Tuesday, April 26, 2011

ÚLTIMAS NOTÍCIAS - Chile chora morte do poeta Gonzalo Rojas


GonzalorojasSantiago (Chile), 25 abr (EFE).- O Chile chora a morte do poeta Gonzalo Rojas, morto nesta segunda-feira aos 93 anos após permanecer por mais de dois meses em um delicado estado de saúde devido a um acidente vascular cerebral (AVC). O poeta morreu às 6h15 do horário local (mesmo de Brasília) em uma clínica de Santiago ao lado de sua família, do médico e das enfermeiras que haviam cuidado de seu caso desde 12 de março, quando foi transferido de Chillán, a cerca de 400 quilômetros ao sul da capital, para ficar mais perto de seus parentes. Alguns dias antes, em 22 de fevereiro, a saúde do escritor, agraciado com o Prêmio Cervantes de Literatura 2003, o Prêmio Nacional de Literatura 1992 e o Prêmio Reina Sofía de Poesia Ibero-Americana 1992, havia sido afetada por um derrame.

Seu filho Gonzalo Rojas-May destacou que o pai teve uma vida muito intensa e lembrou que mesmo depois da pneumonia que sofreu no ano passado, manteve-se muito ativo e tinha vários projetos. “Foi realmente um privilégio ter tido a possibilidade de aprender a ver e a ler o mundo com ele”, afirmou Rojas-May à “Rádio Cooperativa”. Nascido em 20 de dezembro de 1917 na cidade de Lebu, de uma família de mineradores, Gonzalo Rojas é considerado no mundo literário como grande contribuidor do chamado “boom” latino-americano, graças aos seminários e encontros que organizava nos anos 1950 e 1960. “Filho literário” de Pablo Neruda, Vicente Huidobro e Gabriela Mistral, Rojas era apontado como “um poeta do assombro” e não tinha medo da morte porque achava que ia viver muito, segundo disse em entrevista concedida à Efe há alguns anos. Autor de poemas como “La Reniñez” e “La Miseria del Hombre”, sua consagração internacional ocorreu em 1977 com “Oscuro”, publicado na Venezuela durante seu período de exílio por conta da ditadura de Augusto Pinochet.

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, lamentou nesta segunda-feira a morte do homem que qualificou como “um grande poeta, um grande pai, um grande amigo e um grande chileno”. “Junto com grandes poetas como Pablo Neruda, Gabriela Mistral, Vicente Huidobro e Nicanor Parra, ele fez com que o Chile fosse conhecido como o país dos poetas”, disse Piñera aos jornalistas após um ato oficial em Villa Alemana, perto de Valparaíso. Já o ministro da Cultura, Luciano Cruz-Coke, destacou o legado literário de Gonzalo Rojas. “Foi um homem talentoso, uma grande pessoa. Seu carinho incondicional pela literatura se traduziu em um grande trabalho como acadêmico e seu compromisso com as novas gerações”, afirmou o ministro durante a inauguração da Feira do Livro de Santiago. As mensagens de condolências chegaram também do universo acadêmico, um mundo que conhecia bem e onde circulava com desenvoltura graças a sua experiência como professor em várias universidades.

O reitor da Universidade de Talca, Álvaro Rojas, se referiu ao poeta como uma pessoa “extremamente prolixa”, que “inspirava a todos com suas reflexões poéticas”. “Morreu um poeta maior, talvez o principal poeta da língua espanhola”, disse o reitor, amigo pessoal de Gonzalo Rojas, em comunicado. Já o presidente da Câmara Chilena do Livro, Eduardo Castillo, lamentou em declarações concedidas à Efe a perda de “um homem lúcido de uma generosidade extraordinária”. Mas as demonstrações de carinho ao autor de obras como “Qué se Ama Cuando se Ama” e “Contra La Muerte” cruzaram as fronteiras do Chile. “Acho que é um grandíssimo poeta, alguém muito original que tinha o melhor ouvido da poesia espanhola”, afirmou à Efe o poeta mexicano José Emilio Pacheco. O governo chileno decretou luto oficial na terça e quarta-feira. O corpo do poeta será velado a partir desta segunda-feira no Museu Nacional de Belas Artes, a poucas quadras do Palacio de La Moneda. Na quarta-feira será realizada uma cerimônia no museu e posteriormente seu corpo será levado a Chillán, sua “cidade adotiva”, onde será sepultado. EFE gs/mm

EFE

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