetros do perímetro central da “Rainha da Borborema”. E nem por isso a exposição deixa de ser visitada por populares. Durante os dias da mostra linhas de ônibus específicas fazem o transporte de quem está a fim de conhecer o evento.
No caso específico do Parque de Exposições do Crato, é importante saber se a nova área escolhida para localizá-lo é de fato adequada, do ponto de vista da infraestrutura. Do resto a engenharia civil se encarrega. Mas é imperioso também que todo mundo saiba se a mudança vai atender aos anseios da população como um todo, ou se apenas contemplará financeiramente uma ou duas pessoas.
Campina Grande, 19 de julho de 2011
* Francisco José Ferreira é natural do Crato-CE.
Diretor da Associação Campinense de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Paraíba.
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