Thursday, December 31, 2009

Astronautas usam “comida instantânea” para celebrar fim de ano no espaço

A época de fim de ano é um martírio para quem tenta manter a dieta, com carnes e doces deliciosamente preparados durante horas – ou dias – para serem levados à mesa. Na ISS (Estação Espacial Internacional), um laboratório que orbita a cerca de 400 km da Terra, os astronautas se viram para ter um gostinho de Natal ou Réveillon. No momento há cinco astronautas no complexo. O R7 conversou com Vickie Kloeris, cientista da Nasa (agência espacial dos EUA) que é responsável pela comida que é fornecida na estação. Ela conta que o processo de preparo dos alimentos no espaço é similar ao de macarrão instantâneo.

– Não tem como cozinhar, porque os fornos da estação não esquentam o suficiente para isso. O que eles fazem basicamente é colocar água e esquentar coisas.

Manter comida no espaço não é algo fácil, já que não há um mercadinho 24 horas nas redondezas – os alimentos, que são pré-preparados na Terra, são levados por naves de carga ou pelos ônibus espaciais que fazem missões na estação espacial de tempos em temos. Por isso, os ingredientes precisam durar pelo menos nove meses, mas alguns têm data de validade de até três anos. O cardápio não é tão restrito assim: são cerca de 250 itens disponíveis, entre alimentos e bebidas.

Comida-ano-novo-espaço

A astronauta Sandy Magnus, que esteve na ISS durante a temporada de festas de 2008, prepara refeições. A comida sofre processos especiais de preparação. O peru e outras carnes que eles têm à disposição agora para as festas de fim de ano são cozidas, colocadas em uma embalagem e passam por um procedimento radiativo, para evitar a ação de bactérias e outros germes. Já alimentos como a batata doce (que também está na "dispensa") são esterilizados por meio de calor. E outros ingredientes, como sopas e ovos, são desidratados mesmo e ficam prontos para comer depois da adição de água no espaço. No caso de algumas frutas, apenas uma parte da água é retirada antes que elas sejam enviadas para a estação.

Também há produtos, como biscoitos, que são consumidos exatamente como na Terra. Vickie diz que a comida é “gostosa, mas não parece fresca como a que é preparada na hora” – um dos pratos prediletos dos profissionais é feito com um camarão que é reconstituído e recebe um pó à base de tomate. Para temperar, há ingredientes como sal e pimenta, só que em estado líquido (não dá para salpicar esses condimentos no espaço, já que eles simplesmente flutuariam por causa da baixa gravidade). Vickie conta que o que faz mais falta são os alimentos frescos, como saladas e frutas, que só ficam disponíveis assim que os cargueiros chegam à estação.

– A maioria dos astronautas, quando volta, diz que sentiu falta de falta de salada, sorvete e pizza.

Para beber, o processo não é tão estranho assim para quem morre na Terra: “pozinhos” se transformam em suco, chá ou café. A “pena” é que uma das inovações para alimentação na ISS, uma máquina que recicla a urina a bordo da estação e a transforma em água potável, própria para consumo, não está funcionando direito e não pôde ser usada neste fim de ano. A máquina, que custou US$ 250 milhões (R$ 440 milhões), tem o objetivo de melhorar o fornecimento de água no complexo, permitindo que ele abrigue mais gente. A cientista conta que, em dias festivos como o Natal e o Ano-Novo, em geral os astronautas estão de folga e podem comemorar como “pessoas normais”, inclusive sentados à mesa.

Felipe Maia, do R7

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