Talvez seja esta uma das maiores secas que já aconteceram no Brasil, precisamente aqui no Nordeste, aqui entre nós. Muitas regiões já parecem verdadeiros desertos, o clima é de grande desolação, as lavouras nada produziram, as aguadas há muito secaram, a pastagem quase nem cresceu, são inúmeras as cabeças de gado que foram removidas para lugares distantes, são inúmeras as que morreram, como são inúmeras as que estão prestes a morrer, pela absoluta falta de alimento e pouquíssima água.
Com tão grande seca, como secam as aguadas, secam as árvores, morre a lavoura, morre a pastagem, morre a criação, morre, com tudo isto, o ânimo, a esperança, a alegria do pequeno proprietário, desamparado, entregue ao “deus dará” que fica à beira da morte ou da loucura, vendo tudo o que construiu, com muito esforço, muito trabalho, muita dedicação, tudo o que, de fato, lhe deu muito prazer, alegria, lhe deu vaidade e condições para criar e educar a própria família, mas, de repente, está vendo tudo se esvair, sem alternativa de salvamento. Dói e entristece a todos, tudo o que está acontecendo e, com certeza, com razão, todos os atingidos, sentem no peito, já quase sem lugar para abrigar outros quaisquer sentimentos, alem da resignação, um sentimento diferente, o sentimento da mágoa, por não receber, de ninguém, qualquer alento, nem da igreja a que pertence, nem da sociedade da qual faz parte, nem das autoridades, nem do próprio governo, a quem cabe obrigações e responsabilidades de ajudá-los.
O governo, por já distribuir bolsas e mais bolsas aos que ele chama de emergentes, não está, nem de longe, preocupado com eles por causa da seca, mesmo sabendo que em secas anteriores, era exatamente essa classe que promovia os saques às feiras das muitas cidades, sertão afora, mas que, agora, quer chova quer faça sol, todos estão, “na deles”, na mesma rotina, sem trabalhar, mas tendo renda, provinda das tais bolsas e, por isso, vão vivendo e vendo a seca passar, sem preocupação. Mas, e os coitados dos proprietários? Ninguém pensa em ajudá-los ou, se pensa, a ajuda virá muito tardia! Vejam por exemplo que, o nosso governador, só agora, final de novembro, quando, se Deus quiser, a seca está para terminar, veio, com mais seriedade, decretar situação de emergência e “aguardará ajuda da união para prestar algum auxílio”.
Toda seca começa, tão logo as lavouras se perdem por falta de chuva, as aguadas não pegam água e a pastagem não vinga. Quando isto tudo acontece, geralmente de meados ao final de abril, o governo já deveria tomar providencias, o que nunca faz, como não faz, também, o que tanto já prometeu, trazer água do Rio São Francisco o que, seria providencial para uns e muitos não. Na verdade, o que ele faz mesmo, é nos deixar a “ver navios”, navegando nas águas da ilusão e das promessas vãs.
Estivéssemos em tempo de eleições, aqui estariam, com certeza, muitos políticos que, nos prometeriam soluções as mais espetaculares, que nos encheriam a cabeça de estórias as mais fantasiosas, de canais que trariam a nossa redenção, cujo assunto poderá ser tema para outro escrito, pois, neste e no seu final eu gostaria de solicitar, em nome de tantos que estão sofrendo as agruras da tão grande seca, mais empenho por parte de quem, de fato, compete se empenhar.
Por: Helder Macário 28/11/2012
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