Lançamento previsto para sexta-feira inicia nova fase na exploração do planeta vermelho; módulo poderá avaliar condições para a vida. A Nasa pretende começar nesta semana uma nova fase nas missões para Marte. Na década passada, o principal objetivo era identificar água. Agora, os cientistas querem descobrir ambientes favoráveis à vida ou que poderiam ter sido habitados no passado. O lançamento do Laboratório Científico de Marte (MSL, na sigla em inglês) – nave responsável pela missão – está previsto para sexta-feira.
Ele deverá chegar a Marte em agosto do próximo ano, quando deixará o jipe-robô Curiosity sobre o solo marciano (mais informações nesta página). A nave pousará em uma região plana dentro da cratera Gale. Logo depois, o Curiosity iniciará sua jornada até uma região montanhosa nas redondezas. O professor de ciências planetárias e atmosféricas da Universidade de Michigan, o brasileiro Nilton Rennó, explica que o local foi escolhido por reunir duas características que despertam o interesse dos cientistas. Em primeiro lugar, a presença de montanhas que sofreram processos de erosão causados, provavelmente, por água líquida. Além disso, há depósitos de sal na região, também um resultado de possíveis cursos d’água.
“Talvez, embaixo de finas camadas salinas, possam existir condições favoráveis para vida microbiana”, sugere Rennó, que já trabalhou na missão Phoenix – sonda enviada a Marte em 2007. Ele recorda as bactérias descobertas na água sob depósitos de sal do deserto de Atacama, no Chile, uma das regiões mais inóspitas da Terra.
Em 2008, Rennó foi o primeiro cientista a cogitar que pequenas esferas fotografadas na superfície da sonda Phoenix seriam, na realidade, gotículas de água líquida salgada. No MSL, ele participou da especificação do Rover Environmental Monitoring System (Rems), uma espécie de estação meteorológica acoplada ao Curiosity que investigará o clima e as condições atmosféricas.
Quando o veículo estiver em Marte, Rennó participará de reuniões diárias, via internet, com cientistas e engenheiros da Nasa. Terá de se adaptar ao dia ligeiramente mais longo – de 24 horas e 39 minutos – do planeta vermelho, o que obrigará um atraso cotidiano de quase 40 minutos com relação aos horários cumpridos pela equipe no dia anterior. Se tudo der certo, a rotina vai durar pelo menos dois anos, vida útil mínima para o dispositivo nuclear que fornecerá energia ao veículo-robô. “Mas esperamos que dure até dez anos”, aponta Rennó.
Fonte: Alexandre Gonçalves - O Estado de S. Paulo
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