Quem já teve acesso à revista Veja desta semana deve ter lido a matéria "A Farra da Antropologia Oportunista". Pois bem, na referida matéria Veja critica duramente as demarcações de terras indígenas e quilombolas, valendo-se de argumentos puramente econômicos e usando nomes de antropólogos famosos para justificar sua posição ideológica. Nesse sentido, recebi de uma amiga um pequeno texto do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, citado na matéria em questão. Vejam o que ele diz:
"Ao Editores da revista Veja:
Na matéria "A farra da antropologia oportunista" (Veja ano 43 nº 18, de 05/05/2010), seus autores colocam em minha boca a seguinte afirmação: "Não basta dizer que é índio para se transformar em um deles. Só é índio quem nasce, cresce e vive num ambiente cultural original" . Gostaria de saber quando e a quem eu disse isso, uma vez que (1) nunca tive qualquer espécie de contato com os responsáveis pela matéria; (2) não pronunciei em qualquer ocasião, ou publiquei em qualquer veículo, reflexão tão grotesca, no conteúdo como na forma. Na verdade, a frase a mim mentirosamente atribuída contradiz o espírito de todas declarações que já tive ocasião de fazer sobre o tema. Assim sendo, cabe perguntar o que mais existiria de "montado" ou de simplesmente inventado na matéria. A qual, se me permitem a opinião, achei repugnante. Grato pela atenção,
Eduardo Viveiros de Castro
Antropólogo - UFRJ"Neste momento, me lembro do que disse o grande Raul Seixas: "Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz". Quando teremos uma imprensa verdadeira nesse país? Pode ser que existam aproveitadores. No entanto, generalizar e dizer que as demarcações de terra impedirão o desenvolvimento do Brasil é simplesmente "conversa pra boi dormir". É brincadeira o que se escreve nas revistas e jornais do Brasil, quer sejam de direita, de esquerda, de centro, de lado, de banda....
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